A Revista uma Década à Frente #01

 

Tudo começou há alguns meses, quando eu finalmente completei a minha coleção de DC 2000 – A Revista uma Década à Frente!

Nunca havia lido essas revistas (já tô escutando o Dãozinho falando “EU JÁ SABIA!”) e pensei com meus botões (na verdade, eu tava só de bermuda na casa da minha mãe, mas você entendeu): por que não fazer uma série de posts contando e comentando cada edição dessa belíssima revista?

Como diz o texto introdutório da primeira edição, o momento da DC no Brasil nunca havia sido tão bom, desde a saudosa Editora Brasil-América Limitada – a EBAL. A Crise nas Infinitas Terras havia reiniciado o Universo DC (UDC) pouco tempo antes e já havíamos tido a primeira megassaga depois do novo UDC, Lendas, onde tivemos a introdução da nova Mulher-Maravilha e uma nova Liga da Justiça.

No ano seguinte, tivemos Milênio, saga que envolve os Novos Guardiões e onde ressurgem os Caçadores Cósmicos. A Editora Abril precisava de uma revista onde pudesse colocar todos esses personagens novos que ganharam destaque após Lendas e Milênio e que não teriam espaço em outras publicações de linha da editora, e lançou a DC 2000. Passaram pelas páginas da revista personagens como a própria Maravilhosa, Xeque-Mate, L.E.G.I.Ã.O, Nuclear, Gavião Negro, Sr. Destino, Starman, Sr. Milagre, Legião dos Super-Heróis, Flash, Darkstars, Rapina & Columba, Arqueiro Verde, Batman (no finalzinho) e, é claro, Homem-Animal do Grant Morrison.

Disso tudo, a única coisa que eu já li dessa fase, foi o Homem-Animal, e mesmo assim foi o “busão” gringo (sorry, perifery). Vou tentar nessa série de posts mostrar minhas impressões em cada edição e ir descobrindo junto com vocês porque essa foi uma das melhores e mais divertidas revistas já publicadas no Brasil.

Agora, deixemos de lero-lero e vamos começar.

A primeira história ÉVAH de DC 2000 é da Mulher-Maravilhosa. Diana está voltando pra Ilha Paraíso, logo depois dos acontecimentos de Milênio, e descobre que Héracles está sustentando o peso da ilha (não me pergunte como isso aconteceu). Ela havia dito que tinha deixado Hipólita, sua mãe, ferida para cumprir as ordens de Hermes. A Rainha das Amazonas está bem fraca e a versão da DC do Hércules manda Diana levar a mãe à superfície, pois o peso da ilha é muito grande até pra ele.

Ela faz o que o Héracles pede, mas logo em seguida volta para ajudá-lo. Ele fala que não merece a ajuda dela, pois ele está pagando pelo que fez e Zeus o está punindo. Ela diz que vai ajudá-lo, pois ele está carregando a vida das irmãs dela nos ombros e ele não deve fazer isso sozinho.

Nisso, surge Zeus, falando que ele estava errado, e que as Amazonas ainda acreditam nele e em seu panteão, e que a misericórdia mostrada por Hipólita e Diana para com Hércules (vou falar mais sobre isso mais tarde) mostra que elas são talvez a raça mais nobre a pisar em Gaia. Com isso, ele, junto com as outras deusas do Olimpo, fazem com que o peso da ilha seja agora suportado pela Terra, liberando o semideus de seu fardo eterno.

Mas a terra começa a preencher o espaço em que eles estão muito rapidamente, fazendo com que tenham que sair dali rapidinho. Diana não se faz de rogada, pega o maganão nos braços e sai voando de lá.

Chegando na ilha, o Héracles quer falar com as Amazonas, porém elas estão com medo do cabra, pois ele as havia aprisionado na antiguidade. Hipólita reúne suas forças e diz que elas deveriam escutá-lo. Depois de ter sido o motivo de elas terem sido exiladas, ele se torna o primeiro homem a por os pés na ilha.

O discurso que ele faz a seguir é bastante emocionante. Ele pede desculpas por tudo que havia feito, apesar de ter sido imperdoável. Para quem não sabe, segundo a mitologia grega, Héracles VIOLENTOU Hipólita e aprisionou o restante das amazonas.

Mas, apesar disso, todas o perdoaram e levaram Hipólita para se curar de seus ferimentos. Os deuses e deusas do Olimpo estão comemorando, mas acabam se lembrando das recentes perdas que tiveram e ficam mais contidos na comemoração.

Depois de todos os conflitos, a Rainha Hipólita decide acabar com o exército de Themyscira, queimando todas as armas da ilha.

Mais tarde, já recuperada, a rainha conversa com o Héracles, que questiona Hipólita se Diana poderia ser filha dele, do estupro ocorrido. Ele fica feliz quando ela diz que não, pois uma criatura tão maravilhosa não deveria ser fruto de um ato tão vil.

Quando ele está indo embora, eles trocam um beijo apaixonado, deixando claro que ela já o perdoou.

Mais tarde, Hipólita decide mandar novamente Diana para o mundo do patriarcado para ser a Embaixadora de Themyscira no mundo dos homens, podendo assim ensinar mais sobre a cultura das amazonas e pregar a paz e a igualdade que elas tanto desejam. Pra isso, ela ganha as sandálias aladas de Hermes, o que permite que ela viaje entre os mundos mais facilmente.

E esse é o fim dessa história. Uma história de transição que fecha um ciclo para o início de outro, na próxima edição. Quem começou a acompanhar aqui, ficou meio perdido com o que aconteceu anteriormente. Mas isso não importa quando você vê a obra prima que o George Pérez faz a cada página, quando ele está no auge do seu talento. Mesmo no formatinho, você percebe toda a qualidade do trabalho do artista.

Na segunda história, tem uma introdução do Xeque-Mate, mas numa Action Comics, o que faz John Byrne ser o co-criador da agência. Muitos dizem que esse é o auge criativo do canadense, tanto nos roteiros quanto nos desenhos. Achei os desenhos meio desleixados nessa história (chupa, Dão!).

A história gira em torno do ministro da defesa do Qurac, que está em Metrópolis para uma conferência especial. A intrépida Lois Lane é enviada pelo Perry White para entrevistá-lo, mas o cara não gosta muito por ela ser uma mulher. Após uma discussão sobre isso, ele chama os guardas para “escoltar” Lois pra fora, não antes de acoitá-la. Quando ele ia começar as chibatadas, entra um grupo que sequestra todo mundo, inclusive a repórter. Para manter o Superomão ocupado, eles também sequestram um navio nuclear que está parado no porto da cidade e ameaçam explodir o reator, o que geraria uma nuvem radioativa que atingiria toda a costa.

É aí que vemos pela primeira vez os Cavalos do Xeque-Mate, com seu tradicional uniforme preto e amarelo. Primeiro, no cativeiro de Lois e do ministro, depois no navio com o Super-Homem. As duas ameaças são rapidamente neutralizadas, com a ajuda tanto da repórter quanto do Último Filho de Kripton. No final, o ministro, apesar das ameaças à Lois e de seu país apoiar abertamente terroristas, teve garantia de que poderia sair dos EUA ileso. E assim acontece, mas, logo que sai do espaço aéreo ianque, seu avião explode.

Como uma primeira história do grupo, ela não explica muita coisa, até porque foi quase uma participação especial na história do Super. O final da história mostra o tom que as histórias no título mensal teria, com muita ação e as histórias focadas em espionagem, política internacional e muita ação.

A história seguinte já é a primeira da mensal do grupo, escrito pelo Paul Kupperberg e arte do Steve Erwin com Al Vey. Aqui temos explicado como funciona a estrutura da agência, com seus Cavalos, Peões, Torre, Bispos (o primeiro foi o Harvey Bullock, que eu não fazia ideia de que ele já tinha sido aproveitado fora das histórias do Morcegão) e, é claro, Rei e Rainha.

A história começa com um ataque a bomba na bolsa de valores de Chicago e com o Bullock conversando com a Espinho Negro. Ele explica que a agência apenas faz o que ela e o Vigilante já faziam e tem medo que, caso seja pega, ela dê com a língua nos dentes. Ela diz que isso não vai acontecer, mas o Bullock não está muito convencido e, com a ajuda de dois agentes, consegue apagar a moçoila e levá-la pro QG do Xeque-Mate. Amanda Waller, que tinha sido nomeada a Rainha, não ficou nem um pouco feliz com a coisa, mas, depois que o Rei diz pra ela relaxar e deixar com ele, ela cede. Quando a Espinho acorda, o Bullock explica pra ela (e pra nós) o que é o Xeque-Mate. Depois da explicação, ele é chamado pra uma reunião sobre a missão que a Waller deixou pra eles. A Espinho fica aos cuidados de um dos agentes. A missão envolve um grupo neonazista que atua nos EUA, do qual um membro foi responsável pelo ataque em Chicago. Eles decidem mandar um dos Cavalos para investigar mais de perto esse grupo neonazista e debelá-lo.

A história então segue pra uma ação desenfreada, com o Cavalo enfrentando o grupo e usando toda a estrutura da agência para conseguir pegar os neonazistas. No final, o Cavalo acaba se revelando um homem negro, mostrando pros racistas que eles foram sobrepujados por uma raça “inferior”.

Além das três histórias citadas, a revista conta ainda com um texto final, assinado pelo editor da DC Mike Gold, explicando o que é o Xeque-Mate e dando o currículo dos criadores.

No próximo post sobre a publicação, teremos duas histórias da Mulher-Maravilha e a continuação de Xeque-Mate! Até lá!No geral, a estréia da DC 2000 é muito boa. A história da Mulher-Maravilha é a mais fraca da edição, mas ela conta com os desenhos primorosos do George Pérez, então passa na média. Xeque-Mate mostra um potencial enorme. Como eu nunca havia lido as histórias do grupo, vamos ver se essa expectativa se concretizou. Ela ainda anuncia que, futuramente, veremos histórias de Starman e, é claro, Homem-Animal.

 

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