Eu não acredito que estou lendo Venom!

Há duas semanas, estava no centro de Sapucaia do Sul e, entre ida e vinda, resolvi passar na única banca da cidade, para descobrir o que tinha de bom. Entro na banca e me deparo com nada menos que 5 encadernados no Venom e, automaticamente, lembro que o gibi elogiadíssimo de Donny Cates havia chegado no Brasil. Corro até o atendente, e ele diz que o único esgotado era exatamente o gibi do Venom sobre o qual eu tinha curiosidade.

Os dias passam e acabo pegando para ler Silver Surfer: Black e topo com uma história bastante viajada e cheia de nuances interessantes. Um texto denso e intrigante e me deparo de novo com mais elementos de Venom nela. Então, chego a conclusão: “Eu vou ler essa caralha!” e compro ela digital. O problema é que mesmo o personagem sendo um bucha de marca maior, eu acabo apaixonado pelo gibi escrito por Cates e com arte de Ryan Stegman.

Sim! Eu estou apaixonado por um gibi do Venom! Sim! Desculpe, pai dos quadrinhos! Eu estou no pecado e adorando ele! EU QUERO MAIS!

Minha convivência com o Homem-Aranha estava bem mais ligada ao Peter Parker e ao Miles Morales. Ambos sempre me representavam de alguma forma. Você sempre conseguiu criar empatia com vários dos vilões do cabeça de teia, mas o Venom era um personagem muito bidimensional. Apenas um extraterrestre simbionte que tomava o corpo de pessoas e que tinha a meta de matar o amigão da vizinhança. Quando Venom foi criado, eles queriam um grande nêmesis para o personagem e conseguiram fazer dele um bucha com uma arte muito rebuscada e nada de profundidade além do “EU VOU MATAR O MIRANHA”.

O intrigante é que a Marvel tentou emplacar o Venom de todas as formas possíveis desde sua criação: primeiro, era um grande vilão, depois tentou virar um anti-herói, foi dos Thunderbolts, virou Guardião da Galáxia, voltou a ser vilão… Enfim, nada dava certo pro personagem até encontrarem Donny Cates e sua genialidade para fazer algo diferente com o personagem. Cates simplesmente reinventa tudo em torno do simbionte e cria uma trama bem complexa, nos relembrando que não existe personagem ruim e, sim, personagem mal-trabalhado.

Cates e Stegman, em um encadernado, mostram que você não precisa de fórmulas cheia de títulos e coisas para entregar uma boa história, basta explorar o que já estava no personagem. Estava tudo lá, o simbionte é um ser extraterrestre, um tipo de parasita, algo que já foi usado por muitas pessoas no Universo Marvel. Então, por que não explorar a mitologia, o motivo de o simbionte que é usado por Eddie Brock para se transformar em Venom ter várias particularidades, o que isso tem a ver com o Carnificina, quem é Knull, o deus dos simbiontes…?

Em poucas edições, Cates entrega uma história imersiva e que você não consegue parar de ler. Com vários clichês de gibis de herói, óbvio, porém, excelente para qualquer leitor. Se você nunca leu o Venom, ele pega uma edição e explica o que é o simbionte, de ontem veio, quem era o seu deus, porque o Thor está envolvido na luz que fez alguns desse seres saírem das garras do seu deus. É uma história intrigante.

A arte de Stegman é algo fora do comum nas HQs. Ele aproveita a estética anos 90 e eleva seu traço, misturando tudo que pode de trabucos e seres musculosos, aproveitando de toda a descrição bastante explícita e violenta de Cates. Uma química interessante entre dois artistas jovens dentro dos quadrinhos e que despontam como destaques da Marvel, entregando uma mudança de um personagem digna do que Alan Moore fez com o Monstro do Pântano.

Já comparam o Venom com Watchmen e até Alan Moore entrou na brincadeira… Se tem capa do Dave Gibbons e benção do mago de Northampton, pra mim, já basta.

É. Estou perdidamente apaixonado por Venom. Desculpa aí. #paz


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