Cerca de um ano atrás falei sobre esse começo do selo Black Label da DC Comics. Lá dou uma resumida no que é o selo e como ele nasceu – e porque larguei de vez esse troço. Não me arrependi e nem voltei, apenas vi uma notícia de mais um lançamento e uma coisa de chamou atenção: mais um gibi do Batman. Na hora me bateu uma curiosidade e fui no DC Database conferir o que saiu até o momento no selo. Para efeitos do que será exposto, considerei apenas os lançamentos originais, excluindo o Sandman Universe e o que foi publicando pela editora antes e saiu agora com a tarja Black Label.
São 22 títulos publicados, incluindo o que gerou minha curiosidade: Batman: Reptilian. Treze no universo do Batman, sendo oito com Batman no título. Abaixo a lista para matar sua curiosidade:
Batman: Damned
Batman: Last Knight on Earth
Batman: Curse of the White Knight
Batman: Reptilian
Dark Knight Returns: The Golden Child #1
Batman/Catwoman
Batman: The Smile Killer #1
Batman: Three Jokers
Harleen
Joker/Harley: Criminal Sanity
Joker: Killer Smile
Harley Quinn and the Birds of Prey
Birds of Prey (Volume 4) #1
Superman: Year One
The Last God
The Question: The Deaths of Vic Sage
Wonder Woman: Dead Earth
Strange Adventures
Hellblazer: Rise and Fall
Rorschach
American Vampire 1976
Sweet Tooth: The Return
Ou seja, mais da metade se passa ao redor de Gotham. Sendo mais específico, 36% do material tem Batman no título (incluindo Dark Knight Returns: The Golden Child). Como vou apelar para a questão da criatividade nessa indústria, perceba que dos vinte e dois títulos, apenas UM (The Last God) é original, sendo os demais histórias de personagens estabelecidos ou ressuscitados numa roupagem dita adulta. Não vou chamar a Vertigo na conversa, posto que o selo foi extinto de vez e o Black Label meio que entrou no seu lugar.
É negócio, claro, e os caras precisam vender, óbvio. Então tome Batman, Superman, Mulher-Maravilha e até Rorschach porque Alan Moore não terá paz. No entanto, a Vertigo também vendeu muito e ainda vende, basta ver que segue sendo reimpresso, agora com outro selo. E boa parte desses personagens possuem revistas mensais, em alguns casos mais de uma, ou tiveram seus títulos encerrados a pouco. Mas o público quer vê-los numa outra abordagem. Quem cresceu e não tem mais saco para mensais vai se encontrar aqui.
Me pergunto se quando você enche o saco de mensais (e acontece com qualquer um), é porque você encheu o saco do formato ou porque já leu tanta coisa do Superman que já deu? Então vamos dar uma chance e ler apenas uma minissérie em quarto partes da Mulher-Maravilha no fim do mundo. Uma coisa nova, contada de um jeito adulto e com uma arte linda (ao menos nesse caso). Mas ainda é uma história da Mulher-Maravilha.
O Batman, por sua vez, virou o personagem mais coringa (calma) de todos. De umas décadas para cá, absolutamente tudo pode ser feito com ele, todo tipo de narrativa se encaixa na “proposta” do personagem – ou no que sobrou dela. Ficou fácil e todo mundo quer escrever algo do Batman – de preferência, recontando a origem pela enésima vez. E vende de todo jeito, é claro. Tem mensal a rodo, especial, minissérie, reimpressão, saga, participação no gibis dos outros e agora tem todo tipo de história para um público adulto que cansou de todos esses outros tipos. Mas ainda quer ler o Batman. Então por que não ler a mensal? Com tanto título saindo no Black Label, é capaz de você ler Batman, veja só, todo mês. E se você quer coisa esdrúxulas com o personagem saindo da mesmice, sinto decepcionar: passa na mensal do cara para ver uma coisa.
Não é espantoso para mim um terço dos lançamentos serem de um único personagem. É espantoso ter apenas um mísero título inédito. Obviamente tem outra questão por trás: a DC ferrou o contrato com escritores e artistas e os caras não tem o menor interesse em lançar material inédito e próprio por lá. Há opções melhores no mercado e lá sim você conseguirá se livrar das mensais do jeito que está pensando. Mais fácil fazer o nome e ficar conhecido com mais um gibi do Batman.
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