A Revista uma Década à Frente #03

Agora a porra ficou séria, afinal, é nessa edição que o título que fez DC 2000 ser tão querida pelos fãs dessa indústria vital estreou. Sim, estou falando de Homem-Animal, o gibi que tornou o escocês maluco e fuçador de lixos em Northampton Grant Morrison conhecido por todos.

E a primeira história da edição é justamente o #01 de Animal Man, que havia sido publicada originalmente em setembro de 1988. O gibi é desenhado pelo competente Chas Troug e arte-finalizado por Doug Hazlewood. A fodacidade da revista começa pelas capas magistralmente ilustradas por Brian Bolland, o mestre por trás da arte de A Piada Mortal e Camelot 3000.

Pra quem não conhece, o Homem-Animal (alter ego de Buddy Baker) é um personagem de quinta categoria na DC Comics, mas que até tem poderes interessantes. Ele pode assumir a habilidade de qualquer animal em contato com ele. Ou seja, pode voar como um pássaro, ser tão forte quanto um gorila ou rápido como um leopardo. Ele adquire os poderes ao ser pego por uma estranha radiação de uma explosão de uma nave alienígena. Ou pelo menos era isso que ele pensava.

A história começa com o Buddy pensando em retomar a carreira de super-herói em tempo integral. Ele vê que a nova Liga da Justiça está fazendo sucesso e ele pensa que também pode conseguir. Essa é a época da Liga cômica e atrelada à ONU, portanto eles são famosos e é isso que o nosso herói quer. Ele é um dublê de filmes, mas não consegue nenhum contrato já a algum tempo. Pra isso, ele pede que sua esposa, Ellen, o ajude a treinar e a descobrir qual a extensão dos seus poderes. Além da sua esposa, somos apresentados aos filhos do casal, Cliff e Maxine. A família Baker é uma parte importantíssima dessa fase do herói.

Desde o início da história, vemos uma figura misteriosa se dirigindo à cidade. Depois que chega a San Diego, vemos que ele tem alguma perturbação na cabeça e não bate muito bem, acaba matando um trombadinha que vai tentar roubá-lo. Não sabemos quem é, mas sabemos que ele bebe uma espécie de poção que o deixa mais forte. Logo depois, ele também está indo pros Laboratórios DELTA. Depois do estrago que ele deixou lá que o Buddy foi chamado.

Já li essa sequência algumas vezes e é incrível como ela não envelhece. Acho que o fato de estar lendo algo que eu sei que revolucionou a indústria de quadrinhos deixa tudo mais emocionante. Percebemos que o roteiro é o que realmente importa aqui, pois os desenhos, apesar de competentes, estão longe de ser uma Brastemp. Aliás, isso é uma característica da época em outras séries pré-Vertigo.

Seguindo a revista, temos uma história da Mulher-Maravilha. Digo mais uma vez que essa é uma das mais celebradas fases da personagem e que apesar do formatinho, a arte do George Pérez é esplendorosa, mas está sendo um parto ler essas histórias em cada revista. Nessa edição, a Diana vai para a Grécia para encontrar sua amiga Julia Kapatelis. Ela já está com seu status oficial de embaixadora de Themyscira, com direito a passaporte oficial da ONU e tudo. Ela recebe uma cartinha da mãe contando como estão as coisas na terrinha, que está sentindo falta da filha e tal. Isso tudo num bilhetinho trazido por um passarinho.

Nisso, a história corta pro Olimpo, que parece devastado. Isso aconteceu em Superpowers #36. Aparentemente, Darkseid declarou guerra aos deuses gregos e atacou sua morada, que só escapou devido à ajuda de Diana e do Super-Homem (nessa história também conta como foi o affair dos dois super-heróis). Os olimpianos começam a discutir qual é a melhor forma de agir agora: Héracles acha que tem que contra-atacar Darkseid a qualquer custo, já Zeus e outros querem mudar o Olimpo de lugar, pois acham que lá eles estão muito vulneráveis. Isso é interpretado por Héracles como uma fuga, e todos sabem que ele nunca foge de uma peleja. Mas a palavra do papai dos deuses é final e a decisão já está tomada.

O Pérez acertou muito em envolver a Maravilhosa com mitologia grega. Isso trouxe uma profundidade pras histórias vista somente com seu criador, William Moulton Marston. Esse aspecto mitológico dá margem pra muita história a ser contada sobre Diana, mas nesse ponto o ritmo não tá muito legal e você tem que se obrigar a terminar a história.

Seguimos então com a última parte do arco inicial do Xeque-Mate. Logo no começo da história, sabemos que o Cavalo que achávamos que havia morrido na história anterior sobreviveu saindo pela tangente da explosão. Na sede da agência, eles começam a juntar as peças, mas ainda faltava muito. O Cavalo consegue rastrear alguns dos líderes do PASB e dá seu jeito de entrar no quarto e interrogá-los. Com isso, ele consegue descobrir qual é a verdadeira intensão do movimento e todo o Xeque-Mate é destacado para acabar com a ameaça o mais silenciosamente possível. Toda uma equipe de Cavalos é enviada para a sede do PASB para dar fim aos seus planos. Depois de um cirúrgico ataque, eles conseguem desbaratar aquela operação. Ficou restando apenas o líder o movimento, que ainda está em Chicago e ameaça derrubar a Torre Sears. Uma bela luta é travada e o Cavalo consegue matar o líder do partido.

Com esse final de arco, vemos que espionagem e intriga é o mote dessa série nova e tem um imenso potencial. Histórias de espiões não são a coisa mais difícil do mundo de se fazer. Tudo é um imenso clichê, mas quando bem feito pode render muita coisa boa. É uma pena que depois dessa série nunca mais conseguiram fazer algo decente com o Xeque-Mate. Tentaram fazer algo em Crise Infinita, com o Max Lord usando a agência e logo depois com a série própria do Greg Rucka, mas a coisa não vingou, apesar da excelente equipe criativa.

A edição também tem um texto falando sobre a “nova” Patrulha do Destino – e eu não entendi porque saiu aqui, porque até onde eu sei nunca saiu nada dessa fase no Brasil, que é imediatamente anterior à aclamada fase de Grant Morrison e escrita pelo mesmo autor de Xeque-Mate, Paul Kupperberg (vai ver foi por isso que esse texto saiu aqui). Na próxima edição, vamos ter mais histórias da Maravilhosa, do Homem-Animal e a origem da Flama Verde (a brasileiríssima FOGO). Até lá!


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