ELRIC – O Trono de Rubi

4.5

NOTA DO AUTOR

 

“Stormbringer, espada maldita.”

A criação máxima de Michael Morcock era bem pouco conhecida aqui no Brasil. Até agora. Além dos romances que estão sendo publicados (devagar, é verdade) pela editora Generale, e alguns poucos quadrinhos publicados nos anos 1980 e 1990 pela Editora Abril, os fãs de Elric ganharam, no final de 2017, mais uma visão (e que visão!) da gloriosa Melniboné: Elric, o Trono de Rubi.

A HQ apresenta o Mago-Rei Albino Elric, soberano de uma nação milenar, semelhante aos contos da ilha de Atlântida – ou Numenór se você é fã de Tolkien. Talvez a relação mais contemporânea e próxima seja a mítica nação de Valíria, local de origem dos dragões nas Crônicas de Gelo & Fogo. Mas, diferente de Valíria, Melniboné é o berço não só de dragões utilizados como armamento pesado, mas de cruéis senhores da guerra que causam temor e reverência até mesmo nos antigos deuses dos Caos.

A trama de O Trono de Rubi é idêntica ao primeiro livro da série do mago albino: Elric é o soberano de Melniboné, outrora uma nação assustadora, porém, no momento da história que acompanhamos, os adversários estão ficando mais ousados, desafiando os terrores bélicos para conquistar esse domínio decadente.O que é interessante é que Elric é um personagem riquíssimo. Descendente dessa aristocracia formada por místicos e guerreiros perversos, ele é uma contradição: ao mesmo tempo que parece honrar o passado belicoso de Melniboné e alguns rituais profanos dessa sociedade corrupta, Elric é um líder ponderado e até mesmo justo em algumas ocasiões. Isso passa a ser visto por alguns nobres como uma falha e caráter, uma fraqueza. A figura de Elric também é facilmente subestimável: o Senhor de Menilboné é uma figura magra, albina e aparentemente fraca.

Só na aparência mesmo. Durante a trama, Elric enfrente desafios e traições. Mas é só quando sua amada Cymoril corre perigo é que Elric mostra que os verdadeiros senhores de Melniboné não temem nada nem ninguém. Nem mesmo os Antigos Deuses do caos, que são convocados para atender o apelo de Elric.

É aqui que aparece o segundo “personagem” da série: Stormbringer, a espada negra. Mas não vou estragar a surpresa, leia por sua conta e risco (de ficar fascinado por essa história).

A HQ (ou seria melhor dizer BD, já que é um legítimo material franco-belga que, de vez em quando, aporta em terras tupiniquins) é um deleite visual. Blondel ajustou um pouco a trama para os quadrinhos, mas o que realmente salta aos olhos é a narrativa visual: os desenhos dos artistas Didier PoliRobin RechtJean Batisde Julien Telo, aumentam a escala de tudo: Melniboné vira um pesadelo gótico arquitetônico. Os navios de guerra são leviatãs gigantescos, e os habitantes de Melniboné lembram muito, em algumas passagens, os gráficos Cenobitas, criação máxima de outro gênio, Clive Baker.

Não é a toa que Morcock  elogia essa transposição para os quadrinhos. Nas palavras do autor: “De todas as notáveis adaptações gráficas de Elric, há uma que, posso dizer, sem reservas, mais se aproximou de minha visão original. E é essa que você tem diante dos olhos”.

Uma última curiosidade: o príncipe Elfo de Hellboy 2 não é a cara do Elric?

 

  

Roteiro: Julien Blondel

Arte: Didier Poli e‎ Robin Recht

Editor: 

Capa: Robin Recht

Publicação original: Elric - Tome 1 - Le trône de rubis (maio de 2013)

No Brasil: 25 de outubro de 2017

Nota dos editores:  3.2


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