Acabou. Agora vai começar. Não entendeu? X-MEN #4 ESTÁ NAS BANCAS!!
NO BRASIL
Em Potências de X #5, a história começa deixando bem claro que essa NÃO É MESMO mais a mesma linha de tempo. Quer dizer, até é, só que muito modificada, a ponto de ser praticamente outra. E nem é pelo fato de Charles Xavier encarregar Forge de criar todo o sistema “secreto” da unidade Cérebro, responsável por copiar e armazenar back-ups mentais de mutantes ao longo de todos os anos em que os X-Men estiveram na ativa. O ponto onde se cria uma ruptura completa com a continuidade que conhecemos está no período (o ano um dos X-Men) e na menção ao império Shiar. Charles só teria contato com Lilandra e todo o contexto intergaláctico dos shiars nos primeiros meses de existência da segunda equipe X oficial, composta por Ororo, Logan, Kurt e os demais. Portanto, seria, na mais comprimida das hipóteses, o ano três dos X-Men. As ações de Moira X devem ter mesmo realinhado muitos eventos e fatos da história mutante. O outro ponto que chama a atenção é a permanente expressão facial de Xavier, com um olhar e sorriso quase maldosos. Isso não tem como ser algo à toa. Novamente, fica a suspeita de que pode haver alguma coisa errada com o Professor X.
Já na descrição e funcionalidades da versão 7.0 de Cérebro, surge outro ponto controverso. Os back-ups mentais dos mutantes feitos por Xavier, com frequências semanais e anuais, esbarrariam nas diversas ausências do Professor X, seja em períodos onde esteve no espaço ou mesmo morto. Isso poderia ser um gigantesco furo no roteiro, a menos que tudo caísse mais uma vez no colo da doutora Moira, a décima. Vai saber, né? Eis que temos uma marcação de tempo para os eventos atuais. Se Charles começou a usar o capacete Cérebro há, digamos, um ano (afinal, ele e Doug Ramsey teriam começado e implementado todo o novo sistema em Krakoa em cerca de 12 meses) e o encontro dele com Emma Frost convidando-a para o projeto foi no décimo ano da existência dos X-Men, Jonathan Hickman está afirmando que os alunos de Xavier estão por aí há exatos 12 anos. Isso faz sentido, em muitos pontos, mas acaba esmagando outros para poder acomodar os fatos e ocorrências. Algo pra se ficar de olho nos próximos meses…
Mas a convite feito por Charles e Magneto à Rainha Branca é o começo de algo gigantesco, que começa com negócios e continua na política. Os jogos de poder e intriga, de riqueza e geopolítica global naturalmente servem como uma luva para trazer Emma e seu antigo aliado/inimigo, Sebastian Shaw, aos bastidores da criação de Krakoa, da expansão dos medicamentos produzidos a partir das flores da ilha mutante, do estabelecimento de negócios legais e clandestinos, da tentativa de acolher mutantes refugiados e, por último, mas não menos importante, do surgimento do Conselho de Krakoa. Esse conceito é especialmente bem-vindo. Gera todo tipo de situação, que vai da gravidade e imponência dos integrantes, passando pelos conflitos internos inevitáveis e esperados por quem conhece os históricos e correlações entre eles, mas também abre espaço para novas interações e até mesmo humor, em certa medida.
Um conselho governamental com 12 membros, mais a participação da própria Krakoa e seu intérprete, Doug Ramsey. Decidindo leis e destinos, sancionando, punindo e conduzindo a nova nação mutante. O que nos faz lembrar de um conceito dos anos 1980, originalmente mostrado na primeira versão do X-Factor, que profetizava a importância de 12 mutantes para o futuro dos homo sapiens e até mesmo de toda a vida na Terra, embora fosse algo direcionado ao vilão Apocalipse e… Hum, Apocalipse agora faz parte dos 12 de Krakoa. Ih, rapá…!
Bom, aí vemos Xavier mandando sua mensagem de paz e união para os mutantes ao redor do planeta, chamando todos para Krakoa, até que em uma só página entendemos que o professor talvez não esteja TÃO diferente do que sempre foi. Namor, com sua total ausência de papas na língua, fala a verdade e diz que Charles ainda não vê os humanos como ele sempre viu, uma raça inferior. Menos mal. Fica a esperança do Professor X continuar sendo um sujeito minimamente decente. Só sei que esse capítulo termina com a humanidade aprimorada (na figura de um bibliotecário azul) e o Nimrod de mil anos no futuro discutindo sobre mentes coletivas tão poderosas que seriam na verdade os núcleos dos buracos negros que por sua vez formariam uma mente coletiva ainda maior no universo e, olha, quando o Hickman parte pra aloprar, o bicho alopra. Benzadeus.
Em Dinastia X #6, vemos o puxadinho de Moira MacTaggert nas profundezas de Krakoa, de onde Charles Xavier envia sua mensagem telepática de revolução mutante aos humanos da Terra. O negócio é tão simples em proposta quanto grandioso em ambição. Mutantes criam medicamentos que os humanos precisam, mas em troca devem reconhecer a nova nação-estado de Krakoa e também automaticamente a nacionalidade krakoana de cada mutante sobre a Terra. Mais do que uma proposta de negócios e política, é uma declaração de rompimento. Eles não estariam mais submetidos à nenhuma suposta ou pretensa superioridade humana.
O novo sonho mutante é o velho pesadelo humano. Uma raça superior agindo como tal. Aí, sim, vemos a diferença crucial em relação à fase Utopia, em que os mutantes tentaram criar sua comunidade, porém sem realmente colocar os humanos em um dilema tão poderoso que acabasse sendo melhor ficarem quietinhos e aproveitar qualquer boa vontade dos homo sapiens. Agora não tem pedido de paz, tem negociação e intimidação.
É quase como se, para a raça mutante se erguer, os X-Men, o sonho de Xavier e toda sua filosofia de coexistência pacífica e altruísta tivessem de morrer. A proposta dos X-Men e suas várias equipes X ainda estão lá, mas tudo ficou muito cinza. Os X-Men protegendo quem os temia e odiava, enfrentando mutantes criminosos, seguindo regras humanas, de repente, parecem extremamente adolescentes, até mesmo sonhadores. A nação mutante de Krakoa, cuidando dos seus, negociando benefícios para os humanos em troca de seus interesses mutantes, aceitando os tais mutantes malignos, seguindo regras morais e de conduta próprias, bem, seriam a versão adulta e realista do que já foram os X-Men.
E a maior prova disso está na primeira reunião do Conselho de Krakoa. Apocalipse, Xavier e Magneto. Jean Grey, Ororo e Kurt. Senhor Sinistro, Exodus e Mística. Emma Frost e Sebastian Shaw. Krakoa e Doug Ramsey. Quem diria que todos estariam juntos, governando uma nação mutante?
E sua primeira tarefa é criar leis, traçar novas rotas e punir um certo assassino mutante. Dentes-de-Sabre se torna o primeiro mutante a sofrer punição extrema em Krakoa. E é condenado à um cativeiro em coma induzido, nas estranhas da ilha-mutante. Mas por causa dos crimes de Victor Creed, surge a primeira lei mutante: NENHUM MUTANTE DEVE TIRAR UMA VIDA HUMANA. Seguida pela segunda, considerar Krakoa uma “Terra Santa Mutante” e a terceira, declarada pelo católico Kurt Wagner, baseando-se no trecho bíblico onde o Deus judaico-cristão teria falado “crescei e multiplicai”, tornou-se também uma resposta ao “CHEGA DE MUTANTES” dito por Wanda Maximoff, a Feiticeira Escarlate: “PRECISAMOS FAZER MAIS MUTANTES”.
Se o elfo mutante falou sobre fazer no sentido reprodutor natural, pelos Protocolos de Ressurreição ou as duas coisas, não fica claro. Mas veremos nos próximos meses, possivelmente. Só sei que Dentes-de-Sabre se torna o primeiro exilado de Krakoa. Se juntar mais um punhado de condenados, teremos então os… “Novos Exilados”? Depois disso, tem um misto de comemoração com novas subtramas sendo apresentadas. Velhas amizades continuam inalteradas. Exodus pregando para crianças mutantes enquanto Sinistro observa nas sombras. Novas interações, relacionamentos sendo reconfigurados, inimizades sendo superadas, convenções sociais humanas sendo ignoradas. Tudo parece novo, sem deixar de ser o que sempre foi.
“QUANTO MAIS AS COISAS MUDAM, MAIS PERMANECEM AS MESMAS”, como foi citado uma certa vez em um dos mais vendidos gibis da história da indústria.
Tudo conclui em Potências de X #6, obviamente começando uma nova história para os mutantes da Marvel. Mil anos no futuro, Moira e Logan ouvem a “confissão” do humano azulado conhecido como Bibliotecário. Ele avisa que a absorção da humanidade aprimorada e das máquinas pela Falange acontecerá no dia seguinte. E decide fazer uma última aposta antes do fim de tudo. Primeiro, ele explica que os mutantes seriam na verdade respostas biológicas para o mundo que as cerca. E que o homo sapiens, ao dominar a engenharia genética, transformaria a si mesmo. Surgiria a humanidade aprimorada. A raça homo novissima. Sabendo agora que as máquinas, as inteligências artificiais são apenas os instrumentos que a humanidade usaria para ganhar tempo e assim alcançar a pós-humanidade, Logan mata o Bibliotecário e depois a própria Moira, para que ela leve esse conhecimento ao passado. Essa é a morte de Moira VI.
E o que Moira VII faz é se determinar a “quebrar” a crença de Charles Xavier, pouco antes de criar os X-Men, de que existe bondade nas outras pessoas. Ela confessa e lamenta ter de manipular e mudar quem Xavier é, em essência. Em trechos de seu diário, vemos a lenta e gradual manipulação que fez com que certos eventos que vimos ocorrer ao longo dos anos realmente acontecessem, a exemplo do monstro psiônico Massacre. Vemos o que seria a ideia que originou o filho mutante nível ômega de Moira, Kevin, codinome Proteus. Agora, o garoto como poderes de nível ômega foi revelado como um “instrumento” planejado geneticamente pela própria Moira. Mais à frente, é explicado que Moira também foi parcialmente responsável pela tendência de Magneto em criar “refúgios” isolados, a exemplo do Asteroide M, a Ilha M e tantos outros locais. Tudo para criar um caminho que resultaria na nação de Krakoa.
RETCON, RETCON: a morte de Moira em decorrência do vírus Legado e do ataque de Mística à Ilha Muir, foi uma farsa, ela usou uma réplica genética Shiar, que morreu em seu lugar, para poder continuar suas armações totalmente incógnita. E assim chega ao fim a saga que, dividida em duas, realmente conseguiu revolucionar os X-Men.
Jonathan Hickman fez, provavelmente, seu melhor trabalho na Marvel, e olha que o sujeito mandou muito bem em Quarteto Fantástico, Vingadores e até mesmo nas injustamente esquecidas minisséries S.H.I.E.L.D.. Pepe Larraz e RB Silva conseguiram se firmar como artistas de primeiro time, prontos pra pegar qualquer mensal ou nova minissérie da indústria. E os mutantes… Bom, foi feita uma celebração de tudo que eles sempre foram, novos caminhos foram abertos, o desespero de saber que sempre perderão ao final continua, mas aquilo que é a marca dos personagens foi preservado e potencializado. Eles permanecem desafiando a morte, fazendo aquilo que nasceram para fazer. Se adaptar e mudar. Que venha agora o Amanhecer X ou sei lá como a Panini vai traduzir o Dawn of X.
NOS EUA – X OF SWORDS CONTINUA
HELLIONS #5
O sexto capítulo de X of Swords caiu nas mãos de Zeb Wells e, pela graça piedosa de Keith Giffen e J. M. DeMatteis, QUE GIBIZAÇO DIVERTIDO! Mas divertido mesmo, em vários níveis. Do começo ao fim, continuando as subtramas da própria mensal de Sinistro e seus sequelados que se dizem uma equipe, avançando mais um tantinho na própria saga/evento da guerra entre Krakoa e Arakko, criando um front inesperado com uma missão clandestina feita para sabotar o torneio das espadas mágicas de poder (sim, dito em voz alta é constrangedor MESMO pra gibizinhos de mutantes), tudo isso com alguns dos diálogos mais hilários dos quadrinhos desde os tempos da Liguinha da DC. Se houver mesmo justiça nesse universo, Hellions há de continuar por um bom tempo, o Wells tá indo bem demais nesse gibi.
NEW MUTANTS #13
Ed Brisson tá muito à vontade com a garotada mutante. Em uma história sobre amizade, sacrifícios e uma guerra iminente, conseguiu ir lá e fazer bonito, com simplicidade e boa narrativa. Doug Ramsey, Warlock e Illyanna, se preparando pro torneio de espadas do poder. Parece besta, né? Pois vai ler, pra ver como uma boa história é contada.
CABLE #5
Esse não é o mesmo Gerry Duggan de Marauders, definitivamente. Que gibi sem graça, burocrático, parece bula de remédio. Basta saber que tem uma invasão na antiga estação da E.S.P.A.D.A., uns diálogos bestas e travados entre Nathan e Ciclope, aí o garoto volta pra Krakoa e se junta com os outros espadachins X. Chaaaato…