Fabulosos X-Men: O Bom, o Mau e o Inumano

3.8

NOTA DO AUTOR

É curioso ler um encadernado com histórias de tamanha qualidade, quando, já há uns bons anos, a acusação mais leve que se faz à Marvel é a de sabotar os X-Men, por causa da já famosa treta entre a Marvel Studios a Fox (detentora dos direitos dos mutantes para o cinema). Talvez seja o caso de a gente parar de acreditar tanto no que dizem os tais “oráculos de cultura pop” e, para variar, simplesmente ler as revistas e tirar nossas próprias conclusões.

Por mais que Brian Michael Bendis tenha sua cota de histórias meia-boca e polêmicas vazias, ele acerta gloriosamente a mão com a equipe “Black Ops”, liderada por Ciclope. Como no primeiro volume, sua narrativa é segura e interessante em todas as frentes sobre as quais alterna seu foco.

Compilando as edições 14 a 18 da Uncanny X-Men original, Fabulosos X-Men: O Bom, o Mau e o Inumano começa no rastro da saga Infinito, dos Vingadores, quando uma bomba de névoa terrígena (aquela que desperta os poderes dos Inumanos) é detonada na atmosfera terrestre. Sob chuva torrencial, Scott Summers treina seus jovens protegidos, entre os quais está Benjamin Deeds, cujo poder de assumir a aparência da pessoa mais próxima parece inútil à equipe. Cabe a Emma Frost convencer a Deeds que há muito mais a aprender do que ele sequer suspeita.

Na segunda história, um inequívoco aceno a uma das histórias preferidas de quem acompanhava as HQs dos X-Men nos anos 90: a clássica “Noite das Mulheres” é recriada pelas meninas do grupo, entre as quais a jovem Jean Grey e Kitty Pryde (os Novíssimos X-Men se juntaram ao time de Ciclope após A Batalha do Átomo). A noite de compras e diversão, porém, vira um momento de tensão, com o despertar de um novo e poderoso inumano.

A “noite das garotas”. No detalhe, a original, de 1989.

Em seguida, vemos Magneto sendo instigado por Cristal (agora, contato mutante da S.H.I.E.L.D.) a visitar Madripoor e ver que o ex-pardieiro asiático está, aos poucos, transformando-se em uma nova Mecca mutante (como um dia já foi Genosha). Falar de quem ele encontra e do que ele faz em seguida seria dar spoiler, mas, se posso dizer algo, é que os dias de poder oscilando chegaram ao fim para Magneto.

Em mais uma sessão de treinamento, os novatos (Tempus, Bolas Douradas, Fabio Medina, Benjamin Deeds, Triagem, Ligação Direta e as Irmãs Cuco) são enviados a terreno desconhecido. Uma pequena “trapaça” de um deles acaba mal, e Ciclope mostra que não está para brincadeiras, nem tem medo de tomar decisões difíceis.

Por fim, na quinta história, Scott tem um “momento da verdade” com Kitty, que ainda não digeriu bem a morte de Charles Xavier pelas suas mãos (no final da saga Vingadores vs X-Men). Além disso, ele precisa lidar com o posterior sumiço de Kitty e dos jovens X-Men originais. Na última página, é possível cravar que os poderes de Scott, também, voltaram ao normal.

Três dos cinco capítulos foram desenhados, com a habitual eficiência, pelo artista titular da série, Chris Bachalo. Os dois outros, por Kris Anka (com visível, porém, contida influência de mangá) e Marco Rudy (que parece um Matthew Clark com delírios de emular a diagramação psicodélica de J. H. Williams III, com resultados mais incômodos do que impressionantes).

Reconhecer os méritos de todo o trabalho de desconstrução e reconstrução da personalidade de Scott Summers, após o crime cometido sob influência da Força Fênix, torna ainda mais difícil entender as estapafúrdias razões que a Marvel possa ter, para ficar nessa de querer empurrar os Inumanos pela nossa goela. Existem razões de sobra para os X-Men serem ícones virtualmente universais e os Inumanos, eternos coadjuvantes. A jornada de Scott Summers (ao longo de já quase duas décadas, desde E de Extinção, de Grant Morrison, em 2001) é apenas uma delas. Se você sabe o que vem por aí em Inumanos vs X-Men, já sabe do que estou falando. Se ainda não, aguarde, leia e volte, depois, pra espumar de raiva.

 

  

Roteiro: Brian Michael Bendis

Arte: Chris Bachalo, Kris Anka e Marco Rudy

Editor: Nick Lowe

Capa: Alexander Lozano

Publicação original: Uncanny X-Men #14-18 (janeiro a maio de 2014)

No Brasil: junho de 2017

Nota dos editores:  3.8


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