100 Anos de Jack Kirby: Mister Miracle #1

4.0

NOTA DO AUTOR

Olá. Meu nome é Scott Free, mas você deve me conhecer melhor como Senhor Milagre. Você deve estar pensando que isso é um simples review, mas você está enganado. Isso é um aviso que consegui enviar para você, preste bastante atenção. Pronto? Então, vamos lá: Darkseid finalmente resolveu a Equação Antivida. Estamos vivendo um simulacro de reali…

 

DARKSEID É.

Não sei se consegui passar o espírito tenso e claustrofóbico de Mister Miracle # 1 na minha abertura, mas foi divertido. Esse é o espírito da edição de estreia de Tom King (BatmanXerife da BabilôniaOmega Men – este último, infelizmente, ainda inédito por aqui); nem todas as informações já estão presentes, mas a diversão é garantida. O personagem, criado por Jack Kirby em sua passagem pela DC Comics, já teve 2 séries regulares além da popular participação na Liga da Justiça cômica de Keith Giffen. Mas essa “temporada” de 12 edições mensais parece ter algo diferente e interessante.

A edição começa com um primeiro plano do protagonista, Scott Free. Ele está se suicidando no banheiro ou fazendo mais uma de suas fugas espetaculares? Toda primeira edição é pontuada por esses estranhamentos, sejam em formas de textos revelando a presença de Darkseid ou por pequenos detalhes como a mudança na cor dos olhos da sua esposa, Grande Barda.

Órion e Pai Celestial, também, marcam presença nessa primeira edição: o primeiro como um bruto despertar (estaria Scott Free vivendo uma realidade simulada?) e o segundo como uma estranha figura paterna caminhando na praia. Outros personagens do Quarto Mundo aparecem, também: Poderoso Godfrey (lembra dele em “Lendas”?) e Oberon – aparentemente morto já há algum tempo (triste sina para os membros da “Liguinha”).

Se posso arriscar um palpite (não é spoiler, já que só li essa primeira edição), eu arriscaria dizer que Scott Free está em mais uma armadilha mental elaborada pelo poderoso Darkseid, quem sabe? Talvez o rápido anúncio de Órion, que informa que Nova Gênese caiu e a Equação Antivida finalmente foi solucionada pelo senhor de Apokolips seja realmente verdade e estaria Scott Free se suicidando para escapar não da vida, mas sim da Antivida?

 

A arte do Mitch Gerads está ótima. O grid de 9 quadros dá uma certa agilidade no storytelling, mas já vimos esse “truque” em Xerife da Babilônia (que tem a mesma dupla criativa de Mister Miracle) e Omega Men (seria uma solicitação do King?). A novidade fica por conta das splash pages que quebram esse ritmo, seja com um close up do protagonista sangrando ou páginas soltas sem quadrinhos do jovem Scott Free desenhando Deus. Retículas gigantes simulando a estranheza da história ou o mesmo grid de 9 quadros com a entrevista de TV cheia de distorções e interferências são narrativas visuais que enriquecem a trama, ajudando a posicionar bem o tipo de história que está começando.

Nick Derington também não está fazendo feio nas capas. Ele explica melhor seu processo aqui.

Tom King costuma brilhar trabalhando com B-sides (Visão, Omega Men) do que com personagem com menos poder de manobra, como é o caso do Batman. Não tem problema, podemos continuar tendo o King comportado na série regular do Homem-Morcego desde que seu potencial criativo e realmente relevante continue sendo aproveitado com esses personagens obscuros. Mister Miracle é um título totalmente diferente das séries atuais da DC Entertainment, lembra muito aquela criatividade juvenil do Homem-Animal do Grant Morrison. Talvez não chegue nesse patamar, mas é um excelente ponto de partida para chegar lá.

 

 

  

Roteiro: Tom King

Arte: Mitch Gerads

Editor: Jamie S. Rich

Capa: Nick Derington

Publicação original: Mister Miracle #1 (agosto de 2017)

No Brasil: inédita

Nota dos editores:  4.0

Nota dos leitores:  1.0


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