X-Tudo Superior #4

Se você quer saber de todas as novidades do mundo mutante da Marvel, conhecer e entender tudo sobre os X-Men, ler os melhores textos e reviews a respeito da franquia X, então avisa pra gente quando encontrar esse site pois também queremos acessar esse danado. Enquanto isso não acontece, fica por aqui conosco e bora matar um tempinho jogando conversa fora sobre os nossos mutunas preferidos…

NO BRASIL

A segunda edição da mensal X-Men pela Panini chegou às bancas trazendo três histórias e revelando a pedra fundamental na qual se apoia toda essa nova fase idealizada por Jonathan Hickman. Concordando ou discordando do retcon que mudou tudo que sabíamos sobre a doutora Moira MacTaggert, é preciso admitir foi uma decisão genial do roteirista, em termos de estratégia.

Moira era uma coadjuvante da segunda era mutante, quando os novos X-Men de Len Wein, Dave Cockrum e Chris Claremont estrearam na segunda metade dos anos 1970. Cientista, especializada em biologia e genética mutantes, amiga e ex-namorada de Charles Xavier, namorada de Sean Cassidy, o Banshee, mãe de Kevin MacTaggert, o mutante nível omega denominado Proteus, responsável pela “reabilitação” de Magneto e consequentemente seu retorno ao terrorismo quando o mestre do magnetismo descobriu a manipulação em X-Men 1 a 3 (aquele arco de histórias de Claremont e Jim Lee que vendeu zilhões de edições em 1991), também foi a primeira humana a contrair o Vírus Legado, sendo uma das responsáveis pela cura para o próprio vírus, o que levou à um ataque da terrorista mutante Mística à Ilha Muir. Moira ficou gravemente ferida durante o atentado e morreu logo a seguir, em uma história escrita por Chris Claremont em X-Men #108 de 2001. Talvez tenha sido a humana mais relevante nas histórias mutantes, esteve por aí o tempo todo, tão importante quanto subestimada, envolvida em momentos cruciais mas sempre dispensável aos olhos dos leitores. Tanto é que permaneceu morta até 2019 (exceto pela breve volta em uma minissérie escrita por Claremont, um tie in de Chaos War, inédita no Brasil, para logo depois voltar ao mundo dos mortos, o que inevitavelmente terá de ser considerado apócrifo nesse universo X pós Hickman, como veremos mais adiante) e ninguém sentiu falta nem pediu seu retorno.

E aí está a sacada genial de Hickman.

Foi inesperado, imprevisível, controverso e, pra muitos, ultrajante. Mas não ficou só nisso, na polêmica. Realmente abriu uma infinidade de possibilidades narrativas. Muitas, até, ignoradas ou ainda não exploradas pelo próprio Jonathan Hickman. Mas vamos logo spoilear essa bagaceira. Não leu ainda X-Men #2 da Panini? Vá ler e volte. Já leu? Então vamos continuar.

De acordo com o que foi mostrado na segunda história de Dinastia X, Moira MacTaggert é uma mutante. E mais do que isso. Tornou-se a mutante mais influente do universo Marvel. Pois o poder dela é ter sua vida resetada no momento da morte. Ela morre e acorda novamente no útero da mãe, consciente de si mesma e com todas as lembranças da vida anterior. Portanto, tem novamente a chance de mudar os acontecimentos vindouros. Ela sabe que se for pra um lado, algo de bom ou ruim pode acontecer e aí tem como decidir diferente. Ou não. O próprio roteirista garante que ela não cria linhas temporais alternativas, mas altera a linha “principal”, do universo Marvel 616, o que sempre acompanhamos. E, obviamente, diante dessa nova abordagem sobre a personagem, TUDO que sabíamos sobre os X-Men e demais mutantes passa a ser reinterpretado. Começando pelo sonho de Charles Xavier…

Ao longo dessa história, originalmente publicada em Powers of X #2, vemos nove vidas de Moira. A primeira, onde ela morre aos 74 anos, após um casamento de décadas, deixando três filhos e muitos netos, sem jamais ter noção de nada envolvendo o gene X. Nas vidas seguintes, ela se descobre Homo Superior, tenta curar o gene mutante, casa com o Professor X e vive uma realidade muito semelhante a que sempre conhecemos, exceto pelo fato de estar ao lado dele quando os sentinelas de Dias de um Futuro Esquecido dizimam a raça mutante, constrói uma utopia mutante com Xavier, se torna uma assassina dedicada a executar a família Trask, induz Magneto a subjugar a humanidade, se alia a Apocalipse, para, em sua décima vida, chegar aos eventos da fase atual.

Na terceira vida, quando tentou curar o gene X, ocorreu um encontro fatídico com Irene Adler, a esposa de Mística. Irene tem o poder mutante de ver o futuro. E consegue “ler” todo o destino de Moira, advertindo-a que seu poder de ressurreição está limitado a dez ou onze vidas. Portanto, para nós, leitores, que vimos nove vidas nessa história, fica o mistério sobre a sexta e a décima primeira, ainda não mostradas.

Eis o grande segredo para a fase Hickman nos X-Men. Estamos vendo os mutantes sendo afetados pela décima vida de Moira MacTaggert, na qual ela decide influenciar Xavier pouco antes da criação dos X-Men, lidando com todos os eventos que acompanhamos ao longo das décadas de forma equilibrada, mudando quase nada do que sabemos, exceto por sua “morte” durante o ataque feito por Mística na ilha Muir, agora explicada como uma farsa usando um simulacro genético de origem Shiar. Ela estaria, nesses últimos anos, escondida e em atividade. Agora seus planos se alinharam, começaram a funcionar em uníssono, levando Xavier, Magneto e os principais (ou mesmo subestimados) mutantes a estabelecer a nação de Krakoa, com todas as suas potencialidades. Claro, existem muitos outros “fatores x” nessa equação toda. Segredos dentro de segredos, consequências e desdobramentos. E possibilidades, algumas beirando a genialidade.

Moira, em sua origem etimológica, significa “destino”. E o codinome de Irene Adler, em inglês, é “Destiny”. Na mitologia greco-romana, assim como em outras, existe o conceito de três mulheres responsáveis pelos destinos dos seres humanos. Em uma dessas versões, a trindade recebe o nome de “Moiras”. Hickman levantou essa bola, tudo indica que propositalmente, afinal seria MUITA coincidência termos esse encontro das duas personagens (ainda mais se considerarmos que Irene morreu na ilha Muir, mesmo local onde sua viúva, Mística, acabaria “matando” uma cópia genética de Moira alguns anos depois) nesse contexto todo de “destinos” e destinos.

Enfim. Esse capítulo de Dinastia X talvez seja o mais importante ou relevante na história recente do X-Men. Como dissemos no começo do review, uma pedra fundamental.

No restante dessa edição pela Panini, vemos dois capítulos de Potências de X, o segundo e o terceiro, mostrando o segundo passo de Moira, após revelar suas vidas e experiências anteriores ao Professor X. Eles buscam aliança com Magneto quando os X-Men eram apenas uma ideia a ser realizada. No presente, começa a primeira batalha na guerra entre forças antimutantes, na forma da organização clandestina Orchis e a recém criada nação de Krakoa. Xavier e Magneto querem impedir o que pode ser o surgimento da maior ameaça tecnológica já enfrentada pelos mutantes, a inteligência artificial Nimrod e, pra isso, convocam Ciclope para liderar uma força de ataque à base orbital onde tecnologia sentinela está sendo usada. Cem anos no futuro, Nimrod está funcional e tocando o terror, enquanto mutantes e mutantes-fabricados-chamados-quimeras se organizam em uma ofensiva desesperada.

Novecentos anos depois, Nimrod se tornou uma versão compacta, flutuante, cercada de seres supostamente humanos, de pele azulada, que planejam ascender na hierarquia galáctica, estabelecendo contato com a raça tecno-orgânica conhecida como Falange. É, aquela que tem laços com os Tecnarcas de Magus e Warlock, do vírus tecno-orgânico transmodal. HICKMAN QUANDO QUER ALOPRAR, ALOPRA SEM FREIOS!

No “ano X 100” (na verdade o ano 123, pelo que é dito no gráfico das vidas de Moira), vemos como a nona vida de Moira, terminou, permitindo o conhecimento para sua décima existência, que proporciona a criação da nação de Krakoa e a antecipação da origem de Nimrod na estação orbital da milícia Orchis. E duas personagens que estão zanzando pra lá e pra cá até agora, aparentemente somem em uma singularidade criada pela morte de Xorn. A quimera mutante Rasputin e a ex-X-Men Karima Shapandar, uma sentinela ômega que agora está empenhada em destruir os mutantes. Por tudo que vimos até agora, as duas possuem papéis importantes no desenrolar dessas tramas.

Muitas revelações, muitos mistérios, potencial gigantesco. Quatro capítulos até agora e já temos uma das mais promissoras fases dos X-Men. Resta ver se toda essa expectativa será recompensada nos próximos meses…

NOS EUA

X-Men #11

MAS QUAAAASE que o Hickman acertava nessa edição. Só que tem alguma coisa errada, tá tudo lá, os elementos certos, o cenário ideal, os personagens prontos pra usar e… Fica mei lá, mei cá.
É mais uma edição tie-in da saga Empyre, onde raças alienígenas envolvem a Terra em suas arengas, com os vegetais sapientes conhecidos como Cotatis sendo os vilões da vez. Não vamos nem falar sobre a presença da Illyana nessa edição, como se não tivesse acontecido o pega-pra-capar em Genosha, assim, basicamente, ao mesmo tempo. Isso dá pra relevar. O negócio é que, a despeito do destaque dado ao Magneto, a história toda parece truncada em algumas partes (o sujeito branquelo sendo manipulador nas primeiras páginas, algo que tem muito a ver com subtramas em andamento, mas que dessa vez ficou foi muito avulso), decepcionante em outras (admitam, a sequência com o Exodus foi bem preguiçosa), além de ter sido bem superficial no combate em si contra os invasores. “EI, OLHA LÁ, TEM ALIENÍGENA ATACANDO, BORA, PEGA, OPA, VALEU, ACABOU”, mesmo com todo o esforço do Hickman pra fazer o Magneto ter um momento épico e grandioso. O lance mesmo lá dos satélites, acabou ficando besta pra caramba. To dizendo, tem algo faltando.

Hellions #3

Olha, o rapaz lá fazendo os roteiros fracos de X-Force podia aprender uma ou duas coisas sobre como contar bem uma história cheia de gore e bagaceira, se lesse as histórias que o Zeb Wells está contando em Hellions. Misericórdia. Tem umas coisas aqui de embrulhar o estômago. Mas continua sendo uma história muito boa de se acompanhar. Mesmo com o Destrutor fazendo AQUILO no próprio rosto. CreinDeusPai.

X-Factor #2

Da estreia competente na edição 1, vamos à uma simpática história nessa edição 2, com a arte bem mais relaxada, mas com o roteiro fluindo que é uma beleza. Apesar de abordar assassinatos, o tom geral desse novo X-Factor é leve, sem ser leviano. E a escolha do Mojoverso, como sempre acontece, permite aos roteiristas desenvolver tanto o humor quanto umas boas doses de metalinguagem. Se Leah Williams souber aproveitar (e já ensaiou uns passos nesse sentido, nessa edição), teremos no mínimo uma boa aventura com umas variações bem vindas ao panorama geral do Dawn of X. De toda forma, o assunto mais importante ainda está pendente: continuamos torcendo para que editores ou a roteirista tenham juízo e desfaçam a atrocidade que é o atual codinome de Rachel Grey. Prestígio é um nome imbecil demais, pelamor.

ARQUIVOS DA MANSÃO X

Sabe aquela crítica tão comum que é feita aos gibis mutantes, de que existem muitos títulos e muitas equipes, conceitos demais que acabam desgastando e saturando os X-Men? Pois se você pensa assim, vai sentir tanta raiva lendo a listinha abaixo que vai pocar pelas costas feito cururu, como diziam os sábios da antiguidade no lado oriental do nordeste brasileiro. Com vocês, alguns nomes de equipes e conceitos que merecem voltar na franquia mutante!

Extinction Team

Nos tempos da ilha de Utopia, quando os X-Men tiveram uma prévia do que seria essa nova nação em Krakoa hoje em dia, Ciclope era o manda-chuva e estava numa fase de rompimento com sua imagem de soldadinho e pau-mandado. Ele queria era causar mesmo, o sujeito tava afrontoso. E o que ele fez? CRIOU A LIGA DA JUSTIÇA X! Diga o que quiser, conteste, rejeite a ideia. Mas Scott Summers decidiu criar uma equipe especial entre as poucas centenas de mutantes que o seguiam, com a intenção declarada de agir no cenário global como super-heróis da raça homo superior, ajudando também os homo sapiens, mas também demonstrando ostensivamente o nível de poder que possuíam.

Magneto, Namor, Emma Frost, Tempestade e o próprio Ciclope já seriam um time de peso, mas junto a eles estavam a inteligência artificial Perigo, uma das mais avançadas do sistema solar, Colossus (nessa época carregando dentro de si o poder que havia sido do Fanático, portanto faça aí as contas sobre o nível de poder do russo), Magia (Illyana sempre teve potencial pra ser uma peso-pesado graças aos poderes de teleporte, o conhecimento arcano e, claro, seu gênio cavernoso) e a menina ruiva que foi criada para ser a redentora dos mutantes, a filha adotiva de Cable, senhorita Hope Summers. Ok, essa não tem jeito, é a exceção na regra da equipe superpoderosa.

De toda forma, a ideia poderia ser muito bem reaproveitada hoje em dia, com o elenco atual que temos em Krakoa. Bastava pegar uns 7 ou 8 mutantes omega e fazer deles a equipe de elite da nova nação mutante. E, convenhamos, nunca é demais ter um grupo com um nome desses pra impor respeito, Extinction Team.

X-Treme Sanctions Executive ou Elite de Segurança X

Há exatos vinte anos, Chris Claremont estava retornando a Marvel para escrever os X-Men, o que infelizmente não deu muito certo. Tanto em X-Men quanto em Uncanny X-Men, o roteirista não obteve o mesmo êxito de sua primeira fase com os mutantes. Mesmo assim, poucos anos depois, recebeu outra oportunidade com a mensal X-Treme X-Men, que infelizmente também não foi um grande sucesso. Mas dessa fase, veio uma ideia que migrou para Uncanny X-Men, já nos idos de 2004, quando juntamente com Alan Davis fez uma fase divertida que durou cerca de 3 anos. Nascia assim a XSE, no original, que seria adaptada no Brasil para ESX. Na verdade o conceito básico era dos anos 1990, do futuro onde Bishop vivia, com uma força policial mutante tentando lidar com os conflitos mundo afora. Mas Claremont soube usar e reconfigurar muito bem a coisa toda.

Ororo Munroe propôs a ESX às Nações Unidas, depois recrutou vários X-Men, que passaram a atuar tanto nos assuntos do Instituto Xavier quanto no policiamento de questões mutantes. Mas, claro, isso não funcionaria exatamente como planejado e aí está a graça de tudo. Por diversas ocasiões, forças policiais tradicionais dos humanos se negaram a reconhecer a autoridade dos oficiais da ESX, causando os conflitos esperados. Agora imagina isso HOJE, com o status alcançado pelos mutantes e por Krakoa. Seria recheio pra roteiro sem dúvida nenhuma. Já passou da hora de reativarem a polícia mutante e distribuírem uns distintivos com um X daqueles pra esfregar nas ventas dos antimutantes.

X-Corps

Quando Grant Morrison e Joe Casey assumiram as duas mensais X, um dos mais interessantes e subestimados conceitos da época foi o grupo paramilitar criado e liderado por Sean Cassidy, o Banshee. A X-Corps acabou sendo apenas mais um grupo extremista daqueles que já aparece sendo rotulado como um erro, pra logo ser derrotado e desativado. Mas pare e pense bem, uma equipe assim traria não apenas conflito constante, como também ampliaria as possibilidade criativas, gerando cenários e situações mais cinzas. Ou seja, hoje em dia, seria perfeita pra o que os mutantes se tornaram. Uma X-Corps, no mundo pós-nação-estado de Krakoa, é altamente necessária por não ser nem uma equipe de super-heróis, nem tampouco de mutantes malignos. Seriam soldados, admirados por alguns e criticados por outros. Em suma, as forças armadas mutantes, para o bem ou para o mal.

Exilados

Essa equipe foi um sucesso inesperado, escrito por Judd Winnick e desenhado por Mike McKone e Jim Calafiori. Contava as aventuras e desventuras de mutantes de vários universos vagando pelo omniverso Marvel. Até hoje tem uma fanbase dedicada. Mas e se…

SPOILER ALERT

…o julgamento e veredito dado pelo novo governo de Krakoa ao psicopata de estimação dos mutantes, Graydon Creed, o Dentes de Sabre, for aplicado a mais alguns mutantes? E se eles conseguiram escapar de seu confinamento? Ou forem libertados, sei lá? Charles Xavier foi bem enfático ao usar o termo “exílio”, no momento em que Dentes de Sabre foi jogado nas entranhas de Krakoa, para permanecer em animação suspensa. Ok, estamos especulando demais, só que tá aí a conjunção de fatores. Imagina só uma nova equipe de Exilados, composta pelos mutantes mais temidos pelos próprios mutantes?


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