A Revista uma Década à Frente #02

Continuando com a nossa série de posts sobre uma das melhores revistas que a Editora Abril já teve (clica aqui pra ver o primeiro), vamos agora falar da segunda edição.

Esse número é para os fortes, com duas histórias da Mulher-Maravilha. Depois do fechamento de pontas que foi a história da primeira edição, aqui, efetivamente, temos o começo da nova fase da Maravilhosa. Com argumento (com uma ajudinha do Len Wein) e desenhos de George Pérez, segue uma das melhores fases da heroína máxima da DC Comics (se você achava que era a Arlequina, precisa ler mais, novatinho. Inclusive fizemos um podcast sobre a Diana AQUI).

A história começa com a Diana tendo um sonho caliente com um certo kryptoniano e sem saber o que significam aqueles sentimentos, afinal, ela foi criada numa ilha só com mulheres, e o primeiro homem que ela viu tinha sido o Coronel Steve Trevor, que nessa nova cronologia pós-Crise nas Infinitas Terras é filho da piloto da Força Aérea Americana da Segunda Guerra Mundial e numa missão acabou caindo com seu avião na Ilha Paraíso. Aqui, Diana o considera como um pai e ele é casado com Etta Candy, que vinha a se tornar uma grande amiga dela.

Está sendo organizada uma Feira da Mulher-Maravilha, e apesar de não gostar da ostentação, a princesa permite o uso da imagem dela (e ela também irá participar) pois a renda será toda revertida para um projeto que ajuda crianças em Boston, que agora era a cidade-base da Maravilhosa. No decorrer da história, somos apresentados à origem de uma clássica vilã da Amazona, a Cisne de Prata, que tem um poder bem “original” nos quadrinhos: ela voa e emite gritos hipersônicos.

Ela é introduzida como sendo uma pessoa boa, mas que sofre de uma mutação genética devido a seus pais terem sido expostos a radiação. Ela se inscreveu num experimento chamado Cisne de Prata que desenvolveu seus poderes. Ela está sob controle de uma organização chamada Armbruster Internacional, cujo dono, Henry Cobb Armbruster, era o namorado de Valerie Beaudry, o alter-ego da Cisne. Aparentemente, ela tem uma grande inveja da Amazona e faz tudo que seu namorado ordena.

Obviamente, a tal Feira vira palco de um quebra-pau homérico entre a Mulher-Maravilha e a Cisne, que deixa muitas pessoas feridas. Apesar de conseguir acabar com a ameaça pelo menos temporariamente, todos questionam a Diana. Eles acham que ela usou as crianças pra se auto-promover e com isso acabou deixando todos em perigo. Claro que não foi essa a sua intenção, pois aqui ela ainda é tratada como uma pessoa extremamente bondosa e ingênua, que não sabe o que fazer com os sentimentos que parece estar nutrindo pelo Super-Homem. Para você ver o clima das histórias, é mostrado que o “namoradinho” da Vanessa, filha da Julia Kapatelis está gamado na princesa e ela fica morrendo de ciúmes, que só acaba quando percebe que a Diana está se apaixonando pelo azulão.

As histórias dessa história compreendem as edições 15 e 16 da revista Wonder Woman e são bem melhores do que a história da edição passada, talvez porque não necessite de uma compreensão do que havia acontecido anteriormente. Mas apesar de ser uma das melhores fases da Mulher-Maravilha, ainda assim não é uma leitura fácil, apesar dos desenhos ainda deslumbrantes de George Pérez.

Seguindo a revista, temos a segunda história do Xeque-Mate, que segue a trama iniciada na edição anterior, com o Partido Americano da Supremacia Branca. Mais uma vez, eles estão tentando atacar Chicago com bombas. Um dos Cavalos chega a tempo e após uma breve briga, consegue prender os terroristas e, com a ajuda dos Peões, desarma a bomba, porém não consegue impedir a explosão de outras duas bombas armadas pela cidade.

Os líderes do Partido não entendem porque a última bomba não explodiu ou porque não foi noticiada e logo em seguida sabemos qual é o verdadeiro objetivo do grupo: se separar dos Estados Unidos e fundar a União dos Estados Brancos, onde não serão permitidos que a “raça superior viva livre da mistura com raças inferiores”. Logo depois dessa revelação, eles fazem uma saudação nazista e a história segue. Vemos também que a Espinho continua com o legado do Vigilante, protegendo as ruas de Nova York dos marginais que exploram os fracos e oprimidos.

No final, através de uma dica que o Cavalo conseguiu, o Xeque-Mate consegue rastrear um grande carregamento de C4 que estava chegando na cidade. Apesar de ter sido instruído a apenas observar, ele vacila e é visto pelos vilões e então começa o confronto. O furgão com o carregamento consegue fugir na confusão e o Cavalo não consegue ir atrás. No caminho, o furgão é visto por um dos Peões, que avisa o comando. Logo depois, assim que aparece a chance, o Cavalo consegue escapar, mas a sua moto é atingida e vai parar com ele embaixo de um caminhão-tanque que explode. Será se nosso bravo herói morreu? Fica a resposta pra próxima edição.

Num geral, a história do Xeque-Mate, que havia sido publicada originalmente em Checkmate #02 segue num nível bastante alto. Apesar do roteirista Paul Kupperberg explorar apenas superficialmente até agora a questão do racismo nos EUA e o fato do Cavalo designado ser negro, a história tem muito potencial, bem como o título em si.

A revista ainda tem um pequeno texto com o currículo dos principais editores da DC Comics na época, só gênios como Karen Berger (somente CRIOU o selo Vertigo), Mike Carlin (o homem que matou o Super-Homem), Mike Gold (basta você saber que ele editou Lendas), Andy Helfer (o responsável por trazer Keith Giffen e J. M. DeMatteis pra fazerem a Liguinha) e o lendário Denny O’Neil (que você conhece, né).

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E além disso, a chamada pro título que deixou essa revista na história como uma das melhores publicações da Editora Abril de todos os tempos: HOMEM-ANIMAL de Grant Morrison. Até lá!

 


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