Family Tree: Nascimento

3.5

NOTA DO AUTOR

Não entendo por que o título desse gibi está em inglês. Ninguém nunca me explicou porque várias obras de Jeff Lemire lançadas aqui não têm seu título traduzido ou adaptado. E se alguém vier me explicar, adianto logo: não vou aceitar a explicação. Quando isso daqui virar Star Wars ou Superman, aceitarei de bom grado. Até lá, prefiro que saia com o nome em “brasileiro” (“Famía Arve” seria massa). Feito o reclame gratuito, vamos ao fato: Lemire se consolidou lá fora e aqui. Me xingue à vontade, mas a verdade está aí, independente de sua raivinha com o autor (raivinha essa que nunca entendi. É pelos desenhos horríveis? Ele nem desenha tudo que escreve).

Então seu novo trabalho na Image Comics acaba de sair no Brasil pela Intrínseca, que já nos brindou com o ótimo Black Hammer (o martelo preto) – e que você acha num preço honestíssimo com relativa facilidade. É o novo trabalho dele, mas não o único, posto que o cidadão não para quieto e está lançado material aqui e acolá quase toda hora. Family Tree eu peguei por inércia. Não sou fã, mas também não o odeio. Então vamos lá conferir. E segui nessa toada mês a mês, acompanhando a trama de uma família no centro do fim do mundo.

E o melhor: Lemire conta uma história de zumbis sem zumbis. Sim, o mundo acabou, a sociedade como conhecemos faliu e agora é um salve-se quem puder. E uma galera, sabe-se lá porquê, está virando árvore. Sim, árvore; “um pé de pau”, como dizemos lá em Pão de Açúcar. Mas continuam sendo elas mesmas “morando” dentro desse sistema de árvores, andando para lá e para cá e conversando normalmente. Fim de mundo ecológico? Temos.

Seguimos então uma família que teve dois de seus membros transformados em árvores. Numa narrativa que alterna presente e um passado não muito distante, acompanhamos os dilemas de uma mãe que viu seu marido sumir e que tenta proteger seu casal de filhos, enquanto o avô das crianças, no melhor estilo noiado paranóico, tenta convencê-la a fugir e salvar as crianças de uma corporação que quer, na melhor das hipóteses, dissecar quem está virando árvore. Tudo isso numa trama cheia de ação, com bons diálogos e esse mistério que não sabemos bem do que se trata, como ou por que começou e nem como se resolverá. Ao lado de Lemire, Phil Hester mostra-se em plena forma no comando da arte. Você lembra dele daquelas Marvel 2000, né? Aqui ele está com um pé no cartunesco, como a trama até pede, mas sem se perder demais em excessos.

Enfim, um bom gibizinho, numa ótima edição. Se achar naquele precinho, dê uma chance. Quando você menos esperar, terá terminado a leitura e estará se perguntando pelo volume 2 (lá fora, logo sai o 3). E se não achar? Espere mais um pouco que a promoção logo vem. As edições da Intrínseca são sempre excelentes, editorialmente caprichadas e sem muitas firulas. Vale quanto pesa.

 

  

Roteiro: Jeff Lemire

Arte: Phil Hester (com Eric Gapstur e Ryan Cody)

Editor: Eric Stephenson

Capa: Phil Hester (com Eric Gapstur e Ryan Cody)

Publicação original: Family Tree vol 1: Sapling (maio de 2020)

No Brasil: março de 2021

Nota dos editores:  1.8


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