The Man of Steel

3.0

NOTA DO AUTOR

Brian Michael Bendis finalmente estreou de verdade. Sim, de verdade: seis páginas em Action Comics #1000 não conta, né? Era só um aperitivo e uma indicação do que veríamos quando ele começasse de vez. Antes de assumir as duas mensais do Superman, esquentou as turbinas nessa minissérie semanal em seis partes, com um artistas diferentes nas seis edições, exceto por Jay Fabok: ele desenhou duas ou três páginas nas cinco primeiras edições; na última, assumiu os desenhos de tudo.

Bendis optou por algumas linhas temporais/narrativas distintas. Logo no começo, vemos o vilão Rogol Zaar – apresentado de forma rápida em Action Comics #1000 – discutindo com o Círculo Galático (entre os citados, temos Myand’r, Sardath e Appa Ali Apsa) sobre os supostos crimes dos kryptonianos que, em nome de seu avanço científico, subjugam raças inferiores por meio de um comércio violento. Para o monstro (que lembra muito o Apocalypse), Krypton deveria ser expurgada. O Círculo nega seu pedido e Zaar fica lá se lamentando.

No presente, os Kent vão levando sua vida na boa até o momento que uma figura misteriosa surge em sua casa. Essa é a passagem desenhada pelo Fabok nas cinco primeiras edições. Esse plot – que será desenvolvido ao longo da mensal – vai se arrastando até dominar a cena no último número. Basicamente, é uma grande safadeza editorial da DC Comics com o Bendis, que parece não saber o que fazer com o Jon. Posto que a figura misteriosa (não sei até que ponto você já leu na mensal, mas é o tal Oz) “convence” o casal a levar Jon pela galáxia, para ele ter uma visão ampliada do mundo e desenvolver melhor seus poderes. Relutantes, Clark e Lois se negam. Tudo em vão. Bendis joga tudo no lixo, de uma forma preguiçosa e tacanha. A solução é basicamente nada! Você pensa até duas vezes se vai segui-lo nas duas mensais que ele assume agora em julho.

Uma outra linha narrativa é a chegada de Rogol Zaar em Metrópolis e seu enfrentamento com o Superman, Supergirl e a investigação da Liga da Justiça. Aqui sabemos como Krypton foi destruída de verdade (sim, esqueça tudo que você sabe) e que o método será utilizado também na Terra, pois os kryptonianos precisam ser expurgadas do universo. Nisso, Zaar destruiu também um dos maiores símbolos da mitologia do Superman: a cidade engarrafada de Kandor tem seu destino selado, é destruída e sua população é dizimada.

 

Ainda há mais uma linha, que é apresentada nas primeiras páginas da primeira edição. Uma série de incêndios misteriosos, sem qualquer nexo, vem tomando vários prédios de Metrópolis e conhecemos uma nova personagem, Melody Moore, chefe dos bombeiros da cidade. Mais um plot a ser desenvolvido nas revistas mensais.

Em suma, Bendis utilizou essa minissérie para apresentar seus primeiros arcos em Superman e Action Comics. Deu algumas pinceladas na sua ideia de Clark Kent e tirou Jon e a Lois de cena. Além disso, já mostrou, de forma bem rápida, um direcionamento para uma das coisas que mais despertaram minha atenção nas suas primeiras entrevistas após anúncio: o futuro do Planeta Diário. Ele prometeu explorar bastante a faceta repórter do Clark e deve vir coisa boa daí.

Por fim, a arte. São vários desenhistas, um por edição, com o Fabok fazendo esse interlúdio que falei. Ivan Reis (que assumirá uma das mensais) está meio apressado, mas imprime um visual clássico que o personagem pede (veja todas as capas da minissérie, que são dele com o Joe Prado). Steve Rude, Evan “Doc” Shaner e Adam Hughes seguem na mesma toada, praticamente desenhando no automático. O bom disso é que os quatro são ótimos até mesmo quando fazem no automático (porém, em algumas momentos incomoda, exceto o Hughes que é sempre espetacular). Ryan Sook e Jay Fabok não comprometem. Por fim, o destaque é o Kevin Maguire. Seu esmero nas expressões faciais segue intacto e ele cria uns efeitos de profundidade que ficam uma coisa deliciosa nas cenas de ação. Você vai se surpreender!

No geral, a minissérie cumpre sua função: apresenta o que vem por aí. Porém, fica muito abaixo da expectativa. Se era para fazer um evento semanal dessa magnitude, acho todos nós esperávamos algo mais grandioso. Afinal, as palavras-chave pedem isso: Superman fazendo 80 anos e o Bendis assumindo o personagem. Tomara que a mensal coloque as coisas no eixo, porque o trabalho que Dan Jurgens e Peter Tomasi vinham fazendo é infinitamente melhor do que foi apresentado aqui.

 

  

Roteiro: Brian Michael Bendis

Arte: Ivan Reis, Joe Prado, Jason Fabok, Steve Rude, Evan Shaner, Ryan Sook, Wade von Grawbadger, Kevin Maguire e Adam Hughes

Editor: Brian Cunningham, Jessica Chen e Mike Cotton

Capa: Ivan Reis, Joe Prado e Alex Sinclair

Publicação original: maio a julho de 2018

No Brasil: inédito

Nota dos editores:  3.0


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