O mundo cósmico na Marvel e na DC

O filme dos Guardiões da Galáxia (2014) foi um sucesso estrondoso de público e crítica, independente de gostos pessoais, fórmulas cinematográficas e o rumo dado àqueles personagens. Muito se falou que a Marvel finalmente apresentava ao grande público seu lado cósmico, iniciado timidamente em Thor (2011). Verdade. No entanto, os leitores de gibis já conheciam, de uma forma ou de outra, todo esse arcabouço sci-fi da editora que surgiu com o maior título de ficção científica dos quadrinhos norte-americanos: Quarteto Fantástico.

O agora onipresente e mundialmente conhecido Thanos encenou grandes sagas cósmicas que fizerem a cabeça dos leitores nos anos 1970 e 1980. Peter Quill teve arco criado por ninguém menos que Chris Claremont e John Byrne no auge de sua parceria. A “Guerra Krull-Skree” reverbera até hoje. Os próprios Vingadores protagonizaram ou participaram de outras sagas espaciais, algumas pouco lembradas porém maravilhosas, como “Operação: Tempestade Galática”. Mais recentemente, Aniquilação veio e trouxe frescor a esse lado espacial da editora, com grande sucesso e qualidade. Disso tivemos reformulação dos Guardiões da Galáxia antes do filme (quando seriam novamente reformulado) e a presença constante de personagens do segundo escalão da editora que só davam as caras nessas sagas. Os mais marcantes sem dúvidas são o Nova, cuja revista mensal vem e vai de tempos em tempos, e a Capitã Marvel, com seu filme que veio para solidificar a ficção científica da Marvel nos cinemas.

Do outro lado, a Distinta Concorrência às vezes parece não saber o que fazer ou não demonstra qualquer vontade para com seus personagens mais sci-fi. Ok, Adam Strange, um dos mais antigos personagens espaciais da DC Comics, está tendo seus minutos de fama, sendo desconstruído por Tom King e seus tratados de psicologia de boteco. Antes disso, o protetor de Rann teve duas minisséries (apenas uma saiu aqui) e fica relegado a ser coadjuvante de luxo quando a Liga da Justiça sai da Terra. Mais recentemente ele vem dando as caras como alívio cômico na revista do Superman escrita por Brian Michael Bendis. A força policial intergalática, com altas doses da mais hard ficção científica, tem uma tara incomum com o planeta Terra, esquecendo de patrulhar outros planetas do setor. Parece aquela ronda policial de bairro de classe média alta. A ideia do Lanterna Verde em si é riquíssima, mas a DC Comics parece mais interessada em deixá-lo como mais um herói na Terra, que às vezes precisa dar uma voltinha no espaço sideral.

Mas há esperança.

O Lanterna Verde de Grant Morrison explorou mais o espaço, outras dimensões e universos. Gavião Negro de Robert Venditti, mesmo usando Carter Hall, o Hawkmanmístico”, tem passado muito tempo no espaço e nos planetas mais conhecidos do Universo DC. Far Sector, uma excelente surpresa, mostra uma nova Lanterna Verde em uma parte até então desconhecida do Universo DC. E, você gostando ou não do sujeito, precisa admitir que Brian Bendis está fazendo muito pelo sci-fi espacial da DC, com a nova revista da Legião dos Super-Heróis, dessa vez com versões ainda mais alienígenas dos integrantes. E nem falamos do Quarto Mundo e toda arcabouço cósmico criado pelo Rei Jack Kirby!

A verdade é que já foi provado e comprovado que super-heróis e histórias espaciais ou cósmicas funcionam muito bem juntos. Seja em dramas existenciais como a saga de Adam Warlock nos anos 1970 ou as desventuras do Surfista Prateado em vários pontos de sua existência, seja em ação, guerras intergalácticas, desespero ou esperança, até mesmo humor, como sempre vimos nas diversas fases/encarnações da Legião ou sua contraparte marvelística, a Guarda Imperial Shiar.

Por sinal, enquanto falamos sobre isso, um novo megaevento explode nas páginas dos gibis Marvel nos EUA. Empyre, estrelada pelo Quarteto Fantástico, os Vingadores e o filho do Capitão Mar-Vell, o Hulkling dos Jovens Vingadores, inova mostrando uma aliança dos Krees e Skrulls contra os também aliens Cotatis, mostrando que sempre será possível produzir tramas embasadas na riqueza dessas mitologias espaciais, mas buscando algo novo, atualizado e, principalmente, divertido. Afinal, o espaço é tão limitado quanto a nossa imaginação. E as histórias, tão numerosas quanto as estrelas…


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