Depois de duas semanas complicadas, estamos de volta, e prometo compensar dessa vez falando de mais títulos do que o normal. E começo já pelo que estampa nossa vitrine:
GUNSLINGER SPAWN #1
Eita, meu primeiro gibi do Spawn nesse século! Por questões que não entendi bem porque não li Spawn Universe #1, há um Spawn pistoleiro do séc. XIX no presente e há forças do céu e de não-sei-mais-onde atrás dele por razões que não são nem um pouco explicadas. O “Pistoleiro“, como a narração o chama, está dirigindo uma moto que ele não sabe como funciona e porque parou de funcionar (spoiler: ficou sem gasolina, e ele nem sabe o que é gasolina) e encontra um delinquente juvenil que o ajuda com a gasolina e, ao ser deixado em casa pelo seu novo amigo, descobre que seu pai está de conluio com as mesmas criaturas que querem a cabeça do Pistoleiro.
Como vocês podem ver, não é nenhum primor a história que o Todd McFarlane escreve aqui – mas até aí, nenhuma dele no Spawn nunca foi particularmente brilhante -, mas diverte, e a arte do Brett Booth (de Flash: Em Frente, amplamente conhecido por ter criado o Backlash pra Image e por desenhar as coxas mais grossas dos gibis pra homens e mulheres indiscriminadamente) segue o padrão de poluição e dinamismo requeridos pra ocasião. Destaque mesmo pras histórias complementares que contam mais do Pistoleiro e lhe dão um background bem interessante.
Esse gibi teve a curiosidade de ter sido bastante atrasado por conta da escassez de papel que vem assolando o mercado americano. Atrasou tanto que o boneco do Gunslinger foi lançado há uns meses e nada do gibi. E como bom norte-americano, Todd pouco se lixa pro meio ambiente e mandou fazer OITO capas variantes!
INFERNO #2
Cada vez mais o Conselho de Krakoa parece o nosso Congresso e só tem joguinhos e farsas entre os membros. OK, Mística conseguiu ressuscitar Sina de uma forma bem furada (Hope não percebeu que aquele “Xavier” não tinha poderes? De quem ela duplicou os poderes pra usar o Cérebro? Magneto mantém um capacete num lugar que qualquer um acessa sem os poderes dele?), os mutantes continuam brigando entre si enquanto os inimigos se desenvolvem a passos largos e eu não consigo entender porque esse mistério todo de Xavier, Magneto e Moira ao invés de botar todo mundo no mesmo barco pra salvar o futuro – tendo inclusive uma precognitiva do lado deles!!!!
A cada edição esse plot me soa mais como o plano do Thomas Wayne do Flashpoint se aliando ao Bane pra salvar o Bruce… matando-o. Risos.
DC VS VAMPIRES #1
Todo mundo entrando na onda de tentar emplacar universos alternativos de catástrofes na pegada Zumbis Marvel, Injustiça, DComposição, etc: a Marvel tá com o Dark Ages do Tom Taylor com o Iban Coello, e a DC decidiu revolucionar e usar vampiros ao invés de zumbis. James Tynion IV e Matthew Rosenberg assinam o roteiro desenhado pelo Otto Schmidt (com quem o Rosenberg fez Gavião Arqueiro: Queda Livre), que mostra um ataque sistemático de vampiros ao UDC, mordendo heróis e vilões, infiltrando-os na Legião do Mal, Liga da Justiça, etc. Boas sacadas com o Eu, Vampiro e as reviravoltas já presentes nesse comecinho. Serão 12 edições, vamos acompanhar.
BATMAN: THE LONG HALLOWEEN SPECIAL #1
Qual a necessidade disso, Jeph Loeb? Que história besta, desnecessária e belamente desenhada pelo Tim Sale. Folheiem com gosto, não se importem em realmente ler.
BLACK WIDOW #12
Marcando o fechamento do primeiro ano deste belo gibizinho, arco novo dando seguimento ao plot maior desse run da Kelly Thompson, que é a caçada ao vilão Apogee. Natasha junta a galera dela (Yelena Belova, Bucky, Gavião Arqueiro, Anya Corazón vulgo Garota-Aranha, e sua nova protegida Lucy Nguyen) atrás de uma pista da identidade do vilão, direto pra um baile de gala que é a fachada para algum esquema misterioso. Ação e história equilibradas mantém Viúva-Negra como uma das melhores mensais da Marvel, pra ler mês a mês ou numa tacada só, e a arte da Elena Casagrande é um atrativo à parte. Pena a Panini ter decidido lançar esse material aqui em capa dura.
CHECKMATE #5
Bendis segue explorando os limites do nada-acontece-feijoada com maestria, cara de pau e muita preguiça. É um absurdo desperdiçar o Alex Maleev numa história tão besta e despropositada. Em Infamous Iron Man, colaboração anterior da dupla, pelo menos havia uma história decente a se ler, apesar de enrolada. Aqui é irmão da Lois que aparece sem peso nenhum porque há dois meses já tinha rolado o spoiler em Justice League (que saiu antes do que deveria, cronologicamente falando), e é trololó sem fim onde os personagens ficam falando besteira enquanto se desenrola um fiapo de história pelo qual ninguém se importa.
São “os maiores detetives da DC” e só ficam correndo atrás do próprio rabo, um elenco amorfo e sem peso. Um Batman ou um Superman já tinham resolvido tudo em duas edições.
Gente, o Questão fica só no fundo dos quadros fazendo piada.
DAREDEVIL #35
O Zdarsky segue tirando leite de pedra nesse run. Toda vez que parece que a coisa tá caindo de ritmo, ele entrega uma bela edição. Aqui vemos o fim do plot dos clones do Mercenário (que achei corrido, dava pra render mais coisa) e o pedido de casamento do Fisk à Mary Typhoid (nem reclama, não é spoiler se a Marvel já revelou isso tem mais de um mês). Minha única crítica mesmo é à necessidade (?) de transformar o título em quinzenal (extraoficialmente) e prejudicar a arte, impedindo a gente de ter belos encadernadinhos todos desenhados pelo Marco Checchetto – nessa edição temos a arte dos italianos Stefano Landini e Francesco Mobili, e o Checchetto agora só volta pra mini Devil’s Reign, em dezembro.
TASK FORCE Z #1
Que bagunça gostosa esse gibi! Como saber se faz parte da cronologia ou é só mais uma mini em 12 edições na mesma pegada da dos vampiros que acabamos de falar? E veja só, tem o Matthew Rosenberg de novo no roteiro dessa – mas com uma bela arte do Eddy Barrows. Temos o Jason Todd aparentemente trabalhando pro governo numa força-tarefa que usa “resina Lázarus” para reanimar vilões mortos e está caçando outros vilões por motivos que ainda não sabemos.
O Rosenberg é ótimo pra criar mistérios e manter a atmosfera da coisa em seus gibis, gosto disso. A base da Força-Tarefa Z (clara referência à Força-Tarefa X, o Esquadrão Suicida) é cheia de loucuras e plots a serem explorados, assim como a identidade da pessoa no sistema de som e qual a real missão deles. O resto é o Jason protagonista padrão nessas histórias, deslocado e sem entender o que tá rolando. Espero que seja fora da cronologia sim, pro Rosenberg poder aloprar bastante.
MARAUDERS #25
Vou te dizer, ODEIO essas histórias tipo as que o Claremont adorava fazer dos heróis combinando seus poderes de forma bobona pra vencer os vilões (o famoso megazord de poder), mas parece que o Gerry Duggan gostou de fazer isso em X-Men (onde ele já começou fazendo um megazord mesmo, bem sem noção) e andou estudando pra fazer coisas legais. Deixados pra morrer no espaço por um genérico do Lando Calrissian, os Marotos combinam seus poderes pra sobreviver no vácuo e caçar o ladrão numa história que passa rápido, avança pouco, mas vale a leitura pelas resoluções e combinações de poderes que apresenta.
A arte do Phil Noto deixa a dever na grandiosidade da coisa e faz perder um pouco o peso do que tá sendo mostrado, quem sabe se fosse o Matteo Lolli ou o Ivan Fiorelli, desenhistas que já trabalharam bastante no título, teríamos uma experiência bem mais legal de leitura.
S.W.O.R.D. #9
Um dos melhores títulos mutantes atualmente. Apesar do Al Ewing às vezes cair nos claremontismos e ficar naquela babação de ovo besta com a Ororo (não me levem a mal, adoro a personagem, mas é besteira ficar só dizendo “olha como ela é fodona” ao invés de mostrar de fato ela sendo fodona), é muito legal como ele transa toda a parte espacial da editora e faz tudo passar ou ser referido pelo seu título.
Muito legal também a amarração com a Tropa Alfa agora comandada pelo Peter Gyrich, como vimos em seu Imortal Hulk e agora descobrimos estar aliada à Orchis. E a revelação do(a) personagem traidor(a) no final, hein?
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Fico por aqui, cumprindo a promessa! Semana que vem seremos enrolados de novo pelo Bendis em Liga, ficaremos deprimidos com o Tom King em Human Target #1 e começa a chuva de tie-ins de The Death of Doctor Strange, mas temos também Justice League Infinity do J.M. DeMatteis, Dark Ages #1 do Bom Tom e o sempre legal Savage Avengers.