Pátria Armada: Visões de Guerra

Pátria Armada: Visões de Guerra é uma coletânea organizada por Klebs Junior, do Instituto HQ, que foi financiada pelo Catarse, lançada na CCXP 2016 e que agora vai pras bancas de todo o país. Klebs convidou mais de 50 artistas, entre eles Zé do Caixão, Laudo Ferreira, Marcatti, Felipe Folgosi, Orlandeli, entre muitos outros.

As histórias da coletânea se passam no universo de Pátria Armada, uma mini-série lançada entre 2014 e 2016. A série propõe uma realidade alternativa na qual o governo de João Goulart resiste ao golpe militar, dando início a um conflito aparentemente interminável. A partir disso, o país se desenvolveu e tornou-se uma potência militar, mas politicamente dividido, entre os legalistas, que eram contra o golpe, e os federalistas, grupo a favor do golpe. No decorrer dessa guerra, houveram dois ataques com bombas químicas experimentais. Mais de meio milhão de pessoas morreram e uma onda de doenças genéticas e infertilidade pelo país. Mas isso resultou também no nascimento de cerca de 50 crianças com habilidades paranormais.

O maior mérito, tanto da mini original quanto desta coletânea, é mostrar que é possível contar histórias de guerra/super-heróis utilizando um contexto histórico brasileiro. Mas essa edição especial, por se tratar de uma coletânea, sofre com altos e baixos, afinal, são quase 40 histórias de mais de 50 artistas diferentes!

Algumas histórias são lindamente roteirizadas e ilustradas; outras, nem tanto; mas, no geral, o saldo é positivo. Não cheguei a ler a mini que deu origem ao universo de Pátria Armada e talvez isso tenha prejudicado um pouco o meu entendimento de algumas histórias, ou até mesmo reconhecer os personagens.

Com 188 páginas, o projeto editorial é excelente, assim como a impressão, principalmente por se tratar de uma editora pequena. Algumas histórias da coletânea são coloridas, o que dá um charme a mais. Outro destaque da edição é algo que só coletâneas podem proporcionar: a mistura de traços e roteiros! Desde algo mais cru, como o traço de Henrique Kipper, até algo mais fofo/caricato, como o traço do Custódio Rosa. No modelo que o Klebs propôs para essa edição, isso funciona bem.

Um dos destaques da edição é a história “Alipaba”, com roteiros de Raphael Fernandes e arte de Clayton Inloco, que conta a origem do Guari, um índio com poderes elétricos e um dos principais personagens do universo de Pátria Armada. Outro destaque é a arte estupenda de Pedro Mauro, que ilustra o roteiro de Eric Peleias. A arte suja dele se destaca das outras na revista.

Além das histórias mais aventurescas, alguns autores aproveitam para fazer paralelos com a situação política atual do Brasil, como é o caso de Bira Dantas, que usa os personagens para abordar a briga entre “mortadelas e coxinhas”. Outro artista que se destaca é MJ Macedo, que desenha maravilhosamente bem a história de Igor Oliveira. E o gibi fecha muito bem com o Adão Iturrusgarai.

Pátria Armada: Visões de Guerra é um belo apanhado do que os quadrinistas brasileiros são capazes. Caso não ache a edição na banca da sua cidade, você pode comprá-la AQUI.