Pense Num Gibi Ruim: Lazarus (minissérie)

0.5

NOTA DO AUTOR

Até tentei não lembrar o motivo de ter lido isso um dia, mas eu sei qual foi: para gravarmos um dos melhores 7 Jagunços de todos os tempos. Fiz uma maratona pro Lazarus que vale (escrito pelo Greg Rucka com desenhos MARAVILHOSOS do Michael Lark e também – sim, também – publicado pela Image Comics), lendo os quatro primeiros arcos de uma tacada. Googleando em busca de informações, terminei achando dessa minissérie, que havia lido tempos antes, bem antes de conhecer a versão que vale.

Lembro que fui reler para gravar o programa. Meu Deus! Acontece que essa minissérie é muito ruim. Bastante. Talvez você nunca vá saber (espero) o nível de ruindade disso aqui. Mas vamos começar pelo começo.

Esse Shadowline embaixo da capa, ao lado do logotipo retrô da Image (na época não era), é o estúdio pelo qual esse gibi saiu. Não cabe aqui explicar isso, né? Você já tá careca de saber que a editora é formada pelos estúdios de seus criadores e esse aqui pertence ao Jim Valentino. E agora que a porca torce o rabo. O Valentino deve ser o menos celebrado da equipe original da Image (Whilce Portacio não conta), ainda que, na época, fosse o mais velho (quase dez anos a mais que a média dos outros) e o mais experiente. Na Marvel, ele se destacou numa fase dos Guardiões da Galáxia que praticamente ninguém leu (eu incluso), mesmo depois do filme.

Na Image, ele (Valentino) criou o Shadowhawk, que, a depender da sua idade, certeza que você leu naquelas minisséries de luxo (na época, era muito luxo aquele papel gostoso) da Abril Jovem ou da Globo. O personagem era mais comentado por ser aidético do que por qualquer outra coisa. De minha parte, sempre confundo ele com o WildStar. Vai ver por causa da ruindade de ambos.

(Essa tara em “shadow” do Valentino me faz lembrar outra coisa. Ano passado revi Street FIght II: V no Netflix e você sabia que Shadalu, a organização do M. Bison (que era o Vega, a depender da sua versão), é, na verdade, Shadowlaw? Como assim, bicho?! Shadalu, porra! Eu não sabia.)

Mas você pensa logo: “porra, essa Shadowline só deve ter publicado merda”. Em partes, sim. Teve (tem) material de sucesso, que até foi publicado aqui, veja só você (estou falando dessa nova Image pós-Robert Kirkman). Cito dois (até porque não vi mais nada digno de nota): Morning Glories e Rat Queens. O primeiro teve um encadernado lançado pela Panini e sinceramente não sei se saiu mais coisa. Tem uma galerinha que gosta. Se você não gosta, procure a fase recente do Capitão América, que é escrita pelo Nick Spencer, criador dessa série. Material é fino (esqueça as polêmicas), com desenhos excelentes do Daniel AcuñaRat Queens teve o segundo volume lançado aqui no Brasil pela Jambô recentemente e várias pessoas, amigos e sites especializados estão falando bem. Então deve ser bom, né?

Bom, e o gibi? Não procurei muito detalhadamente, sendo que a única referência que achei dessa minissérie em site nacional é essa daqui (que nem existe mais). Veja que é da época que o gibi saiu (basta você ver as outras criações do selo Shadowline e perceber que não conhece nenhuma dela, exceto o herói do Valentino). Perceba que também há uma certa empolgação mediana com a história e com seu criador/desenhista, Juan Ferreyra. Possivelmente você deve conhecê-lo do gibi do Esquadrão Suicida que saiu aqui no Brasil há pouco tempo.

Eu confesso que não liguei o nome a pessoa, então fica valendo que esse foi o primeiro gibi do argentino que li na vida. Quanto a história… Vou resumi-la em um parágrafo.

Típica história em que a parceira policial perde o parceiro em um tiroteio: ela fica obcecada, o caso torna-se pessoal, o chefe manda ela sair do caso e ir pra casa descansar porque está afetando sua vida e atrapalhando as investigações e ela resolve investigar por contra própria. Quantos filmes você já viu assim? Mas o mote da história é que um cara aí qualquer descobre que não pode morrer: leva bala, morre e depois sai andando normalmente do necrotério. Só que ele não se lembra de nada do que aconteceu e ainda descobriu que sabe lutar muito bem. A parceira lá se junta a um agente de uma agência maluca da América do Sul (AISA?), que apareceu do nada pra investigar o caso, pois uma grande corporação americana está por trás do tal Lázaro (o zé ruela que morre e volta), além de mexer com botânica e genética, acho. Eles são mauzões e corporativos e negociam com japoneses. A namorada do Lázaro é assassinada na frente dele pela empresa – ela trabalhava lá e parece que é uma das responsáveis pelo cara ser um Highlander. Ele só quer saber quem a matou, o cara da AISA quer destruir a corporação e a parceria quer saber quem matou o parceiro. Em resumo, basicamente, é isso.

Só que aí ninguém descobre nada, o cara morre, mas não morre e termina indo embora com o dono da empresa e seu guarda-costa que – ACHO – não morre ou é geneticamente modificado. Enfim, todos perdem. Inclusive eu que li isso duas vezes. Os desenhos do Juan Ferreyra são muito esquisitos, mas não comprometem. Eu sinceramente não sei qualé a dele. Os balões são recheadíssimos de texto, mas sem ser naquele esquema de descrever o que você já está vendo. Mas um bom editor daria uma ajeitada bonita nisso.

Em resumo, é uma história ruim, com clichês que fedem de longe e que quer ter um final arrasador, polêmico e não convencional, mas que só é preguiçoso, desconexo com o resto da história e bem fraquinho. Não se preocupe, vá lê o Lazarus que vale e esqueça isso.

 

 

  

Roteiro: Diego Cortes e Juan Ferreyra

Arte: Juan Ferreyra

Editor: Kris Simon

Capa: Juan Ferreyra

Publicação original: Lazarus #1-3 (outubro e dezembro de 2007 e fevereiro de 2008)

No Brasil: inédito

Nota dos editores:  0.5


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