Cinder & Ashe

5.0

NOTA DO AUTOR

Eu nunca ouvi falar desse material, que fora publicada pela Abril em duas partes, em junho e julho de 1989, com o selo Minissérie de Luxo e formato americano (o capa dura da época). Após isso, entrou no limbo editorial que a Panini resgatou agora, sem alarde, sem motivos, e soltou num único volume em capa dura, num formatão pouco maior que o americano. Com sorte, você acha fácil num preço bacana (uns R$ 30,00). Caso a sorte sorria para você, não pense duas vezes e compre Cinder & Ashe. Não se arrependerá.

Infelizmente, Gerry Conway é pouco lembrado por nós. Talvez sempre surja em conversas como o cara que matou Gwen Stacy. Chamá-lo de operário seria reduzir demais sua vasta produção, de altíssima qualidade. Mas nesse mundo atual, se um autor não tem um capa dura para chamar de seu, vira operário modelo da indústria. Conway agora tem o seu, mesmo que siga voando abaixo dos radares. Você acreditaria em mim se eu dissesse que essa história não é datada, mesmo envolvendo traumas de guerra (no caso, a do Guerra do Vietnã), assassinatos misteriosos, uma investigação temperada com thriller político e muita ação? Tem elementos fortes e marcantes do final dos anos 1980? Com certeza. Mas nem a Guerra do Vietnã você precisa conhecer para se divertir com esse gibi (basta saber que foi uma guerra. Moleza).

Conway nos entrega uma ótima história, daquelas que te prendem até o final, de leitura ágil, personagens envolventes e um mistério que se segura até o final. Diálogos certeiros, dinâmicos, inteligentes, daqueles que te deixam sorrindo. “É por isso que leio gibis”. Não tem excessos, não tem nada fora do lugar, tudo bem amarradinho, utilizando tudo ao seu redor, incluindo o cenário (como os pântanos da Louisiana). Eu li isso aqui de uma tacada, deitado na rede. Mas um Conway só não faz verão, não é mesmo?

A outra andorinha atende pelo nome de José Luis García-López. Vamos ser justos: a Panini acertou em cheio no formatão desse encadernado, valorizando a arte do mestre. O traço do García-López com as cores do Joe Orlando passaram um efeito moderno que só engradece a história e, de novo, não deixa aquele gosto de datado ao final da leitura. Se o roteiro é dinâmico, a arte não fica atrás: você ficará suado diante das maravilhosas cenas de ação, dessas que não devem em nada aos bons filmes do gênero, de qualquer época. Aliás, García-López dá um show com uma narrativa cinematográfica que deixa você triste ao pensar: por que raios nunca adaptaram isso para a tela grande? Está pronto para rodar. E o melhor: pode ser filmado agora mesmo.

Por fim, um adendo útil: não se engane, Cinder & Ashe é um gibi voltado para o público adulto, com temáticas (e cenas) bem pesadas, por sinal. Guerra, violência de todo tipo, crueza ao tratar os assuntos abordados e uma sinceridade ímpar numa relação homem e mulher. Por trás de toda essa “simplicidade” que tentei expor acima, há elementos que te deixam pensando. Mesmo sendo uma leitura rápida e envolvente, você não termina sem uma pulga atrás da orelha.

 

  

Roteiro: Gerry Conway

Arte: José Luis García-López (cores de Joe Orlando)

Editor: Pat Bastienne

Capa: José Luis García-López

Publicação original: Cinder and Ashe (maio-agosto de 1988)

No Brasil: abril de 2020

Nota dos editores:  5.0


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