Físico x Digital: ainda um debate válido

O último Pilha de Gibis tratou desse assunto; antes, já falamos da investida da Panini nesse mercado digital. O debate é longo, tem defensores de ambos os formatos e muitos oscilam entre um e outro. A grande vantagem é que, até onde acompanho, ninguém quer convencer ninguém de nada, não está polarizado como tudo nesse país, nem virou uma guerra maluca. E nem tem pra quê! A questão, penso eu, passa mais por um maior acesso (no caso, mais publicações) ao digital e uma qualidade condizente com os preços no físico. No citado Pilha de Gibis, o Igor Tavares falou algo importante: no caso de gibis digitais, os problemas editorais que cansamos de ver no físico continuarão, excetuando a distribuição e, tomara, o preço.

Em muitos casos, o problema nem sempre é (a falta de) espaço, como foi apontado no podcast. Falei várias vezes que o meu problema foram constantes mudanças de cidade e toda dor de cabeça que isso traz – acabou que o problema do espaço foi resolvido; agora, tenho vários gibis entulhados em várias casas diferentes, em cidades diferentes. No entanto, o preço extorsivo e injustificável na maioria dos casos, os atrasos eternos, as tiragens ridículas e toda dor de cabeça que virou ir à uma banca comprar um gibi facilitou e muito minha vontade de migrar cada vez mais para o formato digital.

Estou na turma que só compra físico mediante uma promoção muito, mas muito atraente (coisa que não aconteceu na última Black Friday). Os grandes clássicos, Marvel e DC, eu tenho todos físicos (ao menos os que me interessam. Não tenho Guerras Secretas, Batman: Silêncio ou XMen: Inferno, por exemplo) – muitos em dois formatos, um antigo, mais sambado, e outro em capa dura, porque agora é inevitável. Mensal eu não compro faz tempo e até esses encadernados baratinhos em capa cartão, cada vez mais raros, pego quase nada. Regular mesmo, apenas mangás, que tem a vantagem de ter um fim não muito longo em alguns casos.

Mediante a resistência da maioria dos leitores (e as razões são todas válidas), as editoras parecem confortáveis em ignorar o formato digital, até mesmo aquelas menores, com títulos sem muito apelo ao grande público. Não entendo das engrenagens, claro, mas se todo processo é feito digitalmente, qual a grande dificuldade em publicar também nesse formato? No mínimo, resolveria problema de catálogo – melhor ler num formato que você não gosta/tem resistência/não está acostumado do que não ler, não é verdade? Ou pagar uma fortuna pelo material. Em resumo, independente da preferência dos leitores, não termos praticamente nenhum gibi lançado em formato digital (excetuando os webcomics, obviamente) a essa altura da vida é mais revelador sobre nosso mercado editorial do que sobre nossas preferências de consumo.


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