25 anos de A Morte do Super-Homem

Em dezembro de 1992, o Super-Homem (como era chamado aqui) morreu. Ou melhor, foi morto por uma besta insana saída das profundezas da terra e que deixou um rastro de destruição de Ohio até Metrópolis, onde lá sucumbiu após uma luta violentíssima com o maior herói da DC Comics, que igualmente tombou. Onde você estava em 1992?

Eu estava na escola, no primário, e mal havia iniciado a ler gibis de super-heróis. Batman dividia (e geralmente perdia) espaço com outras revistas (O Pica-Pau, As Aventuras dos Trapalhões e as turmas do Arrepio e da Mônica). Nem sequer tomei conhecimento desse evento, que me passou batido, pois ainda não era frequentador de bancas. Só fui tomar conhecimento em meados dos anos 1990, via Herói Gold. E uma das primeiras coisas que me veem à mente quando penso em A Morte do Super-Homem é a imagem abaixo, que eu vi pela primeira vez na citada Herói Gold e que até hoje me causa um turbilhão de sentimentos (e cada vez mais nostalgia): vários super-heróis marchando atrás do caixão, com a população de Metrópolis assistindo tudo quieta, debaixo de uma insistente chuva.

Somente algum tempo depois consegui, via sebo, comprar as edições que a editora Abril havia lançado e finalmente li a história. Demorei um bom tempo para reler, algo que fiz recentemente, muito embalado pela data comemorativa (e devido ao episódio do Pilha de Gibis sobre o evento). E posso te dizer que ainda é uma grande história, muito bem urdida e costurada por Mike Carlin, então editor das (vindouras) “Revistas de Aço”.

No prefácio da edição encadernada, Carlin lembra de uma pergunta para lá de pertinente e repetida a exaustão por todo repórter que o procurava para saber mais daquele história. Todos pareciam indignados com a ideia de matar o maior herói da editora, um verdadeiro símbolo norte-americano. Eles não podiam tirar isso das pessoas.

O editor deixou claro que não era ele ou os artistas que estavam matando o personagem. Amargando baixas vendas, bastante esquecido diante de sucessos meteóricos daquele início de década, o Super-Homem parecia uma lembrança distante entre os leitores. Carlin, então, rebatia os jornalistas um a um: “Bom… quando foi a última vez que VOCÊ comprou um gibi do Super-Homem?”

As respostas eram sempre as mesmas. Então nada como um grande evento para voltar a alavancar as vendas de um personagem. Aqui funcionou. Se hoje virou padrão, com grandes eventos semestrais e heróis morrendo da forma mais banal possível, talvez não seja culpa desse arco do Azulão. Tampouco é dos leitores, que estão saturados dessa estratégia e de histórias cada vez mais repetitivas e menos inspiradas. A Morte do Super-Homem foi, sim, um evento caça-níquel, com o objetivo primeiro de aumentar as vendas dos títulos. Funcionou. Mas também foi uma grande história, que sintetizou toda a essência do personagem. Mesmo que para isso fosse necessário inventar um vilão genérico e vazio, criado apenas com esse propósito.

Além dos 25 anos de A Morte, completados em dezembro passado (ao menos seu início), 2018 é um ano especial: o Superman completa 80 anos! E para comemorar, ao longo do ano teremos podcasts, matérias e reviews dedicados ao personagem. Venha celebrar conosco!


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