A Vida da Capitã Marvel

3.5

NOTA DO AUTOR

Em 1977, Carol Danvers estrelava sua própria série de quadrinhos como Miss Marvel. Eram tempos de emancipação feminina, e Carol, nos intervalos de suas aventuras como super-heroína, lutava por coisas como equidade salarial no Pentágono.

Em 1980, foi protagonista de uma trama polêmica, bizarra e moralmente equivocadíssima, em que é seduzida, sofre lavagem cerebral, engravida, apaixona-se por seu captor/estuprador e dá à luz o próprio (não queira saber!).

Ela já foi Ms. Marvel, Binária, Warbird e, por fim, Capitã Marvel. Integrou as fileiras dos Vingadores em períodos clássicos e lamentáveis. Teve boa cota de tragédias e triunfos. Quer dizer, mesmo que a Marvel Comics pareça estar forçando a barra para que Carol seja uma personagem de primeira grandeza, a verdade é que ela já tem 50 anos de estrada e, como protagonista ou coadjuvante, sempre foi uma figura recorrente e expressiva. Não é como se ela tivesse sido criada ontem e estivesse caindo de paraquedas entre os grandões.

Obviamente, todo este upgrade em Carol de 2012 pra cá (com a Capitã sendo o foco das atenções na discutível Guerra Civil II, por exemplo) aconteceu, basicamente, visando a um incremento de popularidade para a personagem, antes da estreia de seu filme, Capitã Marvel, que estreia em 8 de Março* (percebe como esta data não foi escolhida a esmo?).

* No Brasil, onde as estreias acontecem na quinta-feira, o filme estreia em 7 de Março.

No final de 2018, a Marvel encomendou a Margaret Stohl (escritora de novelizações de seus personagens) uma nova história de origem. É este esforço em cinco partes, A Vida da Capitã Marvel, que a Panini agora lança no Brasil, em encadernado com formato e preço camaradas (coisa cada vez mais rara).

Retcons quase sempre fazem a gente torcer o nariz, mas Margaret Stohl não precisou reinventar a roda: é bastante crível o argumento que ela usa para que os poderes de Carol deixem de ser presente de um homem ou fruto de um acidente tecnológico, para se tornarem uma conquista/direito da própria Carol. Não muda nada, mas muda tudo – lembre-se que estamos falando de uma heroína que nasceu e, agora, renasce como ícone feminista.

Não espere, porém, discursos anti-opressão a cada página. O que Carol Danvers busca é fazer as pazes com seu passado e o que sobrou de sua família (mãe e um irmão), mas sua luta pela verdade acaba, inadvertidamente, atraindo perigo (em forma de uma obstinada caçadora kree) sobre as pessoas que ama.

Não é um gibi revolucionário em conteúdo ou intenções, mas é honesto e bem-escrito, além de desenhado por um artista que raramente decepciona, Carlos Pacheco (com auxílio de Marguerite Sauvage nas cenas de flashback). A apoteose no céu da pequena Harpswell Sound tem boa pancadaria e termina de forma abrupta e trágica, ainda que previsível.

A Vida da Capitã Marvel tem o mérito de servir como porta de entrada para quem nunca leu nada da personagem, sem que isso redunde em insulto à memória ou aos neurônios do leitor antigo. Faz uma apresentação eficiente da Capitã, perfeita para quem está curioso com a mulher que deve “salvar o dia” duas vezes em um pequeno intervalo (em seu próprio filme e, um mês depois, em Vingadores: Ultimato).

 

  

Roteiro: Margaret Stohl

Arte: Carlos Pacheco, Marguerite Sauvage

Editor: Sarah Brunstad

Capa: Julian Totino Tedesco

Publicação original: The Life of Captain Marvel 1-5

No Brasil: fevereiro de 2019

Nota dos editores:  3.5


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