Superior

3.7

NOTA DO AUTOR

Quantas “versões” do Superman feitas pelo Mark Millar você conhece? Bem, garanto que isso nunca foi problema para você ler suas histórias, não é mesmo? Até porque elas, obviamente, não são iguais. Superior, publicado pelo selo Icon, da Marvel, não é só mais uma. De cara, a maior inspiração do escocês falastrão foi a versão cinematográfica do Azulão. No entanto, tem bem mais coisas nesse minissérie em sete partes.

Em Superior, aliás, Millar não se utiliza apenas dos filmes do Superman (estou falando da tetralogia “original”). Simon Pooni, o protagonista, fala que sua vida virou uma espécie de Quero Ser Grande, a clássica comédia oitentista estrelada por Tom Hanks. Como assim? Bem, a sinopse pode te ajudar a entender.

Simon, um garoto de 12 anos, tem esclerose múltipla e é fã de um personagem dos cinemas chamado Superior, que é basicamente uma espécie de Superman. A série cinematográfica já está em seu quinto filme, o ator principal, já na casa dos 50 anos, está em crise por ter ficado “preso” ao personagem e os fãs já não lotam tanto as salas. Até o melhor amigo – o único, na verdade – de Simon, Chris, está meio enjoado dos filmes. Uma bela noite, um macaco em traje espacial chamado Ormon aparece e oferece a Simon um desejo que durará uma semana. É assim que o garoto se transforma em seu personagem favorito.

Então, sim, Superior é uma espécie de Quero Ser Grande nerd, com pitadas de O Último Grande Herói, filmaço noventista estrelado por Arnold Schwarzenegger e bastante subestimado por crítica e público. Millar aproveita para reciclar mais uma ideia, utilizada há cerca de 10 anos por ele e seu amigo Warren Ellis: ao se transformar no Superior, Simon não se limita a fazer o bem, ele simplesmente resolve todos os problemas do mundo (incluindo guerras e fome), tal qual o Authority. Em uma única semana.

Mas é com os filmes do Superman que Millar se faz. Há lindas cenas que são reproduções fieis dos filmes, incluindo aí duas que muito me apetecem: primeiro, a chegada do Superman/Superior à sacada do apartamento de Lois Lane/Madeline Knox (Superman: O Filme) e a sacola de foguetes lançadas no espaço (Superman IV: Em Busca da Paz. Sim, adoro esse, me julgue).

E tem mais: Millar fez um leilão na internet, cujo vencedor daria seu nome ao personagem principal (Simon Pooni). O dinheiro arrecadado foi doado e serviu para comprar um ônibus para uma unidade que cuida de pessoas com necessidades especiais, onde trabalha um irmão do escritor. Além dessa belíssima ação, Millar chamou atenção para a esclerose múltipla e tratou do assunto com muita sensibilidade, sem soar piegas e gratuito.

Ou seja, nem mesmo o traço sofrível do Leinil Francis Yu – que aqui está particularmente ruim, mesmo com os atrasos quilométricos – estraga essa história para lá de especial. Millar contou uma história que te prende, com um mistério interessante (Ormon não é bem um macaco espacial) e um final bem acima da sua média tradicional.

Aproveite e ouça o 7 Jaguncos #24: Millarworld’s Supermen (clique AQUI).

 

  

Roteiro: Mark Millar

Arte: Leinil Francis Yu, Gerry Alanguilan (arte-final) e Dave McCaig (cores)

Editor: John Barber

Capa: Leinil Francis Yu

Publicação original: Superior (dezembro de 2010, janeiro a março de 2011, dezembro de 2011 e março de 2012)

No Brasil: janeiro de 2014

Nota dos editores:  1.9

 


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