Green Lantern: Blackstars #1

Durante 12 edições, mais um anual, Grant Morrison brincou com a mitologia dos Lanternas Verdes, ora fazendo homenagens, ora criando edições memoráveis. Mas o tempo todo, havia algo diferente do que sempre estivemos acostumados a ver no trabalho do sujeito. Aparentemente, ele evitou ao máximo usar suas marcas registradas, os altos conceitos (que apareceram apenas aqui e acolá), o tom épico que poderia ser descrito como uma ópera rock cósmica (a exemplo de LJA nos anos 1990) e, sendo bem sincero, aquela sensação de coesão narrativa a cada edição (sério, as 12 edições não transmitiram muito isso), criando a expectativa de que nas edições seguintes poderia vir mais e mais. A impressão era de que ele estava empenhado em deixar tudo mais simples, sendo que simples para ele ainda é bem mais complexo que para a maioria dos roteiristas.

O careca safado surpreende agora, com a primeira edição de uma mini em três partes que basicamente é um dos maiores clichês dos gibis de super-heróis: um universo rebootado. Ao final de The Green Lantern #12, os planos do Controlador Mu deram certo e o universo inteiro foi reiniciado, refeito e remodelado ao gosto do vilão. Agora, os Guardiões de Oa morreram antes de ter a chance de criar a Tropa dos Lanternas Verdes, o que permitiu a Mu estabelecer sua própria força de manutenção da ordem intergaláctica. Da primeira página até a última, cada cena e diálogo e recordatório são cuidadosamente trabalhados, talvez seja a história mais grandiosa, empolgante e completa engendrada por Morrison em uma só edição, nos últimos 10 anos. E tem tudo que é necessário pra reconhecermos que foi feita por ele.

Na arte, assim como a parceria na mensal com Liam Sharpe, Morrison recebe mais um belo presente com o traço do Xermanico, que conseguiu transpor toda grandiosidade do roteiro, mas não fez feio em momentos “menores”, com expressões faciais e interações competentes. E tanto nas sequências de ação quanto nos pin-ups de cair o queixo, o camarada conseguiu ser empolgante e caprichoso. O parceiro ideal pro careca nesse gibi magnífico.

E o sujeito ainda fez bom uso, sem pudores, de convenções das histórias espaciais, com uma sequência de ataque/contra-ataque envolvendo um velho conhecido criado por Jim Starlin, além de jogar nomes e ideias usando outra de suas predileções, a narrativa hipercomprimida. Por mais que The Green Lantern tenha sido uma série que deu gosto de acompanhar por 12 edições, The Green Lanterns: Blackstars conseguiu ser algo mais. É espetacular.

 

  

Roteiro: Grant Morrison

Arte: Xermanico com cores de Steve Oliff

Editor: Brian Cunningham

Capa: Darick Robertson

Publicação original: The Green Lanterns: Blackstars #1 (novembro de 2019)

No Brasil: inédito

Nota dos editores:  5.0


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