Fora da Pilha #04

E aí, pessoal!

Na última coluna, falei um pouco sobre a dificuldade que tenho em dar vazão a todos os meus hobbies e como a pilha de gibis/série/jogos/podcasts não para de crescer. Falei um pouquinho sobre meu TOC de ler as coisas na ordem de compra. Hoje vou me aprofundar um pouco mais nesse tema.

Desde pequeno, sempre gostei de tentar catalogar minhas coleções. E sempre gostei de colecionar coisas. Comecei com chaveiros, depois latinhas e mais recentemente funkos (falamos mais sobre isso no Pilha de Gibis #34), e desde sempre gibis. Nos dois primeiros casos, era meio complicado catalogar. No caso dos funkos, eu não vejo necessidade. Mas com os gibis era diferente.

No começo, quando computador era artigo de luxo e internet não existia, eu usava aquelas fichas pautadas, que eram vendidas em qualquer papelaria. Colocava o nome do gibi, série, nome das histórias, argumentista, desenhista e arte-finalista (e depois que Abril começou a creditar, os coloristas), além da publicação original. Obviamente, minha coleção não era do tamanho de hoje, mas dava um trabalho danado fazer isso a mão. Teoricamente, manter o catálogo depois não daria tanto trabalho. Digo teoricamente porque nunca consegui catalogar todas as minhas edições usando esse método.

Com a chegada da internet e depois dos fóruns de quadrinhos, conheci o SICREQ, do Marcelo Areal. Aquilo foi uma mão na roda pra um maluco que era obcecado por organizar a coleção como eu. A interface não era das mais simples, e eu apanhei um bocado pra me familiarizar com o programa, mas com o tempo e as atualizações, ficou tudo mais simples. Mais uma vez, um trabalho do cão para catalogar tudo. E se eu fosse usar todos os recursos do programa, eu poderia colocar uma breve sinopse de cada história, personagens que participaram dela (o que eu fiz por muito tempo), atribuir fotos no cadastro dos artistas, etc. Apesar disso, me divertia muito pegando minhas edições, abrindo uma por uma, pra cadastrar a edição. Depois que toda a coleção tava cadastrada, atualizar ficou bem mais tranquilo, pelo menos por um tempo.

Os problemas com o programa surgiram quando o Areal parou de atualizar. O programa não era compatível com as versões novas do Windows e os problemas com o banco de dados começaram a surgir. E se eu não mantivesse um backup atualizado, sempre que dava um problema ou eu mudasse de máquina, perderia boa parte do trabalho. Quando isso começou a acontecer, resolvi utilizar uma ferramenta que havia surgido há pouco tempo: o site Guia dos Quadrinhos. Ele permitia que o usuário cadastrado catalogasse sua coleção, utilizando um banco de dados que era alimentado pelos próprios usuários. Mais uma vez, um trabalho danado pra colocar toda a coleção, mas que valeu a pena. Uma das grandes vantagens do site é que por ser online, você poderia conferir em qualquer lugar se uma determinada edição estava ou não na sua coleção. Durante muito tempo usei os dois métodos como catálogo da minha coleção. O problema é que eu estava acumulando as revistas para cadastrar no SICREQ, já que eu só cadastrava lá quando terminava de ler, e no Guia eu colocava assim que comprava. Num dos problemas de banco de dados do SICREQ, resolvi abandoná-lo de vez.

O Guia está me servindo muito bem desde então. Pra ficar perfeito, faltam duas coisas, na minha opinião: 1) cadastro na coleção de edições importadas, que já constam no banco de dados do site, mas ainda não está disponível para cadastro para todos os usuários, apenas para os apoiadores do seu projeto de financiamento coletivo; e 2) um aplicativo para smartphones, que facilitaria muito a consulta da coleção, além do cadastro. Acredito que esse segundo item em breve será resolvido.

Voltando ao meu TOC por listas e organização, como eu disse na coluna anterior, eu costumo ler os gibis na ordem que eu compro, ou seja, o primeiro que compro é o primeiro que leio. Eu raramente pulo algo dessa pilha, porque isso me força a ler tudo que comprei, ao invés de priorizar algo que eu quero muito ler. Isso soa meio contraditório, eu sei, afinal de contas, teoricamente tudo que compro é algo que quero muito ler, certo? Bom, os vermes colecionadores sabem que isso não é uma verdade absoluta.

Então o que me faz quebrar essa regra que eu mesmo estabeleci? Até pouco tempo atrás, nada! Algumas séries novas que eu gostaria de colecionar eu pegava e colocava na pilha pra ela ser lida na vez dela. Algumas vezes eu me arrependia de fazer isso, porque quando chegava a vez, o gibi não era tão bom assim e eu já tinha mais uns 5 ou 6 números que eu já tinha pago e também estavam na pilha. Portanto, para séries novas eu acabo lendo o primeiro volume e caso eu goste, eu começo a colecionar. Isso acontece principalmente com mangás, como Fullmetal Alchemist (Pilha de Gibis #01), One-Punch Man, Saintia Shô e Dr. Slump (Pilha de Gibis #11). Isso causa algumas coisas estranhas, como o fato de eu ter lido apenas o primeiro volume de Saintia Shô e até o momento que essa coluna é escrita, já saíram 8 volumes. Outros mangás passaram pela mesma avaliação, mas eu não gostei da leitura, como My Hero Academia, One Piece (sim, eu não gostei do primeiro volume) e Knights of Sidonia. Com os gibis americanos acontece o mesmo, principalmente com os encadernados do Renascimento. Os que passaram foram Aquaman, o Novo Super-Man (Pilha de Gibis #14 e review do volume 1) e Hellblazer. Nenhum dos outros foram pra coleção.

A gravação dos podcasts me fazem tirar algumas coisas da pilha também. O caso mais recente foi The Wild Storm vol. 1. O podcast que discutimos essa obra em breve estará disponível aqui no site. The Ghost in The Shell (7 Jagunços #10), Mágico Vento vol. 1 (7 Jagunços #31) e Projeto Manhattan (Pilha de Gibis #13) são outros exemplos. Algumas edições eu acabei gostando tanto que assim que compro eu acabo lendo, como Dr. Slump, Blacksad (Pilha de Gibis #08, Pilha de Gibis #32 e review do volume 1) e Akira (review do volume 1). O engraçado é que não tem nada de mais especial que me faça colocar esses gibis no topo da pilha. E como a pilha só aumenta, deixa eu voltar pra leitura porque os 280 gibis que estão nela (os do topo estão desde dezembro de 2016) não vão se ler sozinhos!

Enquanto isso, na Pilha de Leitura…

Li recentemente Eden vol. 9, de Hiroaki Endou. Esse é o volume que encerra o mangá de ficção científica da JBC e inaugurou o formato big. Com periodicidade bimestral, a série já havia sido lançada no Brasil pela Panini, mas não chegou a ser concluída. A história se passa em um futuro pós-apocalíptico onde um vírus matou 15% da população mundial e mutilou e desfigurou muitos outros. A história contém altas doses de violência e uma boa pitada de sexo, com algumas cenas explícitas.

Os desenhos são relativamente simples, mas muito bonitos. Apesar de ter gostado bastante dessa última edição, minha leitura errática da série acabou prejudicando a experiência. Como eu demorava muito pra ler cada uma das edições, eu acabava lembrando de muito pouco ou quase nada das edições anteriores. Talvez futuramente eu releia a série numa pancada só pra tentar apreciar a verdadeira qualidade do mangá.

Grande abraço e até a próxima!


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