Nos anos sessenta e setenta, parte considerável do mercado de quadrinhos era dominado por gêneros quase desaparecidos das bancas hoje: faroeste, terror e guerra. Entre as revistas de guerra, Combate, publicada pela Editora Taíka era uma das melhores, há começar pelas primorosas capas pintadas (possivelmente óleo sobre tela); a primorosa pesquisa feita pelos autores das histórias e o fato de ser uma publicação brasileira (com roteiristas e desenhistas brasileiros). A primeira história deste número “As Pequenas P.T.” – letras de Maria G. Maldonado e assinatura de Shalatiel de Holanda no terceiro quadradinho – é um documentário em quadrinhos sobre a importância das “Lanchas P.T.”, no cenário do pacífico, em que enfrentavam a marinha japonesa. Utilizando seus mortais torpedos, essas pequenas lanchas – muitas vezes construídas com madeira – podiam colocar a pique navios muito maiores. Também eram utilizadas em missões de reconhecimento, transporte, comunicações, entre outras.
“Onde vão os mortos ‘Senhor’…? Onde Vão?” – texto de Luis Merí, layout de Eugênio Colonnese e arte de R. Cordeiro – é uma comovente história em que uma escritora e poeta, agora enfermeira na II Guerra Mundial, tem de enfrentar o desespero e a solidão após ser a única sobrevivente de um ataque. “VIETCONG” (texto e desenhos de Ingo Passold): no decorrer da guerra do Vietnam um soldado americano se vê confrontado com um inesperado inimigo. Uma história que coloca em discussão uma questão ainda problemática em nossa época: a utilização de crianças em guerras. “Os Monstros de Aço!” – texto de Francisco de Assis e desenhos de José Luiz – estamos no deserto Líbio, em pleno ano de 1941, com os britânicos utilizando tanques M3 ligeiros de fabricação americana (imagem abaixo) enfrentam divisões Panzer comandadas por Rommel.
“Operação Suicida” – sem identificação dos autores: nessa história futurista, um submarino atômico está em uma missão de espionagem, quando entra em combate contra as defesas da nação inimiga. Os países não são citados, mas fica evidente que o submarino é americano, e as embarcações inimigas são soviéticas. “A Canção do Cuco!” (com texto de Francisco de Assis, layout de André Paroche e Eugênio Colonnese: aqui temos o relato de um confronto entre soldados brasileiros e alemães em Monte Castelo, no ano 1945. Na história, um menino é utilizado para atrair os alemães para uma emboscada; apesar de serem estes a matarem a criança, o leitor não pode deixar de colocar em xeque a ética dos soldados brasileiros representados na história, já que foram estes que utilizaram um menino para uma missão de emboscada, sabendo dos riscos que ele corria.
Combate #26 foi publicada em 1973, e desde então o mercado de quadrinhos mudou muito, infelizmente nem sempre para melhor, seria ótimo se tivéssemos mais quadrinhos de guerra disponíveis hoje. De preferência nas bancas de jornal, e com a qualidade da revista Combate.
Roteiro: Luis Merí, Ingo Passold e Francisco de Assis
Arte: Eugênio Colonnese, R. Cordeiro, Ingo Passold e José Luiz
Editor: Editora Taíka
Capa: Ignácio Justo
Publicação original: Histórias de Combate #26 (1973)
No Brasil: