Tirando do Plástico #1: Maio/2017

A ideia por trás do Tirando do Plástico foi surrupiada dos unboxings – que, bem ou mal, são verdadeira febre na rede – e tem o escopo de apresentar aos leitores nossas últimas aquisições e primeiras impressões sobre quadrinhos, livros, colecionáveis, blu-rays, etc. Enfim, tudo aquilo que desembolsamos alguns TemeR$ ou, vá lá, usucapimos quando ninguém estava olhando.

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Monstro & Zenith: Volume 1

Nos últimos meses, a Mythos Books vem provando que nem só de Juiz Dredd vive a britânica 2000AD, publicando coletâneas dos primeiros trabalhos de autores outrora desconhecidos como Alan Moore e Grant Morrison. Com certo requinte, e de modo geral, os preços de capa da Mythos não são lá tão convidativos quanto os praticados pela Panini nas linhas Novos 52 e Nova Marvel, mas o apuro gráfico e conteúdo da primeira sobrepujam – e muito! – a segunda; fora que dá para arrumar descontos generosos em megastores.

Em Monstro, embora capitaneie os créditos, Alan Moore só assina o roteiro das quatro primeiras páginas, o restante fica a cargo de “Rick Clark”, pseudônimo de Alan Grant e John Wagner. Nesse sentido, o leitor pode até se sentir enganado, a exemplo do Frank Quitely “mínimo” em Missionário: Lua de Sangue, mas se conseguir deixar um pouco de lado o afã pelo mago de Northampton, pode acabar se surpreendendo. Algo que, por sinal, vem acontecendo comigo.

À primeira vista, Zenith é um jovem Grant Morrison impressionado com Watchmen, e ainda em busca do sonho dourado no Novo Mundo. O personagem-título é considerado o primeiro super-herói da 2000AD e, como disse, tem fortes ligações com as estruturas narrativas desencadeadas no advento dos Homens-Minuto, como uma super-humanidade limitada a um punhado de indivíduos, a apatia com o humano, conflito de gerações e, claro, a “bomba”.

A falecida Pandora Books chegou a publicar três [das quatro] fases do título em 2003, e agora a Mythos uniu o útil ao agradável publicando as quatro em dois volumes. O segundo, inclusive, já se encontra em pré-venda e vai rolar review especifico; a quatro mãos, comigo e o Senhor Yeoman assinando.

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Parker #3: O Golpe & Projeto Manhattan #4

Não faz muito tempo que era só ver um anúncio de quadrinho de minha estima sendo prometido pela Devir, que logo me abatia a tristeza. Motivos para isso eram – espero! – muitos e para não me demorar, cito apenas os recentes abortos em Jogos de Poder [Queen & Country], The Boys e Imperdoável. Daí quando saiu os primeiros press releases a respeito de Saga, Projeto Manhattan e Parker, a primeira reação fora àquela que acabei de descrever. Felizmente, a editora vem se reinventando a olhos vistos e honrando a continuidade desses materiais com celeridade exemplar e preços de mercado razoáveis.

Caso a essa altura ainda desconheça do que se trata o Parker, não seja por isso, convido-lhe(s) a ouvir o mais recente episódio de 7 Jagunços. Em duas horas de programa, fizemos uma verdadeira devassa na carreira do saudoso Darwyn Cooke. Já Projeto Manhattan é um Jonathan Hickman, com passe supervalorizado após passagem de sucesso na Marvel, utilizando de conceitos similares aos usados em Architects of Forever e FF para brincar com ciência de borda.

A série ainda está em curso lá fora, logo, para que a Devir continue a fazer sua parte, é vital que os leitores brasileiros continuem a fazer a sua.

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Justiceiro #4: Na Própria Carne & Injustiça #7: Deuses Entre Nós

Sempre recebo com desconfiança as novas equipes criativas a frente do Justiceiro, sobretudo àquelas que herdam um bom legado; foi assim com Greg Rucka e Nathan Edmondson, que, diga-se de passagem, entregaram runs honestos, sobretudo o primeiro. Meu problema com esse que acaba de chegar às bancas é que Becky Cloonan como roteirista, é uma artista excepcional. Quer dizer, não entrega nenhuma trama que já não tenha sido replicada uma centena de vezes por outros escritores mais capazes e, pior de tudo, cai na armadilha de “atualizar” aspectos da origem do personagem. O único senão aqui é a arte de Steve Dillon, que salva o dia e faz bonito nesses últimos momentos de sua carreira.

A continuação do game acaba de ser lançado, mas a subestimada versão quadrinizada já vem a quatro anos trabalhando a premissa daquele Superman tirano. Ouso dizer que o enredo, de Tom Taylor, chega a ser superior a todas as histórias da Liga da Justiça publicadas na gestão Novos 52/Renascimento, trazendo consigo um nível de interação do Universo DC que não se costuma vislumbrar nas revistas de linha. Por outro lado, se os visuais adotados no jogo de Ed Boon são funcionais para àquela mídia, o mesmo não pode ser dito nos quadrinhos.

Aliás, “agradeça” a Injustiça por aquele visual do Flash de Ezra Miller.

Quanto ao sétimo encadernado aqui, confesso que tive certo receio se chegaria ou não, haja vista que a Panini Books lançou recentemente em capa dura um volume que compilava os dois primeiros TPBs dessa coleção – e o segundo já se encontra em pré-venda. O que, vamos combinar, é uma decisão editorial sensata e respeitosa com o público leitor veterano, que, ao menos por ora, poderá seguir despreocupado com o conflito HC vs. TPB.

Por último e não menos importante, Injustiça #7 marca a estreia de Brian Buccellato (Flash/Detective Comics) no título, assumindo de onde o – agora exclusivo da Marvel – Tom Taylor parou.

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Por hoje é só. Voltamos a qualquer momento com a 2ª parte desse inventário de “plásticos” partidos de maio.

 

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