A volta do Maestro

Perdido nos anos 1990 (saiu lá fora em 1992 e aqui, pela primeira vez, no final de 1996), O Incrível Hulk: Futuro Imperfeito é uma das grandes histórias do Golias verde, naquele esquema cada vez mais raro: minissérie em duas partes de 50 páginas. (No Brasil a Abril Jovem lançava esse tipo de material quinzenal ou mensalmente, e divulgava com tanta antecedência que era impossível não se empolgar com aquilo – e separar dinheiro para comprá-lo.) Eram outros tempos: ficamos quase sete anos por uma nova publicação, mas era relativamente tranquilo achar as duas edições da Abril nos sebos (e pagar um valor menor que uma coxinha).

Porém, o meu primeiro contato veio na primeira edição da Panini, um encadernado honesto de 100 páginas, com capa mole e grampos, publicado em 2003. A mesma Panini republicou em 2014, com lombada quadrada, e somente no finalzinho de 2020, Futuro Imperfeito viu sua merecida capa dura. Quatro edições distintas desse gibi são mais que o suficiente para mostrar: o público adora a história. E Marvel sabe disso.

Assim, chamou Peter David de volta para ele criar o prequel da minissérie. Maestro saiu em cinco edições, desenhado por Germán Peralta (e ninguém menos que Dale Keown fechando as edições com historias curtas); afinal, George Pérez está curtindo suas merecidas férias. E diante disso, nem vou entrar no mérito da arte – que é competente e não atrapalha -, por considerar uma injustiça comparar quem quer que seja com Pérez. Eles estão abaixo. (As capas variantes são do mestre e ele ainda está em forma.)

Peter David, por seu turno, continua em forma. Eu adoro seu texto. Ele cria um bom enredo, mesmo tendo que esticar a ponto do prequel ser maior que a minissérie original; que tempos malucos. Conhece o Hulk e o Maestro como poucos, usa esse conhecimento a seu favor e nos diverte no final das contas. Maestro é a melhor história que você leu ano passado ou lerá esse ano? Não. Mas foi ou será uma ótima diversão, com passagens épicas e aquela vontade de caçar Futuro Imperfeito nas suas coisas e reler novamente.

Independente do resultado final ou do bussiness, o prequel foi esticado (a estica da estica) e já temos uma nova minissérie saindo (War & Pax). É aquilo: parece que essa indústria não tem mais aonde ir, então vamos requentando o passado de alguma forma. Preguiça de ambos os lados (criadores e leitores)? Sendo a história boa e não saindo do controle, vamos seguindo. Às vezes, queremos apenas pegar uma revistinha para ler por quinze minutos enquanto a comida fica pronta, o ônibus não chega ou a aula não começa. E ao final, indicar a um amigo, esquecer o que leu e seguir a vida.

Leia Maestro nem que seja para ver o Hulk ficando careca, puto da vida, puto com a humanidade e pelo MODOK velho e enrugado.


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