Fragmentos do Horror

4.5

NOTA DO AUTOR

Este é o primeiro review que escrevo de um mangá porque este foi, acredite ou não, o primeiro mangá que li na vida. Sou o nada orgulhoso portador de uma enorme “alergia” a mangá/anime, que já desisti de tentar entender ou explicar. É como meu ranço com música sertaneja. Uma coisa que não acaba. Vocês todos aí, debatendo Dragon Ball, Naruto, One Piece, sei-lá-mais-o-quê, e, pra mim, isso tudo soa como japonês (HA!).

Mais eis que, no Natal passado, resolvi presentear meu sobrinho caçula com esta edição de Fragmentos do Horror, de Junji Ito – apenas e tão somente porque o troço pulava na minha cara toda vez que eu abria o site da Amazon ou o da Saraiva. Pareceu interessante. Peguei numa promoção da Saraiva física do shopping onde trabalho e presenteei ao garoto (termo gentil para referir-se a um marmanjo de 20 anos).

No começo desta semana, quase fim de abril, entro na caverna que ele habita e chama de quarto, e pergunto o que ele achou da leitura. “Não li ainda”, disse ele, entre umas desculpas fuleiras para o fato. Peguei o livrinho na estante e, de fato, ainda estava lacrado. “Vou ler antes de você”, decretei.

É bonito o danado do livro. Parabéns, dona Darkside. São mais de 200 páginas em papel off-set (acho..) e capa dura com verniz “psicodélico”.

“Junji Ito lançou o seu primeiro mangá em 1987 e, desde então, é reconhecido como um dos maiores artistas a trabalhar no gênero de horror. Alguns de seus trabalhos são Tomie e Uzamaki, que foram adaptados para filmes em live-action, e Gyo, adaptado em animação. As influências de Ito incluem mangakás clássicos do horror como Kazuo Umezu e Hideshi Hino, e também autores como Yasutaka Tsutsui e H.P. Lovecraft.”

“Pra quem não lê mangá, esse Marlo saca muito!”, pode pensar um desavisado, mas o texto acima é apenas uma nota da própria editora, ao fim da coletânea.

O horror apresentado em Fragmentos é estranho. Muito parece basear-se nas acepções japonesas de moralidade (nem sempre ligadas ao sexo, mas, sim, algumas das vezes) e qualquer desvio é prontamente punido com dor, sofrimento e/ou morte horrível.

Das oito histórias, minhas favoritas são a do pobre rapaz que tem a cabeça decepada por uma cigana e fica segurando-a no pescoço para que não caia; a da moça que quer, a todo custo, ser dissecada viva; e a história do trilheiro que é resgatado depois de passar um mês na floresta com a perna quebrada e é visitado por uma figura misteriosa (que faz com ele um troço repugnante).

A do maluco do futon e a da escritora que faz sucesso com livros sobre pessoas com tiques são as mais fraquinhas.

O que posso dizer, exceto que gostei de ter “maculado” minhas convicções com esta leitura? Acho pouco provável que, de uma hora para outra, a esta altura da vida, eu me torne leitor assíduo de mangás, mas posso dizer que me sinto mais propenso a repetir a experiência. É sempre bom quando percebemos que nossos preconceitos eram só isso, mesmo.

  

Roteiro: Junji Ito

Arte: Junji Ito

Editor: Bruno Dorigatti

Capa: Junji Ito

Publicação original: 

No Brasil: Darkside, 2017

Nota dos editores:  4.5

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