Quarta-feira é dia de gibi novo nos EUA, e tem gibis que só chegarão no Brasil daqui a um ano ou mais, e gibis que nunca veremos por aqui. Nessa nova coluna, vamos falar dos lançamentos da gringa SEM SPOILERS para o leitor já saber o que o espera por aí (tipo a nova mensal do Cavaleiro da Lua), assim como dicas de materiais legais dentro e fora do eixo Marvel-DC que não veremos aqui e que não faltam meios pra você ler se tiver interesse!
O Enquanto Isso, Lá Fora… começa com os lançamentos de mensais e encadernados da semana de 21/07:
Moon Knight #1
Finalmente a nova mensal do Cavaleiro da Lua, preparando terreno para a série do personagem no Disney+. Jed McKay escreve, com arte do Alessandro Cappuccio. McKay já surpreendeu em séries recentes como a da Gata Negra e a minissérie do Treinador (da qual falamos no Pilha de Gibis), e começa muito bem aqui, colocando o Da Lua como líder de um centro comunitário/religioso de Konshu no Bronx, de onde ele guarda os viajantes da noite e recebe pedidos de socorro (súplicas religiosas?) dos moradores locais.
Sim, há consequências daquele arco tosco do Konshu nos Vingadores do Aaron, há ecos das fases Ellis, Wood e Lemire. A arte do Cappucio é limpa e dinâmica, lembrando o Simone Di Meo ou o Dan Mora, mas com o peso necessário nas sombras. Bom começo, me deixou interessado.
Miles Morales – Saga do Clone (Miles Morales: Spider-Man #22-28)
Essa eu deixei acumular pra ler de vez e não me arrependi, funciona bem melhor assim. O Saladin Ahmed continua fazendo um trabalho honesto na mensal e a arte da Carmen Carnero (lá da Capitã Marvel da Kelly Thompson) é ótima – menos quando desenha as teias do uniforme do Miles em alto relevo, o que não faz o menor sentido. Saga enxuta, trazendo reflexos do clone “descartável” que apareceu num arco anterior, e cujo maior susto que o vilão dá é clonar o celular do Miles e mandar mensagens ofensivas pros amigos dele no Zap. A aventura é legal e deixa no ar um Bem Reilly Morales – ou não.
Infinite Frontier #1 e #2
Quando vi que era o Joshua Williamson escrevendo os ecos de Death Metal com a Justiça Encarnada investigando as tretas do novo Multiverso, tive a certeza de que seria como os Novos Titãs pós-Renascimento, do Dan Abnett: ia rodar, rodar e nunca entrar nos mistérios mesmo… mas não! Williamson entrega um plot interessante dessa mini em seis edições (que claramente será ponte pra continuações) que balanceia bem vários plots aparentemente desconectados e vai amarrando muito bem. A arte do Xermanico (que também tá na Liga Sombria do Ram V) é ótima, competente e promete jogar a popularidade do artista pra cima. Tá rolando fill-ins do sempre legal Paul Pelletier também. Acompanhem!
The Flash #768-772
Mais um recomeço pós-Death Metal, com a volta do Wally West ao posto do Flash (enquanto o Barry Allen tá na Justiça Encarnada de Infinite Frontier E na Liga da Justiça do Bendis – não queira entender esse angu). Jeremy Adams termina o trabalho de arrumar a bagunça do Tonho Rei, que o Scott Lobdell começou lá em Flash Forward (aqui, pela Panini, Flash: Em Frente) de limpar a barra do Wally depois da cagada de Heróis em Crise, com um esquema meio Futuro Relâmpago de ligar a vários momentos e versões do Flash para restaurar a conexão dele à Força de Aceleração e reestabelecer seu lugar.
O Adams surpreende no texto e mostra que conhece e respeita os personagens envolvidos (Wally, Barry, Sr. Incrível atualmente onipresente, Arqueiro Verde e Arsenal, principalmente), e a arte tem uma rotação de artistas que aqui cai bem, cada um em um momento do tempo que o Wally visita, e nomes interessantes estão lá: Kevin Maguire, Howard Porter, Scott Kolins, Fernando Pasarin e o brasileiro Oclair Alberto. A #772 já é o começo do novo arco, mas coloquei aqui por mostrar bem o novo direcionamento do título. Vale acompanhar.
Blue & Gold #1
Finalmente uma minissérie merecida do Besouro Azul com o Gladiador Dourado! Escrita pelo Dan Jurgens e com arte do Ryan Sook (recém fugido da péssima Legião dos Super-Heróis do Bendis), a primeira edição não é pura galhofa, tem roteiro interessante e personagens bem trabalhados – são o Besouro e o Gladiador que conhecemos desde sempre, pode ficar tranquilo – e a premissa é legal com o Ted Kord meio perdido embarcando na nova busca pela fama do Gladiador – que tem seu próprio Catarse agora e faz streams de suas aventuras, se inscreva e ative o sininho! Boa virada da história com aparição da Liga. Serão oito edições, dá pra fazer algo bem interessante.
We Only Find Them When They’re Dead Vol. 1 – The Seeker
Primeiro volume do gibi da BOOM! Studios que comentamos no Pilha assim que saíram as três edições iniciais. Al Ewing conta uma bela história espacial prontinha pra virar filme, onde cadáveres de seres gigantes aparecem no espaço dominado pela humanidade, e um enxame de naves-necrotério pilham esses corpos em busca de sua carne, ossos, olhos e o que puderem extrair desses corpos para servirem de comida para os ricos, matéria-prima para armas e tecnologia, etc. Há um passado conflituoso entre o capitão de uma dessas naves e a batedora/policial da autoridade espacial que fiscaliza essas naves e impede a pirataria. E o mistério: por que só encontram esses gigantes já mortos, à deriva no espaço?
A arte do Simone Di Meo (que antes fez os Power Rangers também da BOOM!) é limpa e pesa na colorização digital, o que pode incomodar leitores antigos no começo, mas sua narrativa é competente, os designs são excelentes e o visual ficaria perfeito numa animação em CGI. Tá na #7 ainda, ótimo momento pra ler o primeiro encadernado!
Crossover Vol. 1 – Kids Love Chains
Mais um primeiro encadernado, dessa vez da mensal do Don Cates (eu teria que colocar 200 links nossos aqui) com arte do Geoff Shaw, que tá saindo pela Image Comics. A mesma dupla de God Country conta a história de uma invasão de um multiverso de heróis que torna a realidade bem complicada e criminaliza os nerds e cosplayers – parece besta, mas na verdade é um Jogador Número Um com personagens de quadrinhos E em quadrinhos: referências a muitos gibis, aparições de diversos personagens inesperados e uma trama que se não a mais original, é muito bem escrita.
Aliás, o título do primeiro arco vem de uma frase do Todd McFarlane quando lançou Spawn, e que o Cates levou a cabo inclusive no final do seu run do Venom. Outra curiosidade: a #7 é escrita pelo chapa do Cates e outro queridinho nosso, o Chip Zdarsky, que se coloca na história fazendo conchinha num personagem surpreendente. Como não ler isso??
Um comentário sobre “Enquanto Isso, Lá Fora… #01”