Batman: Beasts of Burden

3.5

NOTA DO AUTOR

Falei um pouco sobre as primeiras 50 edições (quinzenais) do Batman de Tom King aqui. Então, vou poupar-lhe de detalhes sórdidos e de reclamações chatas e me detalhar nesse arco em três partes, em que o autor traz de volta o esquecido KGBesta. O agente soviético da KGB, oriundo da Guerra Fria, sempre vai parecer datado após a queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética no comecinho dos anos 1990. Claro, ele foi utilizado aqui e acolá nas histórias do Morcego, mas sempre algo muito pontual (lembro especificamente do arco “Troika”, publicado logo após Zero Hora e “Filho Pródigo”, e da participação dele em Terremoto e Terra de Ninguém). King o trouxe de volta após um certo tempo, nessa sua missão de utilizar toda a galeria de vilões do personagem, de preferência, com uma boa pitada de “overpower”.

Parecendo datado, King não perdeu tempo com qualquer tipo de conflito ou envolvimento existente entre norte-americanos e russos. O que temos é uma história de vingança. Se não quer spoilers, pule o próximo parágrafo.

Começo do spoiler.

Batman e Asa Noturna estão patrulhando as ruas de Gotham. Dick Grayson continua tentando ajudar o amigo a sair dessa fossa romântica, após o fim do casamento que nem chegou a existir, contanto piadas, fazendo trocadilhos infames e o desafiando a jogos malucos. Por seu turno, Bruce Wayne limita-se apenas a grunhir e mostrar-se negativo. Em paralelo, acompanhamos a entrada de Anatoli Knyazev (o KGBesta) nos Estados Unidos. Enquanto a dupla dinâmica combate criminosos, Knyazev coloca sem plano em ação: entra num prédio sem nenhum estardalhaço, mata o dono de um apartamento silenciosamente e se posiciona na janela, apenas aguardando. Numa cena de grande impacto, só vemos uma bala atingir Asa Noturna em cheio, enquanto Knyazev sai calmamente do local. Isso tudo acontece apenas em uma edição. Nas duas seguintes, Batman sai a procura de seu oponente, num trabalho de pouca investigação e muita porrada com aqueles que podem saber o paradeiro do russo, encerrando, em Batman #57, num conflito sangrento, nos confins de uma gelada Rússia, numa luta de tirar o folego. Em paralelo, King apresenta o pai de Knyazev, cria uma suposta relação familiar e a encerra ali mesmo, de forma trágica.

Fim do spoiler.

O arco está longe de ser ruim: é bem dinâmico, no melhor estilo dos filmes de ação dos anos 1980 (exército de um homem só, assassino russo, perseguição, conflito final). O que atrapalha um pouco essa ideia é o Tony Daniel. Não que eu desgoste do seu traço – aqui ele nem está tão desgraçado. O problema que sua arte não passa o dinamismo que a ação proposta por King pede, ficando algo muito duro, pesado, em lutas (e não são poucas) que você consegue visualizar uma certa lerdeza. Há autores que fazem cenas de ação de tirar o folego, daquelas que você fica suado lendo. O próprio King está cercado de alguns desenhistas assim.

No geral, é um arco muito bom. Como disse antes, Tom King quando não resolve inventar moda, fazer um clássico absoluto, entrega boas histórias, mais pés no chão (OK, releve a chegada do Batman na Rússia), deixando esperança de um Batman mais investigativo e menos super-herói possa, enfim, voltar.

 

  

Roteiro: Tom King

Arte: Tony S. Daniel

Editor: Jamie S. Rich

Capa: Tony S. Daniel

Publicação original: Batman #55-57 (setembro e outubro de 2018)

No Brasil: 

Nota dos editores:  1.8


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