The Wild Storm

O selo Wildstorm já foi associado a quadrinhos fúteis, com uma boa arte, porém, com um conteúdo fraco. Isso pode ser até verdade, nos primórdios da editora Image, quando todos os títulos coexistiam e se esbarravam por um universo comum e bem pouco original.

Porém, o Universo Wildstorm tomou forma bem antes da “Primeira Vinda” de Warren Ellis, já no final da década de 90. Nomes como Jim Lee (sim, justiça seja feita), Alan Moore e Joe Casey (Wildcats 3.0, inédita no Brasil e excelente) já tinham esboçado as estrutura do que ficou conhecido como o Universo Wildstorm. Nesse Universo, a Terra é um campo de batalha milenar de espécies alienígenas, resultando no século XX em personagens heróicos, ações secretas e mestiços superpoderosos.

Eis que Warren Ellis, um autor já formado, mas sem grandes destaques, reformulou o Universo Wildstorm para o próximo século. Com dois títulos: Planetary mapeou o cenário fantástico do passado do século XX, mostrando que o mundo era muito estranho, e um grupo de pessoas notáveis iriam fazer de tudo para mantê-lo assim. Porém, foi seu segundo título, o bombástico Authority que mostrou uma nova geração de heróis e heroínas para o século XXI. O herói agora poderia ser um outsider, gay, drogado e andar descalço. Suas atitudes é que falariam mais alto!

Todo esse cenário conspiratório, realidades alternativas, alienígenas interferindo na economia e política mundial, com agentes secretos e poderes estranhos envolvidos em uma guerra nas sombras já estavam presentes no Universo Wildstorm. E estão, agora, depurados, atualizados e ainda mais intrigantes em The Wild Storm!

Em 2017, a pedido de Jim Lee, Ellis voltou ao playground que ele tanto conhece e cuja construção foi parcialmente responsável.  “Jim Lee me ligou”, contou Ellis em entrevista à Vulture. “O que ele me pediu pra fazer foi um reboot do Universo Wildstorm. Reinventar, usando todas aquelas coisas que Jim e seus amigos estavam interessados na época: conspirações, inteligência alienígena, trans-humanismo e coisas realmente paranoicas”. Até agora só saiu um título, The Wild Storm; mas estão previstas mais três revistas, no curso de dois anos de publicação.

Cuidado com SPOILERS a partir daqui.

As cinco primeiras edições de The Wild Storm estabelecem o novo Universo Wildstorm. Organizações como O.I., Skywatch e Halo estão reformuladas. Pessoas, também. A trama está se concentrando na Engenheira (sim, com “E” maiúsculo) Angela Spica, que roubou um artefato (ou endoesqueleto) da O.I., que por sua vez roubou do Skywatch. Jakob Marlowe, uma espécie de Steve Jobs dessa realidade, está na corrida em busca desse artefato. Para isso, Marlowe aciona um Comando de Ação Tática – um CAT sem filiação. Um WildCat, pegou?

Michael Cray (se você conhece o velho Universo Wildstorm, já deve ter sacado que estamos falando de Deathblow) está sendo construído aos poucos. Devota, Bandoleiro e até uma Jenny Sparks midiática já deram as caras nesse universo reformulado. É um barato reconhecer velhos nomes com uma roupagem atualizada, versões menos fantásticas dos velhos personagens Wildstorm, agora em lados opostos, envolvidos numa megaconspiração. Até um Daemonita já deu as caras!Para novos leitores, um novo universo intrigante para conhecer. Para os leitores das antigas, vale o redesign e a habilidade do Ellis em utilizar o conceito original, com algumas reformulações. Novos e velhos leitores são presenteados com uma trama intrigante, uma arte moderna e muito interessante. Um universo que vale a pena conhecer.


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3 comentários sobre “The Wild Storm

  1. Reginaldo, se bem me lembro, a Jenny Quantum, sucessora da falecida Sparks na versão original, era também asiática (singapurana?). Será mera coincidência? Lembrando que àquela Quantum tinha poderes sobre a realidade.

    Pintura de texto. A propósito, qualquer dia desses precisamos reunir a gangue para falar de Cats 3.0.

    Abraço.

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