“Ora, direis, comprar mensais!”

Fazia mais de um ano que eu havia comprado revistas mensais pela última vez. Em fevereiro de 2016, Batman e Liga da Justiça eram os únicos títulos que eu ainda acompanhava com regularidade. Quando veio a Convergência, eu decidi parar com ambas e focar em encadernados. Eu tentava me convencer de que estava fazendo a coisa certa, porque isso, em tese, me permitiria economizar alguma grana. Ledo engano: o gasto não apenas ficou maior, como a quantidade de séries chegando em formato de coletânea cresceu exponencialmente. Você sabe o desespero que dá, quando a gente vê tanta coisa legal na banca e tem que decidir o que levar e o que deixar.

Alguns meses depois, a DC Comics anunciou o Rebirth que promoveria em suas revistas, numa esforço para resgatar elementos que os leitores sempre prezaram na sua mitologia e que haviam sido ignorados ou “esquecidos” durante os cinco anos da fase Os Novos 52. O magistral especial Universo DC: Renascimento, atualmente nas bancas brasileiras pela Panini, foi o pontapé inicial das mudanças, que avançaram sobre todos os títulos da casa.

Aqui, no Brasil, a chegada do Renascimento me motivou a retomar o hábito de comprar mensais. A ideia me rendeu críticas de colegas jagunços. Segundo eles, tudo vai acabar sendo reunido em encadernados em, no máximo, dois anos; e que eu estava, em bom português, apenas sendo otário.

Ora, vamos lá, coleguinhas! O modelo de mix que reinou aqui por décadas nos obrigava a passar na banca todo mês e comprar uma revista de quatro a sete histórias, das quais realmente gostávamos apenas de metade – ou menos. O modelo estava sujeito a mais um tipo de problema: histórias que saltavam de um mix pro outro, deixando aquele leitor que não comprava de tudo órfão de uma série de que talvez até gostasse. Estas sempre foram queixas majoritárias dos leitores brasileiros.

E o que temos agora, com o Renascimento? Com a periodicidade quinzenal de boa parte dos títulos, imagine o quão defasada a publicação nacional ficaria no modelo clássico? A Panini tomou, então, decisões bastante inteligentes: Seus principais ícones (Batman, Superman, Mulher-Maravilha, Lanterna Verde e Liga da Justiça) ganharam títulos mensais exclusivos, com as duas histórias mensais das originais (a exceção é a dos Lanternas, que abriga dois títulos originais e, portanto, terá o dobro de páginas). Action Comics e Detective Comics, títulos que sempre integraram os mixes de Superman e Batman, respectivamente, ganharam edições nacionais. A partir de junho (o maio da Panini), teremos as estreias de Arlequina, Esquadrão Suicida e Jovens Titãs, em moldes semelhantes.

Os demais personagens, que se provaram incapazes de sustentar um título mensal por aqui, serão publicados em encadernados trimestrais (e, há alguns anos, se alguém me dissesse que chegaria o dia em que a Arlequina ou o Esquadrão seriam mais populares do que Flash ou Arqueiro Verde, eu gargalharia feito um Rastejante sob efeito de crack).

Ou seja, revistas para todos os gostos, tudo separadinho, sem ninguém empurrando tranqueiras pela sua goela. É ou não é uma pequena Era de Ouro? O que pode um pobre leitor, antes convicto de seu apego a coletâneas, fazer num momento lindo como esse, diante das belezinhas que são as edições #1 do Renascimento? Eu te digo: TREMER NA BASE E COMPRAR TUDO! (Na verdade, nem tudo. Não morro de amores por Esquadrão ou Arlequina e não pretendo comprar suas revistas. Titãs ainda estão sob análise.)

Sabe o que mais? Meus amigos estão certos: daqui a dois anos, talvez menos, os primeiros arcos devem começar a ganhar encadernados – que eu, verme que sou, hei de querer comprar, já pensando no beneficiário de minha periódica onda de generosidade, que me faz doar coleções inteiras, a fim de formar novos leitores. Te digo, porém, com pureza de coração, que está sendo uma delícia ir à prateleira pra pegar as revistas do momento – e a “tia” de cuja banca sou freguês, enternecida, agradece.

P.S.: Adeus, papel Pisa Brite, o diabo que te carregue!

 

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