Fora da Pilha #01

Pegando emprestada a ideia do Luwig com seu Diário de Editor, resolvi começar uma coluna aqui também. Mas sobre o que falar?

O Luwig sugeriu uma coluna chamada GibiRuim, com aquela pegada do nosso saudoso blog, resgatando algumas coisas como o Grandes Cartinhas da Humanidade. Essa ideia não foi descartada, mas ainda não é a hora. Dãozinho sugeriu falar sobre colecionismo e a Pilha, que quem escuta nossos podcasts, principalmente o Pilha de Gibis, sabe que ela sempre cresce. E Pilha sim com “P” maiúsculo, pois pra mim ela é sagrada e tem que ser respeitada. Mas esse assunto pode ficar pra uma outra edição dessa humilde coluna.

Resolvi começar falando sobre minha experiência com os eventos de quadrinhos. Sim, eu já fui a alguns e posso dizer que a experiência é maravilhosa pra quem gosta da Nona Arte.

Pelo que me lembro, meu primeiro evento de quadrinhos foi o Tadaima, que era mais voltado aos mangás e animes, realizado em Maceió. Não lembro exatamente do ano, acredito que foi em 2003. Mas como o evento era exclusivamente voltado para animes e mangás, que eu não curtia na época (animes ainda não são meu forte), não foi uma experiência tão marcante assim. Valeu por ser em Maceió, que não recebe tantos eventos voltados pra essa área, e pra perceber que eu e meu pequeno círculo de amizades não éramos os únicos que gostavam dessas nerdices por aqui.

Em 2004 fui para meu primeiro evento fora de Maceió. Foi o 6° FIHQ – Festival Internacional de Humor e Quadrinhos, realizado no Recife. O evento teve um convidado de peso: Keno Don Rosa, autor de A Saga do Tio Patinhas, entre outros, considerado por muitos o herdeiro do Carl Barks. Tentei comprar as edições em formatinho da Saga e não achei em lugar nenhum. Mandei um e-mail para a Editora Abril perguntando onde achar as edições e eles não se fizeram de rogado: enviaram as duas edições pra mim pelos correios, sem nenhum custo! Com isso, me juntei a mais 4 amigos e pegamos a estrada rumo à capital pernambucana!

O evento em si não era nada de mais. Havia algumas exposições e pouquíssimas revistas à venda. Mas isso não fazia diferença, pois eu havia embarcado numa viagem pra ir a um evento de quadrinhos, um pequeno sonho nerd realizado! Além disso, foi a primeira viagem com os amigos da chamada Mesa Redonda AL, grupo que começou na internet, nas listas de discussões de quadrinhos por e-mail, passou pelos fóruns como MBB e Panini e seguiu pela vida real, ultrapassando e muito o ambiente virtual. Desses amigos, apenas um acabou se afastando dos demais, e este foi o protagonista da história mais inusitada dessa primeira viagem: o garoto (na época) gastou todo o dinheiro que havia levado na primeira loja em que paramos e ficou sem a grana da janta do dia. Além disso, no dia seguinte passou toda a viagem de volta para Maceió (pouco mais de 3 horas) segurando os preciosos gibizinhos que havia comprado com medo de que alguma coisa acontecesse com eles.

No ano seguinte veio o auge: o FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos, em Belo Horizonte! Até hoje, com esse tanto de evento nerd que acontece Brasil afora, considero-o o mais charmoso. E isso principalmente por 2 motivos: é gratuito e faz parte do calendário oficial de eventos da cidade, o que faz com que principalmente escolas façam passeios com seus alunos até o local, tornando-o mais lúdico, na minha opinião. O segundo motivo é a cidade. Belo Horizonte é um lugar incrível! Capital com espírito de cidade do interior, com um povo acolhedor e muito simpático. Conheci pessoalmente algumas das figuras que conhecia apenas virtualmente e que na sua grande maioria mantenho contato até hoje. Fora que foi nesse evento que comecei a ampliar meu interesses quadrinísticos: conheci Dylan Dog, 100 Balas e comprei alguns dos meus primeiros quadrinhos independentes, como a Quase e a Tarja Preta, e peguei o meu primeiro autógrafo de um autor internacional: Gianfranco Manfredi, numa história que eu já contei em um Pilha de Gibis.

Voltei à BH para o FIQ em 2009 e 2011, já bem maior, com mais expositores e mais lojas vendendo quadrinhos. Na primeira edição que fui apenas a Leitura vendia quadrinhos mainstream com seu tradicional “desconto”. Nas outras edições já havia a presença da Comix, o que dava uma certa concorrência no evento, além de vários convidados de peso: Bill Sienkiewicz, Jill Thompson, Ben Templesmith, Ivan Reis, Eddy Barrows, Maurício de Sousa, Craig Thompson, entre muitos outros. No FIQ de 2009 voltei a comprar uma edição da Turma da Mônica, com o projeto MSP 50. Conheci o traço maravilhoso do Vítor Caffagi, que já nessa época dava o que falar com a sua história do Chico Bento. Em 2011 eu estava presente quando o Sidney Gusman anunciou o projeto Graphic MSP, com os primeiros teasers do que viria a ser Astronauta: Singularidade, do Danilo Beyruth, Turma da Mônica: Laços, de Vitor e Lu Caffagi, Chico Bento: Pavor Espaciar, do Gustavo Duarte e Piteco: Ingá do Shiko. Foi nessa edição do FIQ também que aconteceu o primeiro case de sucesso do Catarse: Achados e Perdidos, de Luis Felipe Garrocho e Eduardo Damasceno. Eu não sabia nem o que era o Catarse e um colega, que não ia ao evento, me pediu pra pegar a edição dele com os autores. Peguei a dele e comprei uma pra mim, pois gostei muito dos desenhos.

Gostaria muito de ir ao FIQ esse ano, pelo evento em si mas principalmente para reencontrar os amigos mineiros que falam feito personagem de novela das 6, mas depois de uma rápida pesquisa pelo preço das passagens aéreas para a época do evento já me desanimou. Quase R$ 1500,00 de ida e volta. Fora hospedagem e alimentação. Quem sabe daqui pra lá eu não ganho na mega-sena e paro de me preocupar com essa coisa mesquinha que é o preço das coisas.

Enquanto isso, na Pilha de Leitura…

Uma das minhas leituras atuais é Bone – One Volume Edition, que como o nome diz, trás em um único volume a obra máxima de Jeff Smith. Essa tijolão gringo tem mais de 1300 páginas, o que torna virtualmente impossível colocá-lo na mochila e carregar pra onde for e ler algumas páginas sempre que possível. Deixo ela no braço do sofá e vou apreciando aos poucos, um capítulo por vez. O ponto positivo dessa edição é que está completinha, por isso o custo-benefício dela é muito bom. Você pode encontrá-la na Amazon por menos de R$ 110,00, o que é uma pechincha em tempos de encadernados em capa dura da Marvel por R$ 50,00. Mesmo que seu domínio da língua inglesa não seja perfeito, você deve conseguir entender muito bem o gibi, pois o vocabulário usado é bem simples. O ponto negativo é que pra edição ser viável e você não dar um jeito nas costas só por segurá-la, a gramatura do papel é bem pequena, quase transparente. Mas não é nada que tire o prazer da leitura desse que é um dos melhores quadrinhos do gênero, bem melhor do que Disney, na minha humilde opinião. E pra relacionar com o assunto principal dessa coluna, conheci Bone quando comprei o primeiro encadernado na Via Lettera, que lançou 14 volumes entre 1998 e 2010, na viagem ao FIHQ. Depois dela, a HQM Editora também lançou o primeiro volume, em cores. Apesar de tantos volumes lançados, a Via Lettera não chegou a completar a publicação do título no Brasil. Ou seja: caso queira ler esse clássico dos quadrinho, e eu recomendo muito, vá atrás das edições gringas, pois isso dificilmente sairá no Brasil, infelizmente.

É isso, pessoal. Até a próxima!

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