Já tem uma boa introdução de The Wild Storm aqui, quando a jornada estava só começando. Essa matéria do Dãozinho explorou os aspectos visuais que Jon Davis-Hunt trouxe para a série. E ainda tivemos um bom papo sobre o Ano Um da série em nosso podcast.
Agora chegou a vez de reorganizar as cartas e mostrar quem é quem no universo recriado por Warren Ellis e Jon Davis-Hunt. A dupla pegou o colorido universo Wildstorm (um refrigerante de laranja?) e carregou nas conspirações globais, assassinos oficiais e extra-oficiais, grupos de ações táticas, super-humanos, alienígenas milenares e gadgets encantadores (se você é um nerd de raiz, consegue achar encanto e fofura nos gadgets). Ou seja: aquele refrigerante foi batizado com combustível de foguete e consegue levar você nas alturas.
Antes que você perca os sentidos com essas analogias etílicas, vamos ver quem são os personagens que apareceram no Ano Um de The Wild Storm (cuidado com pequenos spoilers, se você não leu as 12 primeiras edições). Dividi os personagens por suas filiações e detalho o passado (UWO é Universo Wildstorm Original) e série atual The Wild Storm (TWS).
- UWO – Universo Wildstorm Original
- TWS – The Wild Storm
:: O.I. – Operações Internacionais ::
Em The Wild Storm, A O.I. é uma agência secreta sem filiação governamental. Uma espécie de Shield do Universo The Wild Storm. No Acordo de Divisão (esse nome não existe, mas é uma boa definição da divisão de poderes que é apresentada na trama), a OI é responsável por tudo que ocorre na superfície do Planeta Terra.
O diretor atual da O.I. é Miles Craven, substituindo um desaparecido John Lynch (lembra do antigo tutor do GEN13 no UWO?). Se Lynch pode ser comparado a Nick Fury, Miles Craven é o Agente Coulson: low profile, boa-praça, tomando um café na calçada com seu namorado enquanto decide sobre a vida e a morte das pessoas.
Craven foi o foi responsável pelo desenvolvimento do projeto Gênesis que deu origem ao TEAM 7 no UWO. e virou um vilão de primeira grandeza. Isso ainda não aconteceu até agora em TWS. Ainda não.
Outros agentes/operativos da O.I.:
Michael Cray é um agente especial da OI, faz trabalhos sujos e planeja assassinatos em suas horas de folga. No UWO, Cray participou do projeto Gênesis mas suas habilidades ficaram dormentes até um tumor cerebral se desenvolver. Morreu em Fire From Heaven (Fogo no Céu, publicado aqui no Brasil).
Em TWS, Cray também tem um tumor cerebral que está concedendo poderes para ele. O assassino mudou de lado e foi recrutado pelo Skywatch. Cray é também o segundo título do universo que Warren Ellis está criando. Em sua série regular, Cray está eliminando as versões desse universo dos maiores heróis da DC. Sua primeira missão é eliminar Oliver Queen, um cruel milionário que se diverte com caçadas humanas. Os próximos alvos são Barry Allen e Arthur Curry.
Voltando a trama, quem salva o CEO da Halo do atentado perpetrado por Michael Cray é Angela Spica. Spica faz parte do grupo de Pesquisa & Desenvolvimento da O.I. e estuda uma nanotecnologia eletrogravitacional roubada do Skywatch.
Angela Spica é o nome da antiga Engenheira (Engineer) do Authority (UWO). Apesar de ainda não ser chamada assim, é o mesmo personagem. Spica foi a segunda Engenheira do UWO, substituindo o primeiro Engenheiro que lutou contra o Stormwatch, na passagem de Ellis pelo título.
Durante esse primeiro ano, Angela foge dos Operativos da O.I. enquanto vai aprimorando sua interface com a tecnologia roubada. No final, Angela torna-se uma aliada dos Cats selvagens de Jacob Marlowe.
Jackie King é a versão feminina do Battalion de UWO. Em TWS, ela é o operativa da OI responsável pelo pessoal de Informações. Nesse grupo encontramos Mitch Saunders. Saunders era o Canhão na Stormwatch (UWO). Aparentemente essa nova versão não possui superpoderes, apenas uma mente analítica poderosa que idolatra o personagem fictício Paul Kirk (o Manhunter da DC) e vai para casa usando o app Overshare. Ellis dá uma espetada ao nomear o Uber de The Wild Storm com a alcunha de Overshare (excesso de informação).
Jackie King e a equipe de Informações elaboram um intrincado plano para roubar informações da Skywatch, fazendo eles pensarem que é um ataque hacker da Coreia.
Ivana Baiul é a segunda em comando de Craven. Ela aprece muito pouco nesse Ano Um, mas parece ser responsável pela ações black ops dos Navalhas. No UWO, Baiul era uma operativa da O.I., responsável pelo desenvolvimento do DV8, um grupo de adolescentes antagonistas do GEN 13.
Por falar em GEN 13, o Navalha ruivo que invade o apartamento do Cray parece muito com o pai da Fairchild do GEN 13 original. Saberemos disso em breve: Fairchild está na capa da edição 14 da série (prometida para o meio de 2018).
:: Skywatch ::
O Skywatch é a divisão espacial do Acordo, controlada por mão de ferro por Henry Bendix. Careca, cara de poucos amigos, antipático e cheio de opiniões racistas e preconceituosas, Bendix parece ser o grande vilão de The Wild Storm, mas ainda é muito cedo para afirmar isso.
O fato é que a Skywatch controla todo o espaço sideral, o que pode ser algo infinito de se mensurar. Ou pode ser nada, se estivermos sozinhos nesse universo.
Na trama já é possível vislumbrar que o Skywatch detém várias tecnologias: bases em Marte, a nanotecnologia pesquisada por Spica, salas de telestransporte… E uma imensa estação espacial paramentada com diversos veículos e armamentos. É uma espada no céu, sob a cabeça da O.I.
No UWO, Bendix colecionava as alcunhas de Think Tank, quando participou do TEAM ONE juntamente com Marlowe e Zealot. E foi o Homem do Tempo quando organizou o StormWatch, um grupo de heróis internacionais que vigiam a Terra em sua órbita. Com o passar do tempo, Bendix se revelou um grande vilão.
No Flashback dos anos 70, quando a URSS ainda não estava envolvida no acordo, Bendix era um dos pilotos de disco voador que sofre uma queda no ataque a Cidade da Ciência Zero. John Lynch também estava lá e ficou cego de um olho nesse ataque. Esse evento ficou conhecido como Breslau – nave/disco voador que caiu durante esse confronto, foi recuperada pela O.I. e Angela Spica roubou a tecnologia eletrogravitacional. Essa tecnologia está em desenvolvimento atualmente (para saber mais pesquise sobre Projeto Greenglow).
Bendix possui uma relação muito próxima com Lauren Pennington, antiga personagem Fahrenheit e atual braço direito de Bendix em TWS.
Christine Trelane é uma agente de investigação do Skywatch na Terra, um comum acordo entre as agências. Ela é a supervisora que recruta Michael Cray e passa missões para Lucy Blaze.
Trelane era uma agente do StormWatch no UWO. Foi também a agente Sinergy do StormWatch original, esposa do Battalion). Ela agia com uma catalizadora de poder, despertava as habilidades meta humanas dos personagens. Em TWS parece ser apenas uma agente de campo. Por enquanto.
A divisão terrestre da Skywatch (Trelane e Devota) é um comum acordo entre as agências. Por exemplo, a O.I. possui satélites no espaço (jurisdição da Skywatch).
Lucy Blaze é um pouco mais complicada. É ela que abre a série no primeiro número. Davis-Hunt dá uma piscadela para o leitor e coloca uma mancha de sangue em sua testa, em forma das pinturas de guerra de Zealot (Devota, no Brasil), personagem Kherubim dos WildCats (UWO).
Zealot tambem usou o nome Lucy Blaze no UWO, quando participou do TEAM ONE. Outro nome conhecido é Lady Zannah de Kherubim, mas ainda não foi utilizado em TWS. O fato é que Lucy Blaze parece estar caçando Daemonitas (ainda não foram chamados assim em TWS), possui um relacionamento com Cole Cash e Kenesha. Aparentemente ninguém no Skywatch sabe que Lucy Blaze é alienígena.
“Esse mundo está sendo dirigido secretamente por um tumor que começou como um serviço de inteligência” – Jacob Marlowe.
:: Os Cats Selvagens de Marlowe (ou WildCats) ::
A Corporação Halo surge como uma terceira via, um competidor correndo por fora. Halo é um conglomerado empresarial que aborda varias frentes industriais – Ellis define como uma mistura de Apple e Microsoft, com o maior acervo bélico do planeta. Ainda não vimos pilhas que não esgotam e baterias eternas, trama central de Wildcats 3.0 no UWO. Mas o objetivo da Halo parece ser bastante nobre até o momento: proporcionar um mundo melhor. Algo bastante comum nas empresas do Vale do Silício, mas que se concretiza em melhorar APENAS o mundo dos acionistas.
Encabeçando a Corporação Halo temos Jacob Marlowe, CEO e alvo do ataque de Michael Cray. Marlowe confessa para Angela Spica que na verdade ele é um alienígena que chegou na terra na época das cidades-estados sumerianas. No UWO, Jacob Marlowe é Lorde Emp, um Kherubim da mesma espécie de Zealot (Lucy Blaze de TWS), responsável pela união dos WildCats, o primeiro grupo da Wildstorm. Sob a alcunha de Saul Baxter, Marlowe participou da formação do TEAM ONE, junto com Zealot, Majestic, John Colt e Henry Bendix (UWO).
Marlowe diz que sua missão pessoal é trazer o futuro CERTO o mais rápido possível. Mas já dá para ler nas entrelinhas (e na conversa com Kenesha) que Marlowe não revelou toda a verdade para Spica. Marlowe tenta arregimentar Spica para seu lado, mas ela não é o primeiro operativo recrutados. Os outros Cats (CAT – Cover Action Team – grupo de ação tática) sem afiliação (ou Cats selvagens) são:
Void (Adrianna Tereshkova): ex-operativa do Skywatch, entrou em contato com a Sangria em 1986, morreu e foi substituída por “algo” que não é mais completamente humano. Void tem a capacidade de viajar na Sangria, e parece fascinada pela experiência. Até agora, se apresentou como a teleportadora do grupo, mas parece ter muito mais a oferecer.
Cole Cash é o Bandoleiro. Outro personagem que já apareceu nas missões dos Cats da Halo, mas parece ter muito mais profundidade. Cash participou ou foi treinado pelo projeto Thunderbook encabeçado por John Lynch. No UWO, Cole Cash foi um dos integrantes dos TEAM 7, grupo militar que adquiriu superpoderes a partir do projeto Gênesis, encabeçado por Miles Craven. Além de Cash, o grupo contou com a participação de John Lynch, Michael Cray, do pai da Fairchild e de outros personagens importantes para o Universo Wildstorm.
Cash também parece ter uma relação profunda e misteriosa com Lucy Blaze. No UWO, além dos dois serem membros dos WildCats, há um passado em comum também, onde Devota/Zealot treinou Cole Cash nas habilidades Coda (uma espécie de Irmandade feminina do planeta Khera), algo proibido para as ideologias feministas da Coda.
Continuando com os CATs, temos Kenesha – antiga Savant (filha da Zealot) – responsável pela estratégia. Seu nome significa Exaltada, Sábia e deve ter uma relação com Lucy Blaze (Zealot). Ainda não foi completamente revelado, mas Kenesha, Marlowe, Lucy Blaze e John Colt fizeram parte da equipe alienígena que chegou na Terra no períodos das cidades-Estados sumerianas. Há ainda um quinto membro não revelado (eu apostaria minhas fichas em Majestic).
Por último, mas não menos importante, temos John Colt. Na 7ª edição, John Colt está infiltrado em um prédio da O.I., sendo salvo nos instantes finais da infiltração por Void. Colt parece ser o elemento tático da equipe (junto com Cole Cash, é claro), e aparece em flashback num combate com katanas no Japão feudal. Na interação com os agentes de Halo, John Colt demonstra um certo complexo de inferioridade. Aparentemente ele foi escalado para ser um batedor, um “jagunço” da equipe de exploradores alienígenas. Por isso mesmo, ele procura consumir coisas refinadas como champanhes e caviar.
Estiloso, bon vivant e um pouco ácido. Essa versão do antigo herói Kherano Yohn Kohl – que deu origem ao androide Spartan é bem diferente em TWS.
O Espartano (ou Spartan, herói androide dos WildCats) era chamado de Hadrian 7 e tinha os padrões cerebrais de John Colt. Isso resultou num certo atrito com Devota e Bandoleiro no UWO. John Colt e Devota tiveram um filho, o agente Winter, integrante do StormWatch.
John Colt porta uma arma bastante compacta, chamada Pequeno Bastardo – aparentemente, armamento desenvolvido pela Halo (algo bem parecido com o que ocorre Lazarus).
:: O QUARTO PODER – ou CORRENDO POR FORA ::
Com tantas organizações secretas, agências e conspirações, sobra espaço para agentes isolados? Sim, aos poucos velhos conhecidos do UWO estão dando as caras em The Wild Storm.
Surge uma nova Doutora, com terapias holísticas funcionais. O nome dela é Shen Li-Min, e numa de suas Viagens Astrais podemos ver Balsas (lembra da nave gigante do Authority?), alienígenas estranhos (Daemonitas?) e uma reunião de todos os xamãs globais que antecederam essa nova Doutora, num local chamado Hospital. No UWO, Shen Li-Min era a Swift, personagem alada de Authority. Num easter egg, quando a Doutora atual usa seus poderes, surgem asas astrais de pavão.
Shen Li-Min tem dois encontros com Jenny Mei Sparks. Jenny Sparks era o Espírito do Século XX e morreu no UWO combatendo Deus na virada do milênio. Ainda no UWO, nasce na China a menina Jenny Quantum, numa clara alusão que o século XXI seria “quântico”.
Pode ser um palpite meu, mas Ellis parece ter se arrependido de relacionar o Espírito do Século XXI com o termo quântico. Talvez por conta das bobagens que a pseudociência vem vendendo nessas duas décadas do novo século, usando o termo quântico como se fosse um mantra sagrado.
O fato é que a Jenny Sparks de The Wild Storm continua chinesa, mas possui poderes informeciais, viajando entre os sinais eletrônicos dos smartphones, telões e tablets. Outra curiosidade é que o Espírito do Século XXi e Xamã Global parecem se entender MUITO bem, com direito a conversa na cama usando um lençol da Mulher- Maravilha.
Ellis parece estar trazendo de volta o conceito dos Filhos dos Século – conceito original de Planetary. Ellis aborda também o conceito da Techne – um espírito dos ofícios e das artes mecânicas – uma especulação viva das tecnologias. Os Filhos do século são uma espécie de mecanismo de defesa planetário.
Quando um aparece é sinal que as coisas estão indo mal.
Outro antigo membro do Authority que dá as caras em TWS é Jack Hawksmoor, o Deus das Cidades. Hawksmoor ganha o apelido de Prefeito, que resume muito bem suas habilidades de interagir, controlar, conversar e mergulhar de cabeça nas calçadas das cidades. Foi só um aperitivo, mas esse personagem promete. Jack Hawksmoor também foi fruto de cirurgias alienígenas no UWO, assim como aparece nas visões da Doutora sobre Jenny Sparks. Há uma semelhança.
Por último, O Prefeito cruza o caminho com Kenesha (Savant) e Pris (Vodoo). De novo, 6 graus de separação.
Vodoo tem sido periférica durante todas as 12 edições. Ela continua a ser uma cantora, mas, em sua versão atual, parece mais antenada com as conspirações que permeiam a realidade de The Wild Storm. Será que Ellis irá desenvolver uma superequipe similar ao antigo Authority? Ou o Velho bastardo está mais pacífico, menos corrosivo em sua crítica? Cansado, talvez?
Eu duvido. Esse é um mundo estranho e Warren Ellis quer deixá-lo ainda mais estranho.
Ainda bem.
