A nova superfamília da DC Comics

Respire fundo, porque esses três primeiros parágrafos serão dose pra leão!

Para muitos, a malfadada saga Convergência, publicada por aqui no início de 2016, só serviu para duas coisas: para a DC Comics mudar seus escritórios (de Nova Iorque para a Califórnia) e como “ponto de partida” para a fase seguinte, DC e Você (que também durou pouco e cá estamos nós, no Renascimento). Graças ao planejamento amalucado da Panini (nem sei se podemos chamar isso de “planejamento”), uma das melhores coisas de Convergência só saiu aqui bem depois: Superman – Lois e Clark. Se você lembra, durante Convergência, o Superman pré-Novos 52 apareceu, do nada, com sua esposa Lois Lane grávida.

Isso tinha tudo para gerar uma bagunça sem fim, visto que o Superman dos Novos 52 não se dava muito bem com a Lois Lane daquela “Terra” e, para completar, Kal-El namorava com a Mulher-Maravilha. Então, se Convergência prometeu ser uma grande homenagem à Crise nas Infinitas Terras, conseguiu homenagear toda bagunça cronológica que a Crise tentou arrumar!

Agora tínhamos dois Supermen: um barbudo, casado e com um bebê de colo (Jonathan Kent, o filho do casal, nascido durante Convergência cujo parto foi feito por ninguém menos que Thomas Wayne. Isso mesmo, o pai de Bruce Wayne, Doideira, né?) e o outro zé-mané dos Novos 52, que era odiado por sete entre dez pessoas que lia o gibi. Imediatamente após o fim da saga, a DC lançou essa nova revista – a citada Superman – Lois & Clark – contando as aventuras da nova família, escrita por Dan Jurgens, sim aquele mesmo cara que comandou a revista do Superman por vários anos na década de 1990! (Ele não é o único “das antigas” por lá: o Lee Weeks e o Scott Hanna também estavam nessa.) É muito déjà-vu em apenas três parágrafos, Jesus amado!

Pois bem, esse gibi ainda não saiu todo por aqui: a Panini só lançou o primeiro encadernado, em setembro de 2016, com oito edições. E qual o problema nisso? A princípio, nenhum. Se você sobreviveu a toda essa salada, não deve ter se incomodado muito com as mudanças drásticas do Renascimento: o Superman Novos 52 morreu da forma mais patética possível e o barbudo pré-Novos 52 assumiu “seu lugar”. Em suma, o reboot de 2011 não serviu pra porcaria nenhuma!

Se você não leu Superman – Lois & Clark, não deve ter entendido muita coisa dessa nova fase; mas, também, deve ter percebido que não está fazendo lá muita falta (mas se registre: Superman – Lois & Clark é um belíssimo gibi). Clark Kent já tirou a barba, Lois já está fazendo suas investigações jornalísticas e o pequeno Jon não é mais uma criança de colo. A família mora no condado de Hamilton, quase 500 quilômetros de Metrópolis.

Após essa longa, confusa e desnecessária introdução, vamos ao que interessa: exaltar a família do Superman. Se você está acompanhando as mensais da Panini, já viu que Peter Tomasi, o homem responsável por dar cabo do Superman Novos 52, assumiu os roteiros de Superman, enquanto o veterano Dan Jurgens ficou com Action Comics. Jurgens meio que vem dando sequência ao seu trabalho, tentando encaixar esse velho Clark nessa nova DC, arrumando um emprego para Lois e tendo que explicar como diabo temos um outro Clark Kent se o Superman morreu! Sim, esse começo está mais confuso que esse texto. Mas persista, que o negócio melhora.

Enquanto Jurgens mexe nesse vespeiro, Tomasi está destrinchando o relacionamento familiar dos Kent, sobretudo dando uma boa ênfase no pequeno Jon. Amigos e amigas, o filho de Clark e Lois é um fofo! Tomasi é um daqueles roteiristas que eu adoro, que eu coloco na prateleira Mark Waid: sabem fazer gibis mensais muito bem temperados; são os caras que fazem essa indústria andar, porque não vivemos de clássicos definitivos em capa dura todo mês. Como o pau tá quebrando lá em Action Comics, Tomasi pode se dedicar mais ao relacionamento familiar dos Kent em Superman e, nisso, ele é craque. Você leu Batman & Robin dele, num foi? Então, sabe do que estou falando.

Num episódio dos 7 Jagunços, eu falei que o Jon será o responsável por colocar o Damian (o filho do Batman) nos eixos, já que o menino é impossível e Bruce Wayne não tem lá muito tempo. E o que tem haver isso com a conversa? Porque o Tomasi assumiu os roteiros de outro gibi, que já estava anunciado desde as primeiras notícias do Renascimento, mas que só agora chegou as bancas (lá fora): trata-se de Supersons, uma revista protagonizada pelos filhos dos maiores heróis da DC Comics.

Enquanto em Superman nós vemos o Jon no seio da família, conhecendo seus poderes e aprendendo a utilizá-los sob a tutela de um pai presente, paciente e inspirador, em Supersons nós temos a oportunidade de vê-lo agindo como uma “criança normal”. Pense num endiabrado Damian, neto de Ra’s Al Ghul, criado pela Liga dos Assassinos, arrogante, prepotente e absurdamente inteligente, INFERNIZANDO o pobre Jon, que é um poço de ternura, simplicidade e, principalmente, inocência. Essa mistura explosiva e dinâmica, bem ao estilo filme da Sessão da Tarde oitentista, você já sabe onde vai parar, né? O aprendizado que um trará para o outro, as brigas, a união, o fortalecimento da amizade. E mesmo que você não soubesse disso, não tem problema: Peter Tomasi já deixou claro desde o começo – mas não soa saudosista, caso esteja pensando isso – e é exatamente isso que ele está entregando aqui. É um gibi leve, acima de tudo.

De graça, você ganha uma divertida abordagem – ainda que bem sutil e periférica – da relação mais clássica dos gibis de heróis: Batman e Superman. Como ainda estamos bem no começo, isso só foi pincelado. Mas pode levar a desdobramentos bem divertidos e inusitados.

Enquanto Supersons não chega por essas paragens – e torço honestamente para que a Panini publique -, você pode ir se deliciando com essas histórias familiares dos Kent. Enquanto as coisas não vão se resolvendo e os mistérios não são solucionados em Action Comics, acompanhe as histórias de pai e filho, em momento de grande aventura ou somente passeando pela feira agropecuária do condado. Muito se cobrou de uma abordagem mais pé no chão do Superman e muito foi feita da maneira mais patética possível. Essa é sua chance de ler boas histórias sem perder o referencial que fez o status do personagem e ainda se divertir muito com isso. Não tenha dúvidas.

Por fim, só um pedido: Panini, publique Supersons por aqui e use sempre as capas variantes do Dustin Nguyen!

 

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