Se aquela máxima de que Papai Noel não esquece de ninguém for verdade, então, o lançamento de Pluto pela Panini, com 2017 quase fechando as portas, é uma prova. O mangá era esperado pelos fãs de Naoki Urasawa, que não é desconhecido dos brasileiros: a Panini publicou, entre 2012 e 2016, duas obras suas, os sensacionais Monster e 20th Century Boys. Aqui, o cidadão faz de novo: não tem como deixar o próximo capítulo pra ler depois, nem como não esperar o próximo volume pra ontem.
Pluto é um thriller de ficção científica que conta a investigação, pelo detetive Gesicht, da destruição de um robô querido por todos e da morte de um ativista dos direitos dos construtos, ambas as vítimas encontradas com objetos posicionados em suas cabeças imitando chifres. A trama se complica quando Gesicht percebe que todas as evidências apontam para um robô como suspeito dos crimes, quebrando um jejum de anos de assassinatos cometidos por máquinas, e que pode ameaçar a existência de um seleto grupo de robôs considerados especiais (o próprio Gesicht um destes modelos).
Mas o gibi é mais que isso. A obra é uma homenagem a Astro Boy, mangá seminal de Osamu Tezuka, publicado lá nos anos 1950 e 1960, que mostra um futuro onde humanos e robôs coexistem. Urasawa se utiliza da ambientação da história original e transpõe os personagens de forma que se mantém fiel ao material de Tezuka e ainda impõe seu estilo já visto em Monster e 20th Century Boys, com mil coisas acontecendo ao mesmo tempo, mas sem perder o rumo, e com a mão certa no suspense e nas cenas tocantes.
Falando nisso, Naoki Urasawa consegue ser tocante sem ser piegas. Um ótimo exemplo é o conto em 3 partes de Norse #2, um robô criado com fins bélicos e que, após participar de tantos conflitos e destruir vários autômatos, quer apenas aprender a tocar piano. O mangá lida o tempo todo com o questionamento sobre humanidade e se máquinas podem adquiri-la, já que, no mundo de Pluto, robôs casam, têm filhos, choram, vivem. E falar da arte é chover no molhado. Urasawa é um dos melhores de seu tempo, dominando a narrativa gráfica como poucos. Suas passadas de páginas, de quadros e de ambientações são cuidadosas, sem pressa.
Pluto é pra ler, reler, folhear da direita pra esquerda e da esquerda pra direita sem respeitar o aviso de leitura oriental. É pra mostrar pro coleguinha, falar sobre nas redes sociais, indicar pra quem tá afim de ler uma boa história.
Pluto tem 8 volumes e eu mal posso esperar pra pôr as mãos na segunda edição.
Roteiro: Naoki Urasawa (com Takashi Nagasaki)
Arte: Naoki Urasawa
Editor:
Capa: Naoki Urasawa
Publicação original: Tong Li (agosto de 2006)
No Brasil: dezembro de 2017
Nota dos editores: 4.8
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