Acabei de Ler #11

THE BATMAN’S GRAVE #3

Morcego investiga um crime, Alfred serve ao Morcego com suporte, informações e toda sua perspectiva privilegiada, ocorre um confronto entre o Morcego e um capanga, os fatos e evidências levam o Morcego a uma conclusão. Tudo muito mecânico ou simples, alguém poderia dizer? Aí que está a proposta de Warren Ellis. Por tudo que conhecemos dos roteiros do sujeito, era perfeitamente previsível que ele viesse com uma abordagem experimental, fora da caixa, inovadora, quebrando paradigmas e etc e tal. E é o que está acontecendo. Ellis está transgredindo ao não transgredir. Quem diria que o autor de tantos gibis singulares nas últimas três décadas faria, em 2019, histórias do Batman que beiram o superficial? Mas, que fique claro, tem toda uma uma sobreposição de camadas e sutilezas e “estudos” sobre a mitologia do Batman, nos diálogos entre Bruce Wayne e Alfred, na forma como os dois interagem, entre si e com sua missão de combate ao crime.

Claro, como os criminosos de Gotham reféns de seus próprios modus operandi, Warren Ellis também não consegue evitar de usar suas marcas registradas nos roteiros. O uso de gadgets/dispositivos de comunicação modinhas do momento E o absurdo nível de conhecimento sobre ciência pop, no caso dessa edição, de química avançada utilizada como arma. É o bom e velho bastardo que conhecemos, mas em uma fase tão madura e segura de sua carreira que, usando da simplicidade, consegue produzir aquilo que realmente interessa e precisamos hoje: histórias sobre o personagem e sua mitologia. Warren Ellis não precisa mais berrar nos roteiros “VEJAM, SOU EU QUE ESTOU ESCREVENDO”. Agora ele se permite ficar nas sombras e deixar que os personagens falem com os leitores.

NEW MUTANTS #3

Ao longo de décadas, a Marvel criou levas e mais levas de “novos mutantes”. Adolescentes que vinham pros holofotes e logo depois saiam de cena dando lugar pro grupo seguinte. Agora resolveram juntar a cambada toda em uma série, o que é uma decisão lógica. Os primeiros, a equipe literalmente designada como Novos Mutantes, já apareceu. Agora foi a vez de uma turma intermediária ocupar uma edição inteira. Alguns dos personagens dos anos 2000, que tiveram certo destaque, reunidos em uma trama mais ligada ao cenário atual com as medicações milagrosas de Krakoa. Isso é bom, permite que cada geração de leitores também possa ver ou rever seus  mutantes preferidos, além de criar a possibilidade de interações as mais diversas, quando decidirem juntar, por exemplo, a Geração X com os adolescentes que andavam com Hope Summers, no pós-Decimação. Historinha simpática, bem qualquer nota.

FALLEN ANGELS #3

Tá faltando alguma coisa em alguns desses gibis mutantes. Pois a exemplo desse Fallen Angels, temos todos os elementos esperados e propostos pela fase “Dawn of X”: resgate de personagens, novos conceitos, o status quo de Krakoa interferindo nos eventos, a histeria antimutante… Mesmo assim fica a sensação de que a amarração disso tudo é falha. Se a ideia era não prender demais a tudo que foi mostrado em House of X/Power of X, deixando cada nova mensal com um tom individual, a execução não está sendo das melhores.

Sim, é uma história no mínimo razoável. Só que nem está lá, nem cá. Você espera e quer que seja uma coisa ou outra e acaba não sendo ALGO. O que é uma pena, pois o roteirista Bryan Hill claramente tem uma história e uma voz bem definidas pra essa série. E onde está o problema? Possivelmente, o maior inimigo dos mutantes esteja agindo novamente: o editorial.

X-FORCE #3

Definitivamente, o ritmo nessa série está fora do compasso. Parece que estamos acompanhando duas ou três narrativas distintas que estão em velocidades desiguais, mas que querem nos convencer de que estão sincronizadas. Enquanto Logan e Quire resgatam Dominó (algo que obviamente ocorre em um espaço de horas), em Krakoa acontece a ressurreição de Xavier (que em tese levaria dias), ao mesmo tempo em que no restante do mundo a imprensa e a opinião pública especulam e exigem respostas sobre os boatos do assassinato do Professor, mas, ei, de volta à Krakoa tem toda a subtrama do IML Mutante e da figura sombria que mata o único mercenário sobrevivente. Tudo muito mal narrado. Ainda tem página de relatório que comprime mais ainda os eventos, descrevendo a suposta autodestruição dos corpos dos mercenários, a morte do Curandeiro e sua ressurreição. Que negócio troncho!

E isso tudo acaba estragando uma subtrama muito boa, a de que talvez tenha sido algum mutante em Krakoa que planejou todo o ataque e execução de Xavier. Vou nem falar da arte, que coisa medonha pra um gibi X. Tem um painel em que a Jean Grey parece o Faísca, da Legião Jovem de Jack Kirby, usando peruca e máscara. Que presepada!

HAWKMAN #19

E quase dois anos depois, Shayera, a Mulher-Gavião, aparece na nova mensal do Gavião Negro. Depois de tanto tempo, de tanta enrolada envolvendo as loucuras de Scott Snyder na Liga da Justiça com as duas versões da mulher, Kendra e Shayera, agora é a vez de Robert Venditti tentar a sorte com uma das melhores e mais sofridas personagens da DC. Sendo que o autor já estabeleceu que ela provavelmente é a reencarnação da entidade ruiva que botou a primeira versão do Gavião, o tal Ktar Deathbringer, em um caminho de redenção lá nos primórdios dos tempos. Só que o reencontro dos dois tá complicado, Carter Hall está sob domínio de uma versão maligna de si mesmo, da Terra 3, chamado Sky Tyrant, por conta das ações do Batman Que Ri, com seus Infectados, um punhado de heróis transformados em versões malignas no evento “Year of the Villain”. Ai, ai. O povo tem mesmo uma obsessão com isso de complicar os Gaviões, hein?

ANNIHILATION SCOURGE: BETA RAY BILL

Com a maior boa vontade, dá pra considerar essa edição simpática, bobinha, algo assim. Basta você saber que a marreta do Bill Raio Beta é a protagonista moral da história, lá pelo final da bagunça. Arte feiosa.

ANNIHILATION SCOURGE: SILVER SURFER

O melhor capítulo da saga, até o momento. E não é de se espantar, já que o roteirista Dan Abnett é um dos responsáveis pelas grandes histórias da Marvel Cósmica nos anos 2006 a 2011, junto com seu parceiro na época, Andy Lanning. E nessa edição protagonizada pelo Surfista Prateado (embora esteja com sua cor mais pra o preto metálico, devido à uma saga ainda inédita no Brasil), o que se vê é uma história honesta, até simples, mas feita com uma elegância e segurança nos roteiros que dá gosto de ler.

O Surfista acaba tendo contato direto com a ameaça que assola a Zona Negativa, parte para investigar, enfrenta sua cota de inimigos e, ao final, encontra com um personagem crucial para a trama toda. O que acontece nas páginas finais é gibi puro, coisa que deixaria qualquer pivete leitor, digamos, na década de 1980, empolgadaço de um jeito que talvez hoje em dia não seja mais possível. Ou, sei lá, talvez seja possível. sim.

A arte é um espetáculo à parte, quem é esse tal de Paul Davidson, alguém me diga?!?! O sujeito consegue desenhar tecnologia, efeitos cósmicos gibizísticos, aliens de vários tipos, ação e momentos mais “pessoais”, tudo com uma energia que salta da página. E tudo isso sem ser exatamente homenagem à nenhum artista medalhão. Se todos os capítulos desse evento tivessem sido entregues pra essa dupla criativa, teríamos mais uma saga cósmica clássica. Mas tá bom, mesmo não estando tão bom quanto poderia.


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