Turma da Mônica – Laços

4.5

NOTA DO AUTOR

Do anúncio do filme até sua estreia nos cinemas, foram quase 4 anos de expectativa. Afinal de contas, era o primeiro filme em live-action da principal personagem dos quadrinhos nacionais. A Turma da Mônica, criada por Mauricio de Sousa, foi a primeira leitura de milhões de brasileiros. Eu fui um dos que aprendeu a ler com os quadrinhos da turminha. Antes mesmo de aprender a ler, lembro da minha mãe lendo os gibis pra mim, pra logo depois me deixar desenvolver esse hábito sozinho, perguntando sempre que eu tivesse alguma dúvida em relação a alguma palavra mais difícil.

Mas fazer um filme com esses personagens não seria uma tarefa fácil: como escolher uma história entre as milhares já publicadas, em mais de 50 anos? Como transpor pras telas toda aquela atmosfera lúdica que os quadrinhos do Maurício transmitiam? E principalmente: como escolher as crianças que teriam essa responsabilidade pela frente?

Aí é onde entra o selo Graphic MSP e os irmão Vitor e Lu Cafaggi. O selo foi criado na esteira dos lançamentos das edições MSP 50, MSP por Mais 50 e MSP por Outros 50. O primeiro foi lançado em comemoração aos 50 anos de carreira do Maurício, e foi a primeira vez que ele permitiu que outros artistas dessem sua visão dos personagens que criou, mantendo sempre a essência de cada um deles. O sucesso foi instantâneo, o que gerou as duas continuações, além de Ouro da Casa, 100% produzido por artistas que trabalhavam na Mauricio de Sousa Produções. Vítor publicou, no primeiro álbum, uma belíssima história do Chico Bento. Não à toa, foi escolhido, junto com sua irmã Lu, a fazer a primeira graphic da turminha. Sobre o gibi e suas continuações, falamos mais, num Pilha de Gibis mais do que especial.

Voltando ao filme em si, ele é muito bonito e singelo. O diretor Daniel Rezende teve a preocupação de deixar as crianças bem tranquilas em relação à atuação, conforme ele disse no Confins do Universo. A essência de cada personagem está ali na tela, e as crianças estão muito bem em seus papéis. Talvez o mais fraco seja o Cascão, mas não chega a ser ruim. É que todas as outras crianças estão MUITO bem.

Outra coisa interessante é que o filme deveria se chamar “Turma do Cebolinha”, como é falado no próprio filme. Ele é o protagonista do filme. Toda a trama gira em torno do personagem. Falando em trama, vale uma pequena sinopse aqui: o Floquinho, cachorrinho do Cebolinha, desaparece e as crianças vão em busca dele, ao melhor estilo dos filmes de aventura dos anos 1980, como Os Goonies.

Com isso, ele é o personagem com mais tempo de tela. Inclusive seus pais aparecem mais do que os pais da Mônica. O Kevin Vechiatto era a única das crianças com alguma experiência com atuação, já que ele já havia participado de novelas. (Talvez por isso o protagonismo do personagem.) Mas como disse lá em cima, todas as crianças estão muito bem.

As mudanças (e adições) em relação à graphic enriquecem a história. A participação do Rodrigo Santoro como Louco é um dos pontos altos do filme e já fico imaginando como seria um longa do personagem. Fique atento às participações especiais e easter eggs que aparecem ao longo da projeção. Peguei algumas, mas tenho certeza que deixei tantas outras passarem.

Saí do cinema com os olhos marejados. Não pelo filme ser emocionante a esse ponto, mas por me lembrar onde comecei com essa paixão e pela emoção de ver esses personagens que tanto amamos sendo tão bem retratados na tela grande.


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