Homem-Animal: Carne & Sangue

3.5

NOTA DO AUTOR

A tarefa não era das mais gratas: continuar o título do Homem-Animal após a saída de Grant Morrison, que fechou sua passagem com um dos grandes momentos dos quadrinhos americanos de super-heróis, aquele onde o autor se insere na história, em um longo bate-papo com Buddy Baker.

Peter Milligan tentou emular algo de Morrison no arco Nascido para Ser Selvagem, mas chutou na trave, como diz o outro. Em seguida, Tom Veitch trouxe novos elementos à mitologia do personagem, porém de uma forma um tanto bagunçada que, se não foi satisfatória em seu encerramento, ao menos apontou novos rumos para o Homem com Poderes Animais e grande elenco.

Foi coisa de 2 anos até alguém acertar o tom da revista. Jaime Delano, que havia deixado Hellblazer, assumiu a partir do número 51, trazendo a pegada de horror e sobrenatural que já lhe era característica. E funcionou, como se pode ver no arco inicial Carne e Sangue, publicado no início deste ano pela Panini e que compila as edições 51 à 56 de Animal Man.

Delano, ao lado do desenhista Steve Pugh, introduziu o conceito do “Vermelho”, uma dimensão que representa o mundo animal, inspirado pelo “Verde” criado por Alan Moore, enquanto escrevia o Monstro do Pântano. E as semelhanças com a passagem de Moore por Swamp Thing não param por aí: assim como o avatar do “Verde” renasceu em Lição de Anatomia, o Homem-Animal passa por algo similar ao morrer e voltar à vida em um processo que parte de um piolho até ressurgir de um ovo como um híbrido de vários animais.

Jaime Delano não se preocupa em fechar as pontas soltas deixadas por Tom Veitch, a não ser o desaparecimento de Cliff, que é o mote pra este run. A história tem início com Buddy, a esposa Ellen e a filha Maxine vivendo em uma fazenda, enquanto o filho Cliff mora com um tio. Buddy decide procurar Cliff e acaba sendo atropelado pelo tio Dudley, iniciando um ciclo que o levará à descoberta do “Vermelho” e a uma nova percepção de suas habilidades. Ao mesmo tempo, o escritor trabalha a tensão sofrida por Ellen, a crença de Maxine de que o pai ainda está vivo e a convivência entre Cliff e o tio, um adorador da morte que tenta incutir seu modo de vida no garoto.

Os desenhos de Steve Pugh, que retornaria à revista no reboot da editora de 2011, só acentuam ainda mais a proximidade deste arco com o terror. Seu traço é sujo e com arte-final pesada, distanciando o título do gênero de super-heróis, e casa perfeitamente com o texto de Delano, sobretudo nas passagens que envolvem o “Vermelho” e onde Buddy repensa sua existência e seu lugar no mundo. O artista tem soluções inventivas para várias cenas e sabe equilibrar o cru e algo de cartunesco na representação de alguns personagens, lembrando um tanto Richard Corben em certos momentos. Fechando a equipe criativa, Brian Bolland continua entregando capas sensacionais que complementam a experiência de ler Carne e Sangue.

O autor inglês escreveu Animal Man até o número 79, sendo que na edição 57 a revista passou a integrar o selo Vertigo. A Panini já sinalizou um próximo encadernado, então, ainda há muito a aproveitar dessa fase que deu uma nova e rica abordagem ao personagem.

 

  

Roteiro: Jaime Delano

Arte: Steve Pugh

Editor: Tom Peyer

Capa: Brian Bolland

Publicação original: Animal Man: Flesh and Blood (#51-56)

No Brasil: Fevereiro de 2017

Nota dos editores:  2.8

 

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