Demolidor #12

3.2

NOTA DO AUTOR

A essa altura da vida, você já sabe que a Panini publicou por aqui 11 encadernados (capa cartão, papel gostosinho, cerca de 120 páginas) vendidos em banca, com toda a fase do Mark Waid à frente do Demolidor. Certamente, você comprou, leu, elogiou e recomendou vivamente essa coleção. Se você anda minimamente informado, deve saber, também, que a Panini seguiu com a coleção: nesse volume 12, publicado em fevereiro de 2017, temos o início da nova fase do personagem, agora na tal “Totalmente Diferente Nova Marvel” (isso nem deve valer mais). Charles Soule assumiu os roteiros e, junto com o Ron Garney nos desenhos (mais as cores arretadas do Matt Milla), vem construindo um run para chamar de seu.

Soule meteu o pé na porta e jogou milhares de novidades na nossa cara: trouxe Matt Murdock de volta a Nova Iorque e à Cozinha do Inferno (ele passou uma temporada na ensolarada Califórnia), arrumou um parceiro mirim (Samuel Chang, o Ponto Cego, um imigrante chinês que vive ilegalmente na cidade, cujo “poder” é um traje desenvolvido por ele mesmo que o deixa invisível utilizando pilhas Rayovac, as amarelinhas), pôs Murdock para atuar na promotoria como se fosse um estagiário recém-formado e nos apresentou um vilão místico chamado de Dezdedos, que comanda uma seita maluca em Chinatown, bairro do Ponto Cego. Entendeu, né? Sabe aqueles vilões clássicos chineses, que usavam um bigodinho bem fino naqueles filmes dos anos 1960 com efeitos mecatrônicos que passava direto no SBT? Dezdedos é algo assim.

Muita coisa, né? Você deve ter visto por aí que Soule trouxe aquele Matt soturno, sombrio, tristão, que vive se lamentando de tudo na vida, faz confissão com regularidade e se culpa por tudo nesse mundo. Mark Waid mostrou que era possível mostrar outra visão completamente oposta do personagem – coisa que, no meu entender, só incomodou o Foggy Nelson, que vivia reclamando desse novo Matt felizão. Agora é nossa vez de reclamar: queremos o Matt sorrindo sob o sol de volta.

E não só por isso: o plot na promotoria é enjoado e cansativo, Demolidor com sidekick não dá, Dez Dedos é, na verdade, um renegado do Tentáculo (ele já meteu os ninjas logo na terceira edição). No geral, esse primeiro arco é bem chatinho, arrastado e não tem muito de novo. Parece história saídas da saudosa Superaventuras Marvel, naquele tempo em que o Cable dominava a revista. Ok, nada se salva nesse gibi?

Calma, amigos. A dupla Garney/Milla faz você esquecer esse roteiro qualquer nota. Um uniforme bem massa, cores bem mais ligadas ao personagem e uma textura doida que caiu como uma luva. Garney – de quem nunca fui dos maiores fãs, mas também nunca me incomodou – está voando baixo, com cenas de ação magníficas, incluindo os quebras com o Tentáculo. São cenas de luta cinematográficas, que ficaram um primor (pena que sejam curtas). A arte e o fato de termos Demolidor em encadernados honestos e num preço bem acessível é a melhor coisa disso aqui. Que continue assim!

Eu falei que ninguém mais – exceto Foggy – sabe que Matt Murdock é o Demolidor?

 

  

Roteiro: Charles Soule

Arte: Ron Garney e Matt Milla

Editor: Sana Amanat

Capa: Ron Garney e Matt Milla

Publicação original: Daredevil #1-5 (fevereiro a maio de 2016) e All-New, All-Different Marvel Point One #1

No Brasil: fevereiro de 2017

Nota dos editores:  3.1


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