Pluto (vols. 2 e 3)

4.5

NOTA DO AUTOR

Após o review do primeiro volume (leia AQUI), damos continuidade à leitura de Pluto, mangá de Naoki Urasawa que a Panini vem publicando por meio do selo Planet Manga. Até o presente momento, saíram cinco dos oito volumes da obra, com periodicidade bimestral. Ao contrário de outras publicações do autor, um pouco mais longas, Pluto é ideal para quem quer conhecer mais do trabalho de Urasawa de maneira mais rápida. E Pluto não é apenas mais curto: é também uma leitura ligeira, pois flui com facilidade e o melhor: você não consegue largar.

No primeiro volume, conhecemos o protagonista da história, o androide detetive Gesicht, que investiga mortes aparentemente desconexas, envolvendo robôs e humanos. Em comum, o fato das vitimas serem encontradas com dois galhos na cabeça, imitando chifres.

A leitura do primeiro volume é muito rápida, acelerada, a série te pega rapidinho, pois você vai se envolvendo na trama e com os personagens. No volume 2, seguem os assassinatos, como do criador da mais atual “lei dos robôs”, ou “o homem que deu aos robôs liberdade e igualdade”. Há uma sequência que, particularmente, gosto bastante: acompanhamos a reconstituição da cena do crime, algo que considero simplesmente espetacular (melhor que tudo que você já viu em CSI). Nesse momento, Urasawa brinca com uma ficção científica mais moderna e, de certa forma, mais crível e próxima de nossa realidade, ainda que estejamos ainda muito longe de uma tecnologia minimamente próxima do que ele apresenta.

Outra discussão trazida pelo autor é a relação dos robôs na sociedade, afinal estes fingem que comem e bebem em público, apenas por conveniência social, como quisessem ser aceitos pelos humanos ou não desejassem causar estranheza. No entanto, as pessoas sabem dessa não necessidade e, mesmo assim, os robôs seguem fingindo. Ainda nesse quesito, temos o retorno ao plot do sono do detetive Gesicht. Ele tem pesadelos que não estão claro e começa a desconfiar que podem ser originários de um inserção feita em seu banco de memória. A desconfiança surge quando procura uma viagem de férias ao Japão e descobre que sua esposa já está cadastrada, mesmo sem nunca ter saído da Europa. Esse passagem ainda será explorada pelo autor, sem muita pressa, no decorrer dos próximos volumes, numa (talvez clara) referência aos escritos de Philip K. Dick. Os temas da falta de memória e da percepção da realidade são muitos caros a Dick e aqui temos um bom uso desses conceitos por Urasawa.

Partindo para o volume 3, conhecemos mais da Uran, que foi apresentada ao fim do segundo volume. É uma robô com um dom espetacular e só lendo para você entender o que o autor busca nessa obra.

De volta a discussão social, é mostrado que há passagens para humanos e para robôs, com um guarda indicando o caminho para os distraídos. Por outro lado, Urasawa mostra outra perspectiva, não ficando restrito ao essa divisão social: um guarda não consegue perceber que um humano é, na verdade, um robô, indicando a ele a outra passagem, até que o robô o corrige. Ou seja, a robótica avançou a tal ponto, que os humanos estão com cada vez mais dificuldade de diferenciar o que é “natural” do que é “artificial”. E o quanto isso pode ser assustador!

Comentamos no 7 Jagunços e repito aqui: o mais incrível de Urasawa é sua capacidade de tirar o protagonista de cena por um capítulo inteiro e a história ainda fica absurdamente fantástica. Isso porque seus protagonistas são aquele tipo de personagem que você quer ler 400 páginas somente com ele agindo e interagindo. Mesmo assim, Urasawa os tira de cena e transforma o mais simples dos coadjuvantes em personagens magníficos.

Em resumo, Pluto não é apenas uma grande homenagem a Osamu Tezuka ou o melhor mangá nas bancas: é uma obra magnífica, obrigatória, não apenas para os fãs de ficção científica ou que só curte mangá. Você não vai se arrepender de acompanhar essa história.

 

  

Roteiro: Naoki Urasawa (com Takashi Nagasaki)

Arte: Naoki Urasawa

Editor: 

Capa: Naoki Urasawa

Publicação original: Tong Li (agosto e setembro de 2006)

No Brasil: fevereiro e abril de 2018

Nota dos editores:  4.5


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