Um Menino Chamado Sue

3.5

NOTA DO AUTOR

A sinopse do gibi financiado por meio do Catarse e lançado pela Sketch Comics é a seguinte: “Um garoto amaldiçoado por seu próprio nome, tendo que tornar-se duro como a única realidade que conheceu. Depois de tanto bater e apanhar, ele decide encontrar a raiz de sua dor, o homem por trás de toda sua tragédia, percorrendo o velho oeste em busca de redenção. Essa é a sina de Sue, o garoto cantado pelas vozes de Johnny Cash e Shel Silverstein, contada pela primeira vez na visão do roteirista Felipe Moura, que chega em grande edição pela Sketch Comics.”

Além da história “Um Menino Chamado Sue”, o gibi tem mais 3 histórias: “Uma Garota Chamada Bob”, “Um Conto de Bodie” e “Registrado”. Todas tem algum tipo de ligação entre si e se passam no mesmo universo.

Um Menino Chamado Sue, como diz a sinopse, é baseado em uma música do Johnny Cash e conta a história de Sue, um garoto que cresceu sem o pai e sofrendo horrores por causa do nome. Se hoje em dia não seria fácil pra um garoto ter nome de menina, imagine no velho oeste. Isso fez com que ele ficasse amargo e revoltado, já que todos riam dele. Quando eram as meninas, ele ficava vermelho. Quando eram os meninos, ele partia pra briga. Quando ficou mais velho resolveu partir de cidade em cidade procurando o homem que aprontou isso com ele, o próprio pai. O roteiro do Felipe Moura é bem simples e linear. Conta a história de maneira bem competente. Nessa história os desenhos são de Rodrigo Catraca. Ele tem um estilo bem conhecido pelos leitores de super-heróis. Usa e abusa de poses icônicas e belas mulheres, mas isso é um dos pontos fortes da história.

Na segunda história, “Uma Garota Chamada Bob”, o roteirista Leonardo Santana utiliza a mesma premissa da história anterior, mas seguindo por um caminho diferente. A mãe de Bob morreu quando ela nasceu e seu pai queria um menino. Isso o tornou frustrado. Ela cresceu tendo que conviver com essa frustração e com tudo que ela podia trazer pra vida dela. Aprendeu a se virar nesse mundo machista do velho oeste do seu jeito, até que o seu pai descobriu que ela não era como todas as garotas e por isso ela teve que fugir pra encontrar seu caminho. Ao contrário do Sue, Bob foi o nome que ela escolheu (não sabemos o nome verdadeiro da garota) e ela o adora. Essa história também é desenhada pelo Catraca e aqui o traço dele está melhor do que na primeira história.

Em “Um Conto de Bodie”, Eurico Santos e Gabriel Reis trazem uma história de cidade-fantasma típica de histórias do velho oeste. Ela tem um clima de história de terror muito legal e mostra a história de uma cidade e seu ouro amaldiçoado. A ganância sempre presente nesse tipo de história não podia faltar aqui também. O traço do Gabriel casa bem com o estilo da história. Cheio de linhas e hachuras, é um traço sujo muito utilizado em histórias de terror.

A última história do volume é “Registrado”. Escrita pelo Felipe Moura e pelo Eurico Santos, os desenhos aqui são do Felipe Soares e do Jean Lins (com um traço irreconhecível do seu estilo tradicional. Aqui seu desenho lembra muito o Rafael Albuquerque em Vampiro Americano) e é diretamente ligada com a história que dá o título do gibi. Ela conta uma história de amor proibida, de um pistoleiro com a filha de um banqueiro. Um dia, o banqueiro contrata o pistoleiro para matar uma prostituta chamada Mary Sue. Ele percorre todos os bordéis da região mas não a encontra. Até que ele volta ao banqueiro e ele diz que ele vai encontrá-la aquela noite, e a história dos 3 muda pra sempre. Mais uma vez, o roteiro é bem simples e eficiente. O destaque continua sendo a arte. Tanto o Felipe como o Jean tem desenhos que se encaixam bem com a proposta.

Inicialmente o gibi seria em preto e branco, mas no decorrer do projeto Arthur Hesli e Nicolau Neto se juntaram ao time e entregaram uma HQ de 62 páginas coloridas. Apesar de preferir histórias de velho oeste em preto e branco, a cor valorizou um bocado a arte das histórias. O gibi em si ficou muito bonito, com um aspecto de álbum europeu. Só tenho algumas críticas com a impressão das duas últimas histórias. Em alguns momentos a arte pareceu pixelizada, como se a resolução do arquivo não fosse suficiente para uma impressão de maior qualidade. Nada que comprometa a experiência da leitura, mas que poderia ser revisto para uma possível segunda edição e também pra uma continuação. E eu gostaria  muito de ver mais histórias nesse universo.

 

  

Roteiro: Felipe Moura, Leonardo Santana e Eurico Santos

Arte: Rodrigo Catraca, Gabriel Reis, Felipe Soares e Jean Lins

Editor: Felipe Moura, Eurico Santos, Rodrigo Catraca e Gabriel Reis

Capa: Elton Thomasi e Arthur Hesli

Publicação original: dezembro de 2018

No Brasil: 

Nota dos editores:  3.5


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