Mulheromem: A História Inserta

3.0

NOTA DO AUTOR

Já há algum tempo, estou querendo fazer reviews de alguns dos gibis que comprei na CCXP 2016 (veja nosso relato aqui, aqui, aqui e aqui), mas a pilha gigante de gibis, as festas de final de ano e outras coisas impediram o post.

Mas, eis que finalmente criei coragem (ou vergonha na cara, diria nosso editor-chefe) e resolvi começar. E vou começar com Mulheromem, escrito por Hector Lima, desenhado por Anderson Nascimento e com tons de cinza da Pri Wi.

Caso você não conheça os autores, o Hector faz parte do coletivo Fictícia e já colaborou com Necronauta e MSP Novos 50, além de escrever Barão Macaco e a excelente Sabor Brasilis (esta última também contemplada pelo ProacSP e também publicada pela Zarabatana). Já Anderson Nascimento foi aluno e professor da Quanta Academia de Artes, além de ter colaborado pra MAD e Dragão Brasil no mercado nacional e Robocop, entre outras, pro mercado internacional.

O gibi conta a história do casal de cientistas Marcus e Monica Morais, que trabalhavam numa plataforma de teletransporte quando são desintegrados. Viajando entre dimensões, eles encontram a divindade masculino-feminina Ometeotl que os reintegra em um único ser, com o melhor dos dois gêneros e pronto pra combater as forças do mal chamado(a) Mulheromem.

Pela sinopse, você já acha que se trata de uma coisa meio esquisita; mas, espere um pouco que a coisa piora: com muita metalinguagem, também é contada a história de um roteirista com bloqueio criativo que tenta entregar um roteiro que está meio embaçado de sair. Além disso, ele está num emprego de que não gosta e frustrado com tudo isso. Mas essa esquisitice funciona muito bem com essa história. As aventuras da Mulheromem têm um quê de filme trash dos anos 70 e as partes no “mundo real” contrastam bem com o nonsense super-heroico, dando um ar bem íntimo pra história.

Os poderes da personagem principal são muito esquisitos. Logo no começo, ele(a) consegue invadir uma estação de TV onde a vilã estava tentando controlar a cidade com uma Flexão Tesuda, pra logo em seguida enfraquecer devido ao conflito masculino/feminino que deixa Mulheromem enfraquecido(a). Logo depois, usa seu Mojo Feromonial pra hipnotizar a vilã. No capítulo seguinte, Mulheromem usa uma mistura de feromônios e antidepressivos para criar uma onda de amor, ou como é dito, uma onda de energia transuda que inunda a cidade e derrota o vilão que usa de depressão pra dominar a cidade.

Os desenhos do Anderson estão muito bonitos e dão o ar certo pro tipo de história que o Hector quis contar.

A história começa a surpreender quando, em certo momento, as duas partes começam a se fundir, dando um ar de quebra da quarta parede e, mais uma vez, abusando da metalinguagem. E o que talvez seja sua maior virtude é, também, seu maior defeito: quando a história engrena e começa a entregar algo realmente muito bom, acaba. A história NÃO tem final. Pelo menos, não nesse volume. Espero que a continuação seja lançada em breve. O “final” desse volume deixa MUITA coisa em aberto.

A edição é complementada com uma galeria de pin-ups por Brendda Lima, Sueli Mendes, Irapuan Luiz e Talles Rodrigues (um dos autores de Mayara & Annabelle, que comentaremos em breve aqui), além de estudos dos personagens pelo Anderson Nascimento.

Enfim, é um bom gibi, mas que não tem final. Ainda não tem previsão do lançamento do volume 2, mas a história tem um puta potencial!

 

  

Roteiro: Hector Lima

Arte: Anderson Nascimento e Pri Wi

Editor: Hector Lima

Capa: Anderson Nascimento

Publicação original: Mulheromem - A História Inserta

No Brasil: Julho de 2016

Nota dos editores:  2.8

 

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