Diário do Editor #1

Princípio de janeiro, o meu eu cinéfilo sempre aflora, tão certo quanto o analista político de véspera de eleição ou o usurpador do cargo de técnico da Seleção durante a Copa do Mundo. A regra é clara, sai a lista de vencedores do Globo de Ouro, saio em busca dos nomes de último hora que estrearam na virada do ano, me antecipando ao Oscar. Claro, essas premiações correspondem a reflexos de ativismos, campanhas publicitárias impulsionadas por estúdios e, de vez em quando, traduzem méritos cênicos, narrativos e técnicos de uma produção; pouco importa se existe justiça nisso, o importante é a conversa de boteco que uma cerimônia de premiação pode engatilhar.

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A Forma da Água:

Se de dez indicados, eu tivesse visto nove e o faltante fosse o do Guillermo Del Toro, certeza que esse último seria o meu favorito. No caso dessa releitura do Monstro da Lagoa Negra ou, vá lá, do Abe Sapien do Mignolaverse, nem preciso jogar sujo: o filme é excelente! Mais que efeitos práticos desconcertantes e design de produção impecável – leia-se, assinaturas do diretor – essa fábula sessentista lida com solidões e, principalmente, a dificuldade de se expressar com o outro, seja pela protagonista muda [mas não surda], o vizinho idoso que não imagina como se declarar para o bonitão que trabalha na lanchonete, o militar intolerante, o agente KGB insatisfeito com ambos os lados ou a estranha criatura humanoide que habita o tanque de água salinizada.

Del Toro levou o Globo de Ouro como melhor diretor, e mais uma vez emocionou esse fã que vos  ̶f̶a̶l̶a̶  escreve, não apenas pela provocação cirúrgica: “Queria um filme que fosse político obliquamente, não frontalmente. E ver é o ato supremo de amor. Se eu vejo você, garanto a sua existência. A ideologia pretende negá-lo, transformá-lo em uma coisa: um judeu, um mexicano, um pária”; mas, sobretudo, com a vitória do Nerd [abaixo] no último domingo.

Estou pleiteando com a Gerência um 7 Jagunços Comenta sobre A Forma da Água. Aguardem!

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“Desde a infância, tenho sido fiel aos monstros, eles têm me salvado. Porque os monstros, creio eu, são os santos patronos de nossas imperfeições. Eles permitem e encarnam a possibilidade de falhar e viver”.

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Diário do Editor:

Quem será?!

Voltamos a gravar! Foi dureza, o papo rendeu 2hs30min e, provavelmente, renderia bem mais não fosse meu nítido desespero diante do adiantar da hora. Infelizmente, não posso revelar ainda qual foi o tema da discussão – o Dão, na melhor das hipóteses, editaria esse texto ou, na pior, incendiaria minha estante –, mas se eu mantiver a regularidade desse espaço, será um papo legal sobre bastidores do podcast e aqui e acolá trarei alguns extras após a publicação dos mesmos.

Certo mesmo é que já temos o episódio #31 editado; na verdade, foi nossa antepenúltima gravação de 2017, mas como o Melhores de 2017 ficou extenso demais¹, resolvemos colocá-lo na grade de 2018. Ainda assim, ele será o segundo e deve ir ao ar no dia 15 de fevereiro. Posso adiantar que foi nosso primeiro programa sobre Fumetti.

Já o episódio #30, esse aí de cima com o bruto de 2hs30min, sai antes, no dia 1º de fevereiro, e resgata uma das minisséries mais emblemáticas do Pós-Crise. É isso. Vou parando por aqui antes que o cheiro de fumaça ali no escritório fique mais forte.

¹ Rendeu dois programas, não custa lembrar: Parte 1 & 2.

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Últimas aquisições:

Hellblazer Demoníaco #6, Demônios Pessoais: impressiona a velocidade que a Panini vem lançando essa série de encadernados da série clássica do John Constantine, lembrando que a fase Delano está sendo republicada paralelamente. Pelas minhas contas, só resta mais um TPB do Paul Jenkins e, a seguir, teremos o run curtinho do Warren Ellis. Despeço-me do título quando finalizadas essas histórias do Velho Bastardo; não tem depois, meu interesse pelo personagem acaba por aí. Sala Imaculada #1, Concepção Imaculada: Ok, Gail Simone não me apetece, nunca me apeteceu e, provavelmente, não será depois dessa história que ela me apetecerá. Posto isso, comprei pela arte do Jon Davis-Hunt, de The Wild Storm, e a capista Jenny Frison. Mas sabe o que é engraçado em Sala Imaculada? Lembra um quadrinho do mesmo Warren Ellis de The Wild Storm, com diálogos ágeis, ciência de borda e uma pitada de bizarrices sexuais e/ou arcanas.  Homem-Animal #11, Praga Vermelha: ninguém esperava por essa! Homem-Animal sobreviveu a Grant Morrison e foi até o final (#79) – ou quase isso, já que a série ainda teria um último arco (até a #89) capitaneado por Jerry Prosser & Fred Harper, que não foi compilado lá fora. De todo modo, agora tenho oito encadernados do Buddy para ler… algum dia?!

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Até semana que vem!
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