Cebolinha – Recuperação

4.5

NOTA DO AUTOR

Meu personagem preferido na Turma da Mônica é o mesmo do jovem (apenas 23 anos!) Gustavo Borges, artista escolhido para a 20ª Graphic MSP. Atire a primeira pedra quem não riu com os clássicos encontros do personagem com o Louco, as confusões de interpretação causadas por sua dislalia ou os planos mirabolantes para derrotar a Mônica e virar “dono da lua”. Criativo e destemido, Cebolinha é, perdão pelo clichê, um personagem cheio de camadas.

Cebolinha – Recuperação começa com o garoto às voltas com o resgate de seu boneco do Capitão Pitoco, preso na calha de chuva. Na escola, Cebolinha “viaja” o tempo inteiro nos desenhos que faz durante as aulas. Além disso, começa a sentir-se incomodado pela popularidade de um novo colega, Robertinho, com quem logo cria rivalidade. Tudo que o ruivinho narigudo faz parece dar certo e render ainda mais admiração, enquanto a maré de azar do Cebolinha começa a ganhar contornos mais sérios: após uma briga com Robertinho, ele é colocado de recuperação e, para piorar, seu pai perde o emprego.

A partir daí, a história se esmera na construção de uma tensão permanente pela situação da família, às voltas com a possibilidade de precisar vender a casa e ir embora do bairro. Os meses passam e, em vez de tentar derrotar a Mônica ou estudar para sua recuperação, Cebolinha passa a rascunhar planos para ganhar algum dinheiro – infelizmente, não tão infalíveis assim.

O texto de Gustavo Borges mostra que ele realmente entende o personagem, com sua natureza simultaneamente generosa e competitiva. O restante do quarteto principal (Mônica, Cascão e Magali), aparece pouco, mas existe ilustre participação de Tina e Rolo (personagens que merecem ganhar sua própria edição). O traço e a colorização de Borges são irregulares, “artesanais”, mas cheios de personalidade – e é possível identificar um certo capricho, por exemplo, nos cenários: são poucos os quadrinhos com fundo chapado.

A simpatia do texto e da arte tornam as atribulações do Cebolinha uma leitura ágil e divertida. Ele é aquele tipo de personagem que faz a gente realmente torcer pra ele se dar bem. As oitenta páginas dedicadas à história parecem muitas, mas Borges faz bom uso delas (existe apenas uma splash page, por exemplo). Há easter eggs de outras histórias, como o carro abandonado que já foi cenário nas GMSP do Bidu e da Turma, além de menção à mudança de escola da Mônica.

Com poucos tropeços, a série Graphic MSP firmou-se como mais uma boa aposta de diversificação para a Maurício de Sousa Editora e para os leitores, além de uma interessante vitrine para bons criadores. Em um ranking de qualidade dos 20 volumes lançados até aqui, Cebolinha – Recuperação certamente tem vaga no Top 10.

 

  

Roteiro: Gustavo Borges

Arte: Gustavo Borges

Editor: Sidney Gusman

Capa: Gustavo Borges

Publicação original: outubro de 2018

No Brasil: 

Nota dos editores:  4.5


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