Após a leitura e avaliação do excelente primeiro arco, Demolidor: Só Medo, é hora de seguir a leitura do trabalho que Chip Zdarsky vem desenvolvendo no título do Homem Sem Medo. Após uma bem sucedida e pouco comentada passagem do Charles Soule pelo título (e publicado por aqui no formato escolhido por Deus. Aliás, esse é um dos grandes acertos da Panini no atualidade: desde a fase de Mark Waid, o personagem finalmente encontrou um formato para chamar de seu, a despeito dos problemas de sempre), Zdarsky assumiu o título com grande expectativa, afinal, seus trabalhos na Marvel são sinônimo de qualidade e sucesso.
Com o Demolidor não tem sido diferente. (Já ouviu o Pilha de Gibis que fizemos só pra falar desse arco?)
Zdarsky retornou com o catolicismo e a desgraceira com muita força, bem ao estilo que estamos acostumados. Nessa Marvel em que Wilson Fisk é o prefeito de Nova York, os mascarados viraram inimigos públicos e o detetive Cole North segue em sua jornada contra o vigilantismo, bandidos e policiais corruptos. Após o final do arco anterior, quando o Homem-Aranha aconselha o Demolidor a simplesmente largar tudo, nesse novo arco seguimos as consequências de uma Cozinha do Inferno sem o seu demônio.
Isso mesmo: Chip Zdarsky escreveu um arco inteiro, em cinco partes, em que o herói que dá nome a revista não aparece. Acompanhamos a vida de Matt Murdock sem a máscara, apenas atuando como agente de condicional e tentando se envolver com uma dona de livraria casada cuja família é, digamos, problemática. O detetive Cole não acredita no boato que circula pela cidade, de que o Demolidor morreu. Aparições do herói acontece eventualmente, deixando Murdock cada vez mais afundado em seus pensamentos destrutivos.
Em paralelo, Fisk muda radicalmente seus negócios, ouriçando toda a máfia da cidade e mexendo no submundo de Nova York. Zdarsky costura com a habitual qualidade todas essas histórias, sobretudo o inevitável encontro entre o Demolidor e seu algoz, Cole North. São cinco edições de leitura rápida, com todos os ingredientes clássicos (ou batidos) do personagem que já estamos acostumados. Apesar disso, são ótimas edições, com uma história que te prende até o final e faz com que você queira seguir adiante com a leitura. O Demolidor segue em alta.Vale acrescentar que o desenhista Mark Checchetto descansou nesse arco, abrindo espaço para Lalit Kumar Sharma e seu traço bastante esquisito (imagem de Matt andando pelas ruas), mas que não compromete. Na última edição do arco, Jorge Fornés assume o lápis melhorando consideravelmente o gibi (imagem acima). No arco seguinte, já publicado por aqui no final do ano passado, Checchetto retorna. Em resumo, esses encadernados do Demolidor são um dos melhores investimentos da atualidade: preço bom e ótimas histórias.
Roteiro: Chip Zdarsky
Arte: Lalit Kumar Sharma, Jay Leisten, Java Tartaglia, Jorge Fornés e Jordie Bellaire
Editor: Nick Lowe
Capa: Julian Totino Tedesco
Publicação original: Daredevil #6-10 (2019)
No Brasil: agosto de 2020
Nota dos editores: 5.0