Event Leviathan #6

Event Leviathan se propôs a ser parte da longa tradição de histórias, séries e sagas que a DC Comics construiu usando a espionagem. Das histórias soltas e divertidas com Secret Six, King Faraday, Argent e outros nos anos 1970, ao período de maior coesão liderado por John Ostrander nos anos 1980 com o Esquadrão Suicida, o Caçador Mark Shaw, além do Cheque-Mate de Paul Kupperberg e outros. Nos anos 1990 e 2000, tivemos a mensal (inédita no Brasil) da personagem Chase (com arte de J.H. Williams III), a nova Caçadora de Mark Andreyko, mas somente com os Novos 52 foi retomado um certo ajuste da cena de espionagem na DC, com a agência governamental A.R.G.U.S. em destaque. Resumo da ópera? Brian Michael Bendis quis brincar com essa caixa de brinquedos da DC.

Criou uma bela expectativa, construiu um suspense, mas o desenvolvimento, a execução e aquela que seria a grande revelação não convenceram. Um personagem misterioso apareceu, começou a atacar as agências e grupos de espionagem, desestabilizou o status quo, mas a explicação para tudo isso foi fraquinha. O personagem-chave se revelou como Mark Shaw, o Caçador dos anos 70/80. E isso não fez a menor diferença. Esse é um daqueles gibis feitos por Bendis que possuem boas ideias, criam boas bases para futuras histórias, porém sofrem claramente de um dos maiores defeitos desse roteirista: a enrolação. Não foi uma saga ruim, mas foi arrastada, cansativa e poderia tranquilamente ter sido uma história em duas partes. O prólogo em 5 partes, publicado em Action Comics entre as edições 1007 a 1011, se mostrou muito melhor do que o próprio evento em si.

Quanto à arte, Alex Maleev é garantia de qualidade, embora continue com seu ponto fraco sem sinal de melhoria… O cara não consegue MESMO desenhar cenas de luta. E isso pesa demais em uma série com Batman, Robin, Arqueiro Verde, etc e tal. Mas não entenda mal, ainda assim é um desenhista do primeiro escalão.

A minissérie desperdiçou muito tempo com interações inúteis, páginas inteiras nas quais Bendis descaradamente esticava diálogos ou tentava extrair algo de interessante do monte de personagens que foi se amontoando, mas foram poucas as vezes que rendeu algo bom. E tem a revelação final: o sujeito sob a máscara de Leviathan. Que a) só é conhecido por leitores das antigas, mas que não faz muita diferença pro cenário atual da DC, poderia ser qualquer outro personagem e b) é desconhecido/irrelevante para os leitores dos últimos, sei lá, 20 anos e por isso mesmo não gerou impacto algum pra eles. O negócio ficou tão raso que tem até uma lista de tramas e subtramas elencadas por Lois Lane ao final, meio que pra tentar dizer “Sim, foi fraco, mas bora ver as consequências pra ver se dessa vez a gente acerta”. Lembrou Conspiração Janus, lembrou Milênio, mas não foi nem uma nem outra e acabou sendo um pastel de vento.

 

  

Roteiro: Brian Michael Bendis

Arte: Alex Maleev

Editor: Mike Cotton

Capa: Alex Maleev

Publicação original: Event Leviathan #6 (novembro de 2019)

No Brasil: em breve

Nota dos editores:  2.5


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