Em geral, super-heróis têm como principal cenário histórico nossa época, ou seja, os séculos XX e XXI, e, por vezes o futuro. Poucas vezes roteiristas e editores se aventuram a criar super-heróis que agem em outros períodos históricos. Este é o caso do fumetti (história em quadrinho italiana) Zagor. As histórias de Zagor ocorrem na primeira metade do século XIX, início da expansão americana para o oeste, e ele é um herói branco que protege os povos indígenas da floresta de Darkwood.
Zagor é um super-herói, apesar de não ter superpoderes. Como um Batman do século XIX, utiliza do medo e de uma aura mítica para vigiar e impor a justiça na floresta de Darkwood, assim como o Homem-Morcego em Gotham City. As histórias de Zagor não se limitam ao faroeste clássico, ainda que roteiros mais tradicionais de faroeste possam aparecer. Muitas histórias trazem diversos elementos fantásticos: monstros, dragões, vampiros, criaturas lovecraftianas, bruxas, cavaleiros medievais, mutantes com superpoderes e até alienígenas; também é comum a utilização de armas e tecnologias steampunks nas HQs de Zagor, como robôs, aviões a vapor, submarinos, etc.
Para quem não conhece este verdadeiro super-herói do século XIX, acaba de chegar as bancas Zagor: Edição Especial em Cores (as histórias do personagem normalmente não são coloridas), trazendo como chamada na capa “A Origem de Zagor”, que é uma republicação da história “O Rei de Darkwood”. Está história já foi anteriormente publicada no Brasil em 1978, pela Vecchi, em Zagor #01, e em 1981, pela editora Record, em Zagor #01.
Como toda história de origem, a intenção do roteirista Guido Nolitta (pseudônimo de Sergio Bonelli) é apresentar as motivações que levaram o menino Zagor a se tornar um justiceiro. Ao iniciarmos a leitura, temos a primeira impressão de que estamos realmente diante de uma versão de um Batman do Oeste, até mesmo em suas motivações. O leitor, porém, deve seguir a história, pois Nolitta, que, inicialmente, parece realmente ter a origem o homem-morcego como inspiração, consegue surpreender o leitor com elementos totalmente novos, que tornam a origem de Zagor e suas motivações bem distintas do personagem da DC Comics. Irá certamente surpreender o leitor!
Além das motivações éticas de Zagor para se tornar um defensor dos povos da floresta de Darkwood, também acompanhamos seu treinamento, tanto físico, em um primeiro momento, sob a orientação de Wandering Fitzy (andarilho e filósofo); e posteriormente na utilização de performances, de um traje e nome específico com a trupe dos Sullivan; e, assim, temos Za-Gor-Te-Nay (o Espírito da Machadinha).
Se o leitor quiser conhecer um super-herói diferente, com uma ambientação histórica pouco usual, recomendo esta história de Zagor. Será uma leitura agradável e uma porta de entrada para o fantástico universo zagoriano. Uma HQ indispensável para colecionadores e uma belíssima apresentação para leitores iniciantes!
Roteiro: Guido Nolitta.
Arte: Gallieno Ferri.
Editor: Sergio Bonelli.
Capa: Gallieno Ferri.
Publicação original: Zagor: Il Re di Darkwood (fevereiro de 2016).
No Brasil: Junho de 2017.
Nota dos editores: 3.1
Aguardando curioso por uma crítica ou mesmo artigo sobre o Tex ou Julia Kendall.
Falamos um pouco de Tex no Pilha de Gibis: https://artefinalhq.com.br/wp/2017/07/10/7-jaguncos-apresenta-pilha-de-gibis-02-liberalismo-e-jurisprudencia/
De Dylan Dog também: https://artefinalhq.com.br/wp/2017/12/04/7-jaguncos-apresenta-pilha-de-gibis-22-podcast-do-pesadelo/